CASA COMIGO? (segundo motivo dos deuses loucos)


Há no meu coração um pressentimento latente, uma vaga quase certeza, uma fé secreta de que a afinidade que existe entre nossas naturezas virá um dia se manifestar e mais cedo do que imaginamos nos acolheremos para sempre.

convido-te, vem de teu lugar incerto, fiquemos juntos aos pés de Hélicon, o monte grego consagrado à musas, admirando as águas que dali jorram e dão inspiração poética. Lá recitarei doces poemas de amor. Depois diante de Flora, a deusa das flores e dos jardins, mãe da primavera, testemunharei meu amor e a ela pedirei, que enfeite teus finos cabelos com pétalas de flores de todas as belezas, rosas vermelhas, lírios brancos, papoulas, violetas, miosótis, carmélias, hortênsias, orquídeas, girassóis de ouro.

Te levarei a Marte. O deus da guerra e dos agricultores, o primeiro dos planetas chamados superiores. Jurarei a Marte que lutarei por tua vida. Visitaremos Vênus, a deusa da beleza e do amor. A ela me ouvirás dizer: Oh, Vênus, tu que casando com vulcano fostes a mãe do amor, saiba que este filho teu mora em mim e esta é a mulher que amo. Ei, Orfeu, notável poeta e músico, tu que encanta a todos que te ouvem, me cede esse dom. eu preciso encantar a alma que faz pulsar meu coração. Prometeu, tu que és o deus, o gênio do fogo, que roubastes o fogo do céu para animar o homem, acende a chama do amor no coração da mulher que chamo.

Apolo, deus da luz, das artes e da adivinhação, tu, o irmão gêmeo de Ártemis, que és o deus do dia, põe o brilho do amor nos olhos de minha adorada, para que seja minha, pois que é tão linda quanto Clície, a tua ninfa amada.

Bóreas, deus dos ventos do norte, nos carregue até Diana, a rainha dos bosques, para que ali por entre as árvores descansemos protegidos por Morfeu, o deus dos sonhos, filho da noite e do sono, que ali nos venha Eros ou cupido, o deus do amor para nos juntar para sempre.

E que ninguém nos queira mal. Estaremos sob a guarda de Érinis, a deusa da vingança, os lhos de Nêmesis, a deusa da justiça nos vigiarão. Laquésis, que fia os dias e os acontecimentos da vida, tecerá para nós um destino comum e duradouro.

Por fim chorarei lágrimas de felicidade aos pés de Júpiter, o pai soberano dos deuses. Repetirei teu nome e direi infinitas vezes: te amo! E ainda assim, mesmo que Átropos com suas fatais tesouras tente cortar o fio da nossa existência, o meu amor será como Fênix, a ave fabulosa e renascerá sempre das cinzas.

Deuses loucos, deuses fatais, este convite perdido dentro de mim. Onde anda o meu amor?

Edmir CARVALHO BEZERRA
Enviado por Edmir CARVALHO BEZERRA em 14/01/2006
Código do texto: T98865