Imagem Google. Encontro dos Rios Araguaia e Garças.         

       
 Benedito, o tradutor de canções 
                                 Um conto em três capítulos
                                       (Hull de La Fuente)


Capítulo II

Com tão espetacular herança genética, Benedito realmente era genial. Cantava e pronunciava bem as palavras por que tinha bons ouvidos, mas não entendia nada do que dizia. Contudo, para se mostrar aos amigos, traduzia conforme os sons das palavras.
 
Assim foi, que um dia a mulher do Dr. Sergei Tarapanof, o médico russo, entrou na padaria para fazer compras e encontrou Benedito cantando uma canção italiana. Surpresa com a perfeita dicção e segurança com que ele pronunciava as palavras, ela ficou ouvindo e só lhe falou quando o guri se deu conta de que era observado. Ana entregou-lhe a lista das compras e perguntou:

_Quem ensinou você a falar italiano?

_”O quê? Eu tô só cantando uma cantiga das estranjas... num tem nada de falar isso aí que a sinhora disse não.”

_Mas como? Você estava cantando a canção “Come prima”...

_”Sim! Isso eu tava. Era essa cantiga aí que eu tava cantando. A cantiga do canibal que comeu a prima dele. O disinfiliz começou pela mão e depois foi comendo o resto, tudim, tudim e ainda fala tudo errado, diz que vai dar a vida pra ela. È uma cantiga triste, dona! “

_quem lhe falou que a história é assim?

_”A sinhora num escutou no rádio? È disso que a cantiga tá falando. Eu sei tudim que qui esses gringo fala... Eles são tudo ruim da cabeça,  purcauso das guerra que eles faiz.”

Ana ficou ouvindo pasma, a explicação do moleque. Será que realmente ele não sabia o que estava cantando? Mas a pronúncia era como a de Modugno, perfeita. Ele só podia estar brincando, mas enfim, os moleques de Aragarças eram todos iguais. Não tinham noção de limite, diziam o que lhes vinha à cabeça.

Benedito separava rápido, os artigos da lista. Ana continuou observando os movimentos dele. Naquele momento uma trovoada forte, seguida de raios cortando o céu, se fez ouvir. A tarde quente seria aliviada se a chuva caísse. Ana olhou pra fora, em direção da serra de Barra do Garças e disse quase num sussurro:


continua...

*** Olá, amigos!
      Hoje estou publicando,  a pedido de Hull
     -  enquanto ela estiver impossibilitada -
      o segundo capítulo deste conto, sensacional!
      Obrigada a todos que têm vindo prestigiá-la,
      ainda que ausente! Beijos com carinho***Mila***

 
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 11/02/2009
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