O mundo perfeito...

Jornais em branco, os canais da tv, fora do ar, o rádio com apenas um apito.

Foi isso que o eu encontrei naquela manhã.

Achei estranho, mas como já estava enjoado deles, fui para o trabalho sem me preocupar, afinal só têm noticias ruins nos jornais.

Tinha uma loja na cidade de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

Quando cheguei pensei errar o lugar. A rua estava com pouco movimento, praticamente vazia, com apenas algumas crianças brincando na calçada.

Fui até o banco, pois era dia de pagar as contas.

no caminho passei por um pronto socorro, mas foi incrível, não tinha nenhum barulho de ambulancia nem nada.

- Onde foram parar todos os doentes? Onde estão as vítimas de batida de carro ou os atropelados? Onde estavam aquelas jovens meninas grávidas? Não tinha nada de diferente dos outros dias, não era feriado, não tinha jogo da copa e não tinha nenhuma facção criminal atacando. Era um dia normal.

Continuei andando em direção ao banco como se não tivesse visto nada, devia estar ficando louco.

Assim que cheguei ao banco, percebi que estava tudo deserto, não tinha nenhum carro no estacionamento.

- Cadê os aposentados na fila pra receber seu dinheiro? Pra onde foram as pessoas com problemas em suas contas, e as pessoas pedindo empréstimo?

Comecei a ficar preocupado, mas o que mais me assustou foi saber que as contas da loja já tinham sido todas pagas e no dia exato. Mas como foram pagas? Eu não paguei nada...

No caminho de volta pra loja, parei no farol, peguei umas moedas para dar aos pedintes (o que já tinha como ritual), mas hoje não havia ninguém, nem mendigo, nem menino, nem nada.

- Que estranho! É melhor assim, mas não deixa de ser esquisito.

Observei que o motorista que estacionava o carro na calçada ao lado, deixou a porta aberta e saiu.

- Que maluco! Ele deve ter seguro de carro, mas mesmo assim tem louco pra tudo.

Vi uma menina, que aparentava ter uns oito anos, andando sozinha pela rua.

- Que perigo! Que pai deixaria uma criança atravessar a rua sozinha? Nenhum! Isso tá ficando estranho.

Em vez de voltar ao trabalho, fui para o centro ver o que estava acontecendo com a cidade, todos pareciam ter sumido. Mas não, lá tinha bastante gente, pessoas passeando, casais na praça, crianças brincando com os cachorros.

- Ufa!

Fiquei contente em saber que estava tudo normal. Até quando percebi que um jovem garoto ajudava uma senhora com as compras, uma mulher pegava no chão uns jornais que estavam jogados, a cidade estava limpa e no meio de tudo aquilo eu ainda ouvia os passarinhos cantando.

Já era demais, será que eu nunca havia percebido essas coisas na cidade?

Sai do carro e corri até a banca de jornal, e vi “JORNAL DE UTOPIA,

A Cidade de Utopia foi declarada como A Melhor Cidade Para Viver”.

- Como assim Utopia? O que aconteceu com São José do Rio Preto?

Entrei no carro e voltei ao banco, e li no prédio “Banco de Utopia”. Confuso, corri para a entrada da cidade, e lá...

“Bem Vindo à Utopia”.

Desesperado, pegue as minhas coisas e me mudei.

"Não adianta querermos um mundo de paz, onde todos se amam, porque se isso acontecer um dia, perderá a graça de viver...

Precisamos de paz, claro que precisamos, mas o que nos dá vida, é a batalha por um mundo melhor, e não um mundo já perfeito..."