O Coronel

O Coronel

O Coronel enganava todo mundo na cidade. Não temia ser preso, pois acreditava estar acima da lei. Era, pois, um próspero comerciante com muitos funcionários ao seu dispor. Juntava muito dinheiro. Tudo o que ganhava com o seu comércio ia direito para a sua poupança no Banco do Brasil. Era temido e respeitado na cidade. Morria de medo dos bandidos. Tinha medo de morrer, medo de ser enterrado.

Por esse motivo, andava armado e até a polícia local o respeitava. Achava que, com o seu dinheiro poderia comprar tudo, até o Reino dos Céus. Queria ser temido e respeitado na cidade. Conseguiu namorar e se casar com uma jovem de quinze anos, sem nenhum esforço e morria de ciúmes dela.

Não aceitava piadas, chacotas ou gaiatos, falando, gozando ao seu respeito. Ameaçava pôr na cadeia todos os que contrariassem a sua vontade. Achava que tinha mais poder que Jesus Cristo e se achava o tal.

Num determinado dia, viu seu nome mencionado em um jornal da cidade, afirmando que ele era corno. Sua primeira reação foi o medo, pois morria de medo de ser corno realmente. A sua outra reação foi descobrir quem fizera tal absurdo, pois um sujeito da capital estava perseguindo-o há um bom tempo. Por causa dele, quase chegou a matar a sua esposa, achando que ela o estava traindo. O sujeito estava brincando com ele, vingando algum mal-feito seu contra este e ele não ia deixar barato, tal afronta e chacota, pois pertencia a alta sociedade da cidade e não permitiria tal afronta a sua honra e pessoa, patrimônio e família.

A sua primeira idéia foi querer matar o sujeito, dar um fim no dito cujo, mas lembrou-se que a sua esposa e a sua sogra eram parentes do infeliz, e da mãe dele. Então, teve uma idéia: iria ameaçá-lo, fingindo, depois iria processá-lo por danos morais, pedindo uma indenização de, no mínimo, 20 salários mínimos, não iria ser um sujeitinho qualquer que iria destruí-lo, arruína-lo, abalá-lo emocionalmente.

Então, teve uma idéia: iria ligar para sua casa ameaçando-o, mas como ligar, se tinha medo, se na última vez que ligara, teve que tomar duas doses de uísque para criar coragem e assim, mesmo, foi o pai do infeliz que atendera. Então, teve uma idéia: iria ligar do hotel de sua sogra, iria combinar com ela, dela ligar e caso a mãe do dito cujo atendesse, ele entrar em ação, pois tinha medo de homens, mas não tinha medo de mulheres, pois a sua esposa, pelo qual o infeliz fora apaixonado, apanhava dele quase todos os dias e mesmo assim não tinha coragem de denunciá-lo, com medo dele deserdá-la, pois este ignorava o fato de que a esposa dele se casara com ele, somente pelo fato dele ter dinheiro e não porque gostava dele, conforme ele imaginava.

Então, sua sogra ligou e a mãe do infeliz atendeu o telefone:

__Seu doido aí botou na internet. – disse a sogra.

__Que doido?

__Eu vou aí e vou matar o seu filho! – ameaçou o coronel.

__Quem? O que ele fez?

__Botou aí na internet falando que eu sou corno!

__Eu vou processar ele.

Foi um Deus nos acuda e só Jesus pra acudir o infeliz...