CARTA ABERTA AO POETA E CORDELISTA ZÉ SALDANHA

Amado Mestre Zé:

È difícil falar sobre “Vossa Insolença”! Sim, querido amigo; é difícil “qui só a gôta serena”; pois Natal, o Rio Grande do Norte; o Nordeste, o Brasil quase que por inteiro e parte do mundo; conhecem seu trabalho e seu inestimável valor como poeta, cordelista e preservador de nossas raízes culturais. Sobre isso aí, nesse dia em que o querido MESTRE E AMIGO completa noventa anos de idade; pouquíssima coisa eu tenho para acrescentar àquilo que o povo já sabe.Todo mundo sabe que o senhor é um poeta famosíssimo; que tem “n” títulos de cordéis e poemas publicados; que sua obra é estudada em Colégios e Universidades desse mundão de meu Deus a fora; enfim que a cultura popular nordestina lhe deve, e muito, pela sua incansável luta em favor de sua preservação. Eu, como seu aprendiz, tenho um orgulho e uma felicidade muito grande, em fazer parte dessa sua caminhada cultural, onde como fã,aprendi a gostar de sua obra, a lhe querer bem, e por que não dizer; a lhe amar como um filho ama um pai; pois nos adotamos mútuamente nessa condição. Meu querido e saudoso pai biológico, seu João Motta, de onde estiver, com toda certeza está satisfeito com essa minha adoção, sem formalidades ou papéis assinados, mas com o crivo da fraternidade, do amor e do respeito. Mas, eu gostaria de aqui acrescentar, pois pouquíssima gente sabe desse detalhe da sua vida; o trabalho desse mesmo JOSÉ SALDANHA DE MENEZES SOBRINHO, nosso ZÉ SALDANHA; pela sua sobrevivência, desde que se casou com sua querida, amada e saudosa musa JOVELINA, DONE JOVE; à qual voirmicê se rendeu aos seus encantos, bem alí em Cerro Corá-RN. Seu Zé, do jeito que na sua homenagem em Cerro Corá, há dois anos atrás, eu enfatizei que pouca gente alí conhecia seu trabalho como poeta e cordelista para Natal, o Norteste, o Brasil e parte do mundo; quero aqui enfatizar que meus queridos leitores e leitoras do Cantinho do Zé Povo, precisam conhecer o trabalho do sapateiro, diga-se fabricante de calçados de outrora, o Zé Saldanha, que criou dentro dos princípios morais e da dignidade, todos os seus filhos e filhas, com seu ofício de sapateiro/feirante e com a ajuda de sua amada JOVELINA. Precisam saber de suas andanças, desde o comprar do couro, ao meu saudoso pai João Motta, quando o senhor saía de Currais Novos-RN, onde morava e trabalhava, para ir lhe comprar couro em Campina Grande-PB, na velha loja da Rua João Pessoa, onde era atendido pelo cabaceirense da gema, Miguel Pereira, então, gerente de meu pai, naquele estabelecimento comercial. Dali, o senhor voltava à Terra da Schelita, onde depois de fabricar seu produto, ou distribuía pelo querido e amado Seridó por inteiro, ou ia o senhor mesmo, de feira em feira, vender aquilo que havia fabricado, tal e qual o senhor me ensinou a fazer, em relação à minha produção cultural; de livros, cordéis e CD’S. Pode ficar na certeza que meu orgulho, repito; é muito grande, em tê-lo como amigo do cafezinho nas tardes de quarta feira, quando passo na feira do carrasco e levo para a gente comer aí no seu escritório, tapióca e/ou bolo da moça. Tenho também, o mesmo sentimento, em relação ao aprendizado poético, às dicas que recebo do senhor, nos temas e seu desenvolvimento, apesar de pouco lhe pedir em termos de sua opinião sobre meu trabalho, pois o seu coração é bondoso demais em relação a mim. Por tudo isso, receba nesse dia de seu aniversário, meu carinho, meu abraço e meu beijo no lugar mais profundo de seu coração e de sua boníssima alma. Parabéns, Véio!...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 24/02/2008
Código do texto: T874029
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