Ao poeta

Olá caro poeta,

Te escrevo por insuportável saudade, desejo com ânsia sua companhia, ouvir o som de sua voz é a canção que meus ouvidos rogam ao Criador.

Ontem fui até a praça, as flores que tanto gosta já começaram a nascer, sim aquelas roxas, não consigo andar pelas ruas e não lembrar de você poeta, pois estão por todos lados!

Ah o outono, que se inicia, este ciclo, quero seus sorrisos poeta, pois são inspiração para minha inconstância. Quem dera ser musa de algum verso seu, hoje sei quão tola é a mulher que se vê/acha inspiradora, pois poetas não são homens comuns, nada tem de influenciáveis, tem uma percepção tão além, que me deixam boquiaberta, honrada sou de me ver cercada de poetas, como você e os outros andarilhos versadores de bar, este loucos a quem só falta melodia...

Mas te confesso minha profunda admiração, a ti mais que a outros, pois você tem perfume e melodia, não é um deposito de palavras, quão empoeirados são alguns poetas, fugitivos de seu dom, quem me dera estar em sua alma poeta, hoje, para sorrir mesmo que sentindo com todo o drama suas dores, pois até a dor tem sabor com você...

Sinto-me sozinha neste quarto, acabo de chegar do trabalho, cansada, me sentindo feia, sim, feia mesmo com o “formato mais admirável” a que tanto se refere, não me basta esta casca que só atrái vazio, lamento novamente a falta de conteúdo destes homens que me cercam... Prometo não vir novamente remoer a trágica situação, destino ou maldição, sei que tenho que me haver, mas sofro, e estás longe de minhas mãos, para me consolar ou rir de mim, com seu sorriso simples e quase infantil! Poeta viciante, preciso de você hoje, agora, preciso desejar lascivamente seu sorriso cúmplice, preciso olhar estes seus olhos misteriosos e tentar adivinhar seus pensamentos! Preciso me embriagar com sua insanidade!

Imploro que dê-me a honra de ter sua companhia, o mais rápido possível

De sua sempre apaixonada amiga

Flor de Outono

****RESPONDA-ME POETA!******