Trip RJ

Dia 17 de janeiro de 2006 perto das 23:00hs, uma sexta-feira quente e agradável, próximo ao metrô Bresser, nos preparávamos pra uma trip que seria no mínimo histórica e sabíamos disso!

Tomando uma Vodka num boteco com apenas uma luz amarelada iluminando o ambiente, vimos o ônibus encostando e abrindo suas portas praquela gente totalmente ansiosa, principalmente para alguns que esperavam por aquilo a vida inteira.

Partimos dali perto da meia-noite, todos muito animados, alguns bêbados, outros entorpecidos, no fim cortamos a madrugada pela Via Dutra a maioria dormindo mesmo, não teve jeito.

Despertei com aquele burburinho no ônibus, acordei minha então namorada (hoje somos casados) e olhando pela janela me deparei com o belíssimo Rio de Janeiro, mas no não tão belo assim Aterro do Flamengo, onde o ônibus parou e por ali permaneceu até nosso retorno!

Juntamos a galera que resolveu nos seguir e começamos nossa caminhada até a praia de Copacabana, onde uma multidão nos aguardava.

Mas ainda tinha todo o caminho e todo o tempo a se passar, então resolvemos nos divertir Rio de Janeiro afora, e fomos parando de bar em bar, passamos por shoppings, lanchonetes, avenidas famosas, praias não menos famosas e vimos um mar de gente. Gente de todo lugar, de todo jeito, de toda cor, enfim, de toda espécie.

Chegando em Copacabana, lá pelo começo da tarde, pra variar nos instalamos em um boteco pra falar de futebol, mulher, Rock n´ Roll e é claro, descansar nossas pernas exaustas pela demorada peregrinação até o local.

O fim da tarde foi passando, a noite chegou, estávamos bêbados mais uma vez, mas nos preparamos para chegar perto do palco e alguns minutos depois já dava pra ouvir o som do Afro Reggae pra fazer um esquenta com a galera e mantê-la animada e até que deu certo com alguns covers do Legião. Logo depois veio o Titãs, e começou meio baixo o som, mas logo melhorou e nessas alturas minha namorada já estava em cima dos meus ombros cantando "Homem Primata", foi muito bom, o público foi sensacional, mas nada comparado ao que aconteceu quando entra o Mick Jagger no palco cantando "Jumping Jack Flash".... um milhão e meio de pessoas totalmente alucinadas... depois até rolou um "Olá Rio, olá Brasil!" emendado por "It´s only Rock n´roll". Eu não podia acreditar naquilo quando Jagger veio pelas passarelas laterais chegando perto da areia, pensei "Pô, estou a menos de 100 m do cara", foi uma coisa de louco! Mais louco ainda foi aquela galera imensa gritando "olê, olê, Richard, Richard!", o cara ficou extasiado!

Aquilo que durou das 21:45hs às 23:50hs, foi uma coisa totalmente sem explicação, quem viveu pra ver aquilo viveu, quem não viu, tem que se contentar em ver o DVD mesmo.

Já exaustos, curados da bebedeira e não acreditando na “experiência” de participar de uma multidão de mais de 1,5 milhão de pessoas, veio a pergunta: onde vamos dormir? Era a dúvida de alguns, mas não a minha, eu não ia dormir, não tinha como!

Pra variar, sentamos num quiosque e eu e alguns guerreiros pedimos cerveja pra tentar clarear os pensamentos, enquanto as meninas deitaram em baixo das cadeiras mesmo pra tentar dormir, mas é claro que não rolou, o movimento ainda era grande, as pessoas circulavam e pra ajudar eu caí na gargalhada quando apareceu um vendedor ambulante: “Olha o pó! Pó aí mano?”.

A idéia deu certo, resolvemos ir pra Barra da Tijuca, e pelas tantas da madrugada pegamos um ônibus que passava pela Rocinha e que visão perturbadora aquela, jamais imaginava o tamanho daquilo, a proporção que era, a beleza que era de madrugada, foi uma imagem que ficou na minha cabeça, que só saiu quando lá pelas 5:00hs me deparei com aquela areia branca e aquele mar cristalino, que lindo era aquilo. O sol já estava dando as caras e prometia um calor daqueles, quando no começo da manhã encontramos uma senhora que alugava cadeiras e guarda-sol, que logo nos cedeu umas cadeiras onde alguns de nós não se agüentaram e dormiram, foi sofrido, ainda mais com o sol que brilhou forte aquele dia.

Dia triste, pois era o dia da nossa volta. Depois de alguns mergulhos, algumas cervejas, alguns cochilos, pegamos o caminho de volta ao Aterro do Flamengo e sem dormir, sem tomar banho (que não do mar), com bolhas nos pés, com a virilha fritando, mas totalmente satisfeitos, tomamos nosso caminho de volta à São Paulo, mas com o Rio de Janeiro e aquele fim de semana no coração.