Um Passeio Que Ficou na História

Eu iniciava minha carreira no magistério, quando fiz uma viagem para conhecer um pequeno lugarejo. O lugar localizado na Serra da Mantiqueira perto do ponto culminante do estado do Rio de Janeiro, que é a sétima montanha mais alta do Brasil: O pico das Agulhas Negras. Uma região que atrai muitos alpinistas, turistas que curtem a natureza, esportes de aventura, enfim ambientalistas.

Era num feriado de Semana Santa. Eu e mais seis amigas procurávamos descanso e curtir as maravilhas da região, que é realmente linda.

Foram quatro dias proveitosos, nadamos , pescamos, conhecemos alguns moradores e visitamos fazendas em nossos passeios a cavalo. Estar naquele paraíso era ter a sensação viver num outro mundo, realmente uma dádiva.

Umas das coisas que não me esqueço foi ter tido o privilégio de atravessar pequenos rios, de carro; de andar a cavalo numa trilha de uma montanha; ver ao longe a paisagem fascinante, e que nos dava impressão de estar dentro de um quadro.

Tudo era incomum, nadar num rio transparente e pescar lambari com uma peneira, visitar uma fazenda que fabricava perfumes artesanais e caminhar nas trilhas sentindo o cheiro do mato sem receio.

Nosso culto a Deus naquela sexta feira Santa foi num clima de simplicidade e sinceridade junto com os poucos moradores.

Mas, o fato mais interessante que vivemos foi no sábado de aleluia. Fomos convidadas por Pedro, um rapaz que conhecemos, pra passar o dia na fazenda da família dele. Logo que acordamos saímos para visita, pois era muito longe e tínhamos muito que caminhar. O dia foi ótimo. Tivemos o prazer de conhecer os pais de Pedro: Dona Mariana, Sr. João e mais dois irmãos.

Logo no final da tarde minha amiga nos apressou dizendo:

_Vamos antes de anoitecer, temos que passar debaixo da Pedra Selada. E noite não é um local agradável de passar.

Este lugar é uma passagem ao lado de uma pedreira que possui uma enorme pedra, parecendo estar suspensa.

Minha amiga já havia comentado que muita gente via fantasmas lá.

Mesmo com a insistência da dona da casa, pra ficar lá aquela noite, resolvemos voltar, porque íamos viajar no outro dia- Na ocasião só tinha um horário de ônibus por dia- e todas nós teríamos que retornar no trabalho na segunda-feira. Dona Mariana nos forneceu uma lanterna, caso escurecesse muito.

E lá fomos nós, brincando e cantando pelo caminho afora.

Num certo trecho escutamos um barulho. Era alguém vindo em nossa direção. Um homem galopando solenemente seu cavalo. Aproximando-se de nós, a figura exótica, fez aumentar o nosso medo. O cavaleiro estava todo de preto, com uma enorme capa nos ombros e um chapéu que cobria quase todo o rosto. Retratava uma personagem sombria, pois com o anoitecer o céu tornou-se turvo. Confesso que minhas pernas tremeram apesar das minhas amigas me achavam a mais corajosa do grupo. O Cavaleiro diminuiu o galope e parou perto de nós, e com uma expressão de espanto nos dirigiu a palavra:

- Noiti!! As moça tão perdida?

Minha amiga respondeu que íamos voltar pra casa da escola. O homem preocupado conosco ofereceu sua companhia, nos disse que a noite ia ser de lua minguante, e que ia escurecer muito, por isso teríamos que ter cuidados com animais no caminho como cobra, onça e outros. O nosso medo aumentou mais ainda, mas o jeito era prosseguir, pois aceitar a companhia de um estranho não era confiável.

Continuamos nosso trajeto de pavor. Logo minha amiga nos avisou que estava perto a tal pedra, lugar das assombrações. E de repente, como num filme de terror, o pânico tomou conta da cena. E da tranqüilidade... Muita gritaria, choro e correria quando percebemos a presença de um gigante. Um homem altíssimo que parecia tocar no céu . Na fuga acabei caindo num buraco e machucando os joelhos. E com certeza gastamos pouco tempo pra voltar até a fazenda de Dona Mariana.

Todos nos receberam com carinho e cuidaram dos meus ferimentos. Dormimos lá naquela noite. Logo nas primeiras horas da manhã, foi servido pra nós um café delicioso com broa, bolo, biscoitos, queijo, leite fresquinho, enfim guloseimas caseiras da região. E em seguida voltamos pra casa da minha amiga.

Quando nos aproximamos do local mal assombrado tivemos uma grande surpresa, O gigante estava lá nos esperando, imponente de braços abertos, na beira da estrada. E o os gritos de medo foram trocados pelo som de nossas risadas. O fantasma nada mais era que um inofensivo espantalho na beira de uma cerca..

Tete Crispim
Enviado por Tete Crispim em 05/02/2009
Reeditado em 04/10/2010
Código do texto: T1422490
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