Meu tio Hercílio e a cachorrada do compadre...

Meu Tio Hercílio e os cachorros do compadre...

Como já citei em outros contos que fiz a respeito dessa pessoa tão especial em minha vida que é meu tio Hercílio, realmente ele era capaz de coisas inacreditáveis, cada vez que vou a Santa Catarina, volto maravilhado pelas histórias que vão me contando aos poucos, desse homem realmente marcante e com atitudes tão diversas e tão incomuns para a época em que viveu.

Pois bem, vou relatar aqui mais um episódio da vida desse homem de atitudes contestadas, mas o que não poderia se dizer é que ele não tinha opinião própria e que não as fazia valer, por bem ou por mal.

Certa vez, morava ele em uma cidade do interior de Santa Catarina, cercado de vizinhos, com áreas de terra que faziam divisas com as suas e por conseqüência iam ficando conhecidos, amigos e por fim compadres, o que era muito comum na época, quando havia alguma afinidade entre os fazendeiros de uma região, convidava-se para batizar seu filho tornando-se assim como uma grande família.

Morava perto da fazenda de meu tio, um senhor por nome Juvêncio, que veio a ser seu compadre, um homem simples, proprietário de terras e que tinha uma casa de pau a pique, que meu tio costumava frequentar de vez em quando para tomarem um chimarrão, trocarem experiências sobre o manejo do gado, o preparo da terra e outros assuntos relacionados à lida campeira.

Mas o compadre Juvêncio tinha uma cachorrada medonha, uma guapecada sem fim, um bando de vira-latas que dava pena de ver e cada vez que meu tio Hercílio chegava para visitar o compadre era uma baderna geral daquela cachorrada, meu tio nunca foi muito apegado aos bichinhos, mas deixava isso de lado pra não atrapalhar o bom relacionamento que tinham.

Porém um dia, meu tio estava roçando uns pastos perto da casa do compadre Juvêncio e foi se chegando para a visita e não estando num dia muito apropriado ao bom senso, ocorreu a tragédia, meu tio se achegou ao portão gritando pelo nome do compadre que não estava em casa, por certo estava atendendo alguma criação no pasto e só a comadre se encontrava em casa, mas a cachorrada fez fila pra avançar no homem que do portão mesmo com a foice em punho gritou para a comadre na porta do rancho: "Comadre a senhora gosta muito de cachorro né” e ela acenou positivamente com a cabeça, mas antes que pudesse reunir a guapecada meu tio emendou “pois bem vou ajudar vocês então e de cada cachorro desse eu vou fazer dois” e de foice nas mãos saiu tentando cortar cachorro ao meio e a comadre aos gritos de pare compadre Hercílio!!! Pare compadre Hercílio!!! só pode assistir a cachorrada sendo caçada por meu tio em um momento de fúria, sobrou foi pouco cachorro no terreiro pra desespero da comadre que nem se atreveu a tentar segurar meu tio.

Pois pra encurtar o causo, sobrou um ou dois cachorros pra contar dos outros e passados alguns meses estremecidas as relações com o compadre Juvêncio, por causa do episódio dos bichos tudo voltou ao normal, pois acima de tudo ninguém era louco o suficiente pra declarar guerra a meu tio, homem temido e respeitado em toda região pelas coisas que dizia e fazia e acreditem pois foi exatamente assim que aconteceu...

Adilson R. Peppes.

Adilson R Peppes
Enviado por Adilson R Peppes em 08/01/2009
Reeditado em 25/08/2016
Código do texto: T1373871
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