O muro da casa da véia

Pintura nova, novinha...

Eu vinha com abacates maduros... um caiu de meus braços, se espatifou no chão da rua empoeirada. Nem chegou a respingar no muro pintado de novo... novinho...

A véia, que já não me era simpática, e nutríamos desde minha chegada na vizinhança uma antipatia comum à primeira vista, começou a ralhar comigo, reclamando a sujeira e do cuidado com o tal muro.

Moleques sabem como é né.

O velho ditado já diz que: "Com moleques e mulher de bigode, nem o diabo pode".

Já que era para me valer a ralhada, então que o motivo certo de fato fosse dado!

Não me fiz de rogado, comecei a espatifar todos os abacates em toda a longa extensão do muro pintado recentemente...

Muito bem "Perna de Sabiá", agora pode falar, xingar, ralhar, se morder de raiva que fui eu mesmo!

Assim, não sei porque, os filhos da D. Júlia eram muito terríveis... Tudo injustiça...

Mas, é porque tinham a cabeça erguida e jamais se subjugaram a quem quer que fosse.

Orgulho? Não, apenas exigentes para serem tratados com dignidade, senão...

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Me lembrou a Sanfona da véia...

Uma marcha "Sanfona da Véia" (Brinquinho - Brioso - Raul Torres) é considerada como a música de maior sucesso da dupla "Brinquinho e Brioso", música essa que foi lançada por Raul Torres e Florêncio pela Todamérica no ano de 1951 e foi também regravada por Barnabé na Continental em 1965. E o inesquecível Mazaropi, também cantou essa marcha no filme "Mágoas de Caboclo", produzido e dirigido por Ari Fernandes, filmado em 1970 e, no ano seguinte, no filme "Betão Ronca Ferro", de Mazzaropi.

Calcula-se que "Brinquinho e Brioso" tenham deixado um acervo de cerca de uma centena de composições, tendo gravado um total de 42 músicas em 21 "bolachões" 78 RPM (entre 1943 e 1959), além de diversas composições que foram gravadas por diversos outros renomados intérpretes.

Eu tinha uma vizinha, uma véia sorterona,

Que agora está aprendendo a tocar uma sanfona,

Por isso lá em casa, escuto todo dia,

A sanfona da véia que não sai dessa agonia,

Nhec, nhec, nhec, a véia é de amargar,

Nhec, nhec, nhec ela não para de tocar.

Nhec, nhec, nhec, a véia é um fracasso,

Nhec, nhec, nhec ela não sai desse pedaço.

A véia incomoda os vizinhos de fato,

Nhec, nhec, nhec, ela enche o sapato,

Por isso qualquer dia, eu já tenho uma idéia,

Eu perco a cabeça e rasgo a sanfona da véia

Vejam no youtube, uma interpretação do Barnabé

http://www.youtube.com/watch?v=eJQqj7DZZ0w

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 05/01/2009
Reeditado em 16/02/2009
Código do texto: T1368870
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