PÁGINA DE EMPRÉSTIMO







É crendo na brevidade das demoras, que te lanço em mim, desde antes e já. Inspiro-me de ti, tua canção em meus ouvidos e te faço presente no que se traduz rápido o nenhum encontrar.


Talvez pensas: tolas palavras ajuntadas, dizeres de um amor que sente, tudo qual um lustre suspenso, a gangorrar das horas do dia, um chamamento para amenizar. Não clamo!


Palavras sim, o extrato que tanto te digo e em nós ora são versos, ora frases que se abraçam e dissipam e se falam...


De amor não digo, posto que ser preciso dois milênios para se o saber e menos, explícito demais para enganar.


Difícil estar contigo! Quão dura é a vida que me cabe em tua companhia, arrancada da vida para te mostrar e ensinar a vida...


As (co)relações das ausências, a ausência em si, doendo e não doendo nos gestos que despedaçam; sabermo-nos ao tempo de uma viagem longa e desconhecermos a volta, em desejo tanto a um, quanto a outro a permanência!


As coisas que me dizes remexendo o interior das dorm^ncias que não foram bem assim, tentando o avêsso que mais te sabia por dentro que supunhas...


Não vingaremos e a distância míngua o que queres camuflar, não podendo tanto quanto esperavas, mas acena a chegada:


Acenas também tu e e penso que se houvesse o tempo se perdido de nós, nossas mãos atadas ao vivo, nas cores de nossas veias e a temperatura.


Teu carinho precipitado frente aos meus olhos e meus olhos sabendo tanto quanto nunca duvidaram; eu e tu frente ao espelho e tantos vultos nos reflexos deste amor ardente, amparados numa certeza de parecermos, porém ao lado, ainda, o mundo inteiro.


Ao que desconheces de mim, o que pensas saber de nós e nós e nós que nos fazem juntos e não almejo a luta, pois que não temo. Temesse um qualquer ínfimo tanto e enfrentaria-te. Mas docemente te sei, ainda que nada reste e cativa não seja, mais tu de mim carecendo.


Dirão ao ler: é a injustiça em exercício e concordarei. Que mais diria, senão que o mundo dos desassossegos?


Tive em mim a certeza das dores que a outro há?


Rompem sangrentas as faces que carcomem os laços, que amargam a existência, que trancam tirando proveito no subtrair e foi desde quando soube a inutilidade das outras operações que na escola da vidanão há, que compreendi o sentido do mundo no prazer da desistência.


Em nada multiplicam, senão no sub_trair. Esta é a Lei da Selva, onde o amor passeia colorindo a relva e cantando o tempo...


Para saber-me, pouco bastaria: estarmos como estamos e o teu gesto, ainda e continuamente a cercear a urgência da própria vida que houve, que haverá.


Este nosso amor saudável, senhor de todas as sanidades dos intervalos inclusive, debruçado às janelas do porvir, em expressão antecipada...


A luz encontrada de nossos lábios selados em eterna carência dos amantes, mais tanto a nos dizer 'para sempre', pois que não finda nosso beijo.


A frente deste nosso sentir gigante, tão forte que não há contras, o que não podes e a aflição do que querias vestindo orvalho sobre o manto da necessidade...


À saudade não vergo, certa de que não quedo.


Nossas mãos unidas e vazias por onde formos, bem sabes, bem sei.


Mais te digo: não tardes; em meus cálculos, acaso errei?




assina: Ene Mathias







Kulayb
Enviado por Kulayb em 23/03/2008
Reeditado em 24/03/2008
Código do texto: T913832
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