Pedido de Perdão (Ao Amor da minha Vida)

Pelo errado que sinto, que faço e que muitas vezes sou, venho apresentar-lhe minhas desculpas e pedir o seu perdão.

Perdão porque muitas vezes permito que meu Amor seja maculado por meu egoísmo; e muitas vezes o permito! Perdão por em meu egoísmo querer de você aquilo que você não tem para me dar. Perdão por muitas vezes desejar que meus sentimentos fossem como as rosas: que vivessem apenas pequeno período de tempo, que rápido murchassem e logo morressem, quando na verdade meus sentimentos mais se parecem com as ondas do mar, que por vezes até recuam em seus momentos de refluxo mas que voltam sempre, mais fortes e mais intensas, a beijar sempre a mesma praia.

Perdão porque as lágrimas que me brotam às vezes são de dúvida, de medo, de desespero, quase de desistência. Perdão porque espero pelo beijo que não é meu e que por isso nunca vem - mas que espero. Perdão por confundir PERSISTÊNCIA com Insistência e com isso me tornar um peso em seus ombros ou uma pedra em teu caminho. Perdão se meu desejo por vezes se parece com cobrança.

Perdão por em meu egoísmo, querê-la SÓ PARA MIM. Perdão pelo ciúme que te sinto, mesmo sem ter o direito de sentí-lo. Perdão pela impaciência que me corrói e pela raiva, que por vezes me domina. Perdão se meu afeto a sufoca e minha forma de expressá-lo a constranja.

Perdão Pássaro, porque com tua liberdade e alegria vieste-me visitar o Espírito mas em minha mesquinhez de Ser Terreno, ao pousar-te em minhas mãos fechei sobre ti os meus dedos, aprisionando-te e retendo-te numa loucura que a fere e que me fere. Perdão pelo medo que sinto de abrir as mãos e vê-la voar para longe, à alturas que eu jamais alcançaria. O Amor Verdadeiro abriria os dedos, ou melhor, nem sequer os fecharia. Porque o Amor liberta, não aprisiona! Aliás, somente a torpeza e pequenez humana para ter o requinte de engaiolar os pássaros! De querer para si aquilo que somente aos Céus pertence. Um pássaro engaiolado é um pássaro sem asas, e um pássaro sem asas é só uma das formas mais cruéis da Tristeza. Perdão porque em minha loucura, em meu ciúme, em minha cegueira, é exatamente assim que te preferiria: presa em meu abraço, ao invés de livre, para pousar nos braços de quem quisesses. Queria que seu riso, suas palavras e suas músicas fossem só para mim. Queria que seu corpo, seu prazer e seus sonhos fossem só meus. Esqueço-me que as gaiolas foram feitas para os pássaros mas os pássaros não foram feitos para as gaiolas. Porque as gaiolas são uma invenção humana e os pássaros, uma criação de DEUS. Perdão se meu amor em vez de te libertar, a aprisiona. Perdão se não consigo sair do teu caminho e com isso obstruo sua estrada.

Perdão porque te quero MINHA, como se você fosse algo que me pertencesse e não um Espírito, parte do GRANDE ESPÍRITO e portanto só a ELE pertencente. Perdão porque por vezes sou tão pequena.

Perdão porque não sei sonhar e na vã tentativa de fazê-lo, minto para mim mesma e teço com você minhas mentiras.

Perdão por acreditar que minha Felicidade está em você e com isso imputar-lhe uma responsabilidade que NÃO É SUA (e que aliás, é só minha!). Perdão pelos momentos de cansaço, onde meu maior desejo é dormir sem precisar acordar jamais, porque ainda é mais fácil fugir do que enfrentar. Perdão por lhe enviar cartas que não sei nem se deveriam ser escritas.

Perdão se meus sonhos, involuntariamente, ferem os seus.

Perdão por todas as vezes em que não fui a amiga que você precisava por estar ocupada demais tentando ser uma mulher que você não queria.

Perdão porque não sei a hora certa de ir embora e quando acho que sei, não tenho coragem de ir.

Perdão porque em minha condição de Espírito ainda em fase inicial de aprendizagem, esqueço com facilidade as lições estudadas e irritantemente cometo os mesmos erros. Perdão porque em minha ignorância meus sentimentos superiores são poucos e diluem-se com facilidade em meio aos mais inferiores. E perdão, Amor da minha Vida, porque tem dias que é só isso que tenho a lhe oferecer.

Perdão por querer que você preencha uma Solidão que é só minha.

Perdão por ainda não ter aprendido a sublime lição das árvores, que sem distinção doam o que de melhor há em si: seus frutos! DOAM. Não trocam. Não vendem. Não negociam. Gigantes da Humildade, doam apenas! A homens e animais sem distinção. Não importa se a mão que apanha seu melhor é a mão de quem um dia a cultivou ou de quem um dia a agrediu. Não importa se é o pássaro que abriga o ninho em seu seio e canta em seus galhos para alegrar suas tardes ou se é a ave de rapina. A todos, ela doa. E se doa. Porque nos frutos é que moram as sementes, o maior tesouro da árvore, pois as sementes são as partes vivas dela mesma. Eu não sei fazer isso. Você me ensina todo dia que o Amor é uma praça onde se senta e não um balcão onde se negocia. Difícil lição para alguém tão mesquinho. Perdoa então, Amor, minha dificuldade em aprender.

Perdão por não ser aquela que poderia e deveria ser.

Rogo a DEUS apenas pela força e pela grandeza de um dia conseguir abrir minhas mãos, lançá-las ao alto e deixar que você, Amado Pássaro, VOE, pra bem alto e bem longe, brincando de se esconder por entre as nuvens do céu. Rogo pelo instante de discernimento em que minha Alma enfim compreenda que não adianta ter as mãos cheias e o coração vazio. E que as lágrimas que caírem neste dia, sejam enfim, de LIBERTAÇÃO.

A DEUS agradeço sua existência.

Me perdoa se meu bem-querer te causa algum mal.

E PERDÃO, PRINCIPALMENTE, POR AINDA NÃO SABER AMAR!

Lady Loen
Enviado por Lady Loen em 25/04/2008
Reeditado em 25/05/2009
Código do texto: T961491
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