O CIDADÃO

Havia um cidadão sentado esperando ninguém.

De longe ele olha e vê duas pessoas caminhando.

Indaga: Será que eu os conheço? Acho que não.

Justamente quando os dois parceiros passam em sua frente

Ele os chama e pergunta: O cidadão é daqui dessas bandas?

Não, responde um deles, algum problema por aqui?

Não sei, mas acho que tudo isso aqui está calmo demais, não acha?

Sei lá! não sou daqui, não vim pra ficar, tanto faz.

Ô! acha que é assim, vem chegando na terra de ninguém,

não se importa com nada.

Qum é você? Tô afim de conversar, aqui só passa gente de ano em ano.

Cidadão responde: É o seguinte, tô afim de conversar não, não te conheço, estou só de passagem, procurando um certo homem que desapareceu, já há alguns anos.

Se meteu por essas bandas e foi assim...

Bom, se é assim vamos lá, tem um cabra macho feio igual ao chimpamzé que de vez em quando aparece por aqui igual a tatu, será que não é esse o homem que vos me cê tá procurano?

Bom sendo assim, vou me apresentar.

Sou Barreto cabra da peste e vim buscar o que é meu. Esse sujeito pegou emprestado cem cruzeiros hà muito tempo, só agora eu vim cobrar.

Demorou tempo demais para cobrar.

Tô gostando da prosa. Senta aqui, ganhei mais um besta pra prosear com eu.

O que foi que o senhor disse? Não, nada, falei com os meus botões aqui.

Sujeito, o que você pensa em fazer com o homem caso encontre?

Isso eu num digo não, é problema meu e dese outro sujeito que anda mais eu, num é Zé da Costa?

É patrão, sou seu guardião, o que o senhor pedir eu faço.

Nisso lá vem o homem de quem eles estavam falando.

Cidadão diga as novas, os dois estavam de costas não viu a cra do sujeito.

Quando se vira se espanta e diz: Mas rapaz é tu mesmo é, vim cobrar o que tu me deve, e é agora se não vai tomar bala.

O cidadão da cidade levanta, calmo e diz: Ô sujeito, tu passa um tempão sem vir aqui e quando vem quer matar é? Endoidou foi? Vá simbora, suma daqui e num volte nunca mais.

Barreto se inquietou e respondeu: Pensou que ia me fazer me besta é, eu entendi tudinho, eu ia passando o senhor me parou para prosear, eu fiquei por que eu quiz viu, agora eu tô arrochado com o meu guardador de lado não tenho medo de ninguém.

Ei! se avexe não, aqui está seu dinheiro todinho, não vele mais nada mesmo, tome pegue o que é seu e suma.

Os dois homens sairam conversando, chateado, mas feliz, conseguiu ganhar uma aposta.

E o cidadão voltou à praça esperando outro besta para presear com ele. E até outra vez, depois eu conto o segundo episódio do cidadão.

Telma Bezerra.