O SONHO DA TRANSPOSIÇÃO...

O SONHO DA TRANSPOSIÇÃO...

Conheço a realidade

Vivida no meu sertão

Por isso a transposição

É uma necessidade

Praqueles que na verdade

Vivem nas margens do rio

Não conhecem o desafio

Do sertanejo de fato

Que o tempo seco e ingrato

Mata desola consome

Enfrentam a sede e a fome

Vivem a mais pobre miséria

Minha gente e coisa é seria

E uma providencia cabe

Somente aquele que sabe

E passa esse penar

De fome e sede morrendo

E tanta água se perdendo

Indo direto pro mar?

Essa gente que protesta

Que faz greve e confusão

Contra a transposição

Que faz debate e contesta

A realidade é esta

Ao invés de fazer questão

Te embrenha nesse sertão

Vai ver a coisa de perto

E veja se não estou certo

E coberto de razão

Sai da beira desse rio

Onde a água é farta e tanta

Vai ver a mãe que acalanta

No braço o seu filhinho

Que de bom só tem o carinho

Que a mamãe lhe propicia

Mas a dor não alivia

Pois o mau que o desencanta

É a sede na garganta

E a barriga vazia

Essa água cristalina

Transparente e salutar

Que está no rio a sobrar

E que o mar elimina

Só ia mudar a sina

Desses tão secos lugares

E transformar em pomares

Onde hoje é só deserto

E o sertanejo por certo

Ia a Deus agradecer

Vendo o sertão florescer

E de verde todo coberto

Trazer trabalho e farturas

Pra essa gente tão sofrida

Ia melhorar a vida

De milhões de criaturas

Que do sertão se desterra

Voltava a viver na terra

Povoando a região

Cheios de felicidades

Desafogando as cidades

E acabando a migração

Três por cento dessa água

Não dá nem pra se notar

Nem no rio e nem no mar

Na foz aonde deságua

Mas ia acabar a magoa

As dores e sofrimentos

Ia causar bons momentos

E vida de qualidade

Trazendo felicidade

Aos sertanejos sedentos

Carlos Aires, 25/11/2008

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 25/11/2008
Reeditado em 25/11/2008
Código do texto: T1302026
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