Chapéu roxo...

Estar perto de você é cruel... tua presença assim acusadora é mais dolorosa que anos sem se quer ouvir teu nome...

Dói-me constantemente esse você e eu fragmentado em erros, em desamor, em desesperança, entretanto dói-me mais esse nós em amizade fingida, escarrada na boca da vida, como se fosse possível esconder-se ao sol do meio dia...

Ah! apenas eu sei das minhas mágoas.. apenas eu sei das minhas lágrimas, uma a uma derramadas no seio da tua indiferença.. no colo da tua ausência.. noites inteiras de pesar, lamúrias aos ouvidos da desilusão, passos e mais passos em direção ao nada, uma vida inteira à sombra de um orgulho, de um adeus, de um fim...

E eis que eu, sempre amante das palavras, por ti até delas me abstive, tentando lavar na alma a roupa suja de anos escrevendo pra ti, mas fracassei... como tantas outras vezes, eu falhei... cabeça baixa, olhos rasos d’água, eis-me de novo ao chão, chão estrelado de letras e ilusões...

Eu vou sonhar.. vou implorar o teu retorno aos céus.. vou escrever pra ti...

Vou dançar na chuva as nossas canções,.vou passar teu perfume favorito, vou plantar flores na morada da ilusão, vou fechar as portas deixadas pelo medo, vou jogar-me outra vez, e sem receio, no precipício desse amor que mora em mim...

Nem tente impedir-me, agora é tarde, o destino te colocaste aqui... não tem mais jeito.. aceito meu viver de letras de sangue, não mais fugirei do teu desprezo...

Quem sabe no amanhã possa haver sol.. quem sabe essa dor chegue ao fim... um dia pretendo escrever alegres canções de amor em corações... e eternizar em uma existência um sorriso... por hora sigo construindo sombrios castelos nas areias da indiferença, onde sou sempre princesa sem príncipe, fada sem conto...

E nesta cruel estadia perto de ti, calmamente vou desvendando teus mistérios... sob a luz negra de um falso amor amigo desnudando tua alma, colocando em teu rosto sorrisos, regando o jardim de teu existir com minhas lágrimas, joelho ao chão, aplainando o teu caminho... e, de ti, ao menos um obrigada almejo... sei que seria muito pra um coração indiferente...

Sob a árvore desse falso amor amigo, sentaremos um dia.. e te admirarás em ver que é ela sem vida, seca, mas tua visão da verdade será apenas por poucos segundos.. brevemente a ilusão de ótica do que sinto por ti turvará teus olhos, e frondosa árvore verde contemplarás... qto a mim... em meus olhar a ilusão também se fará presente e eu verei nos olhos teus o amor a brilhar...

E seguiremos, cada qual em sua mentira, rumo à miragem no deserto de nossa pretensões, onde vc... quer-me por perto para ao olhar-me ver a sombra de quem muito te amou um dia e eu... preciso-te aqui para lembrar-me de quem sou.. pois sou amor por ti!!

Quero, por fim, ainda dizer-te, que meu amor está aqui.. te esperando.. puro.. verdadeiro e imortal... se um dia quiseres recebê-lo, mesmo que daqui a infinitos anos, ele será eternamente teu.. só peço que lembre-se de, se em outra vida, usares chapéu roxo, que assim te encontrarei...

Deise Caroline Nunes
Enviado por Deise Caroline Nunes em 20/05/2008
Reeditado em 24/01/2015
Código do texto: T997529
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