Viagem ao Santuario

Viagem ao Santuário.

Juca e Zeca eram gemeos; ambos fincaram pé na area rural, cada um com sua fazenda.

Como manda a tradição dos Costas, era tudo café com leite; explico melhor, criavam vacas de leite, e ainda tocavam a agricultura de café.

Afinal com o leite o dinheiro aparece todo dia, não é muito mas dá pras despesas, já o café apresenta um bom lucro, mas é só uma vez ao ano.

Levavam vida simples, casados com mulheres também simples e trabalhadeiras e uma penca de filhos cada.

Uma coisa era sagrado para aqueles irmãos, missa no domingo na cidade, e uma vez ao ano, a viagem a Aparecida do Norte para agradecer a santa padroeira.

A criançada, levava uma vidinha tranquila, morando na roça, estudando na cidade, indo e vindo no onibus da prefeitura pelas estradas poeirentas e cheias de solavancos.

Férias, somente da escola, porque todos se ocupavam de tarefas diversas, afazeres domesticos para as meninas, e os outros serviços da lida na roça, para os meninos.

A viagem ao santuario era a única diversão da criançada.

Certa vez, após uma semana de preparação para a tal viagem a Aparecida do Norte, ambos sairam bem de madrugadinha em seus carros entulhados de gente.

Juca na frente, que ele tinha mais memoria do caminho, em sua brasilia vermelha, com lenço amarrado no espelho retrovisor, portas meio soltas e um barulho terrivel devido ao escapamento furado, a anos.

Zeca vinha atras, com a filharada, e a matula de salgados, bolo e biscoitos feitos de vespera, em seu chevette verde, apelidado de Horácio.

Andaram uns 30 km e o carro do Juca parou em um pequeno bar a beira da estrada.

Como de costume, quando viajavam juntos, quando um parava o outro também parava , para que continuassem viajando um a vista do outro.

Juca saiu da sua brasilia e se dirigiu ao carro do irmão.

-Mano, a muiê e as criança querem ir ao banheiro, ocês não querem aproveitar também?

-Não Juca, nois num tá precisado não.

Alguns minutos mais e os dois carros seguem pela estradinha sinuosa.

Mais uns 40 km adiante, outra parada.

Outra vez, o Juca se dirige ao carro do Zeca e pergunta, se eles também não querem ir ao banheiro, que suas crianças estavam precisadas e por isso parou outra vez.

Tranquilo dentro do chevette, o Zeca responde ao irmão, que eles estavam todos bem, e que não precisavam descer.

Assim foi toda a viagem, de 200 km, a cada espaço, o Juca parava e descia toda a familia pra ir ao banheiro, enquanto no outro carro, Zeca e sua turma ficavam impassiveis aguardando.

Chegando em Aparecida, o Juca se aproximou do irmão e questionou:

-Afinal meu irmão, nos paramos umas tantas vezes na viagem e nem ocê nem a cumadre e as crianças não foram nem uma vez ao banheiro, cumé que ocêis faiz?

-É facil Juca, é que quando nois sai pra viajá, nois já sai de casa “cagado e mijado”!

Lune Verg
Enviado por Lune Verg em 22/06/2008
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