PARREIRA

O coronel Lindório, após um curto noivado, casou com a Maricota, uma prenda bonita e com a metade da idade do fazendeiro.

No casório, os parentes e amigos fofoqueavam, mostrando a diferença das idades.

- Não vai dar certo! – diziam uns.

- Vai dar zebra! – falavam outros.

- Uhummmmmm – matraqueavam as velhas.

O certo é que o matrimônio corria tranqüilo. O coronel cuidando dos negócios, enquanto a Maricota, sem muitos afazeres domésticos, andava de lá para cá. Ela gostava mesmo era de passear pelo pomar da estância, saboreando umas frutas.

No início, o coronel acompanhava a esposa. Com o passar do tempo não foi mais e a patroa ia sozinha. E lá ficava, horas e horas.

Certo dia, o fazendeiro estava chimarroneando no alpendre da casa-grande. Num derepente chamou um conchavado alemão e ordenou:

- Doitchê! Vai ao arvoredo, dá uma campeada, e chama a Maricota.

O alemão foi correndo e rapidamente voltou.

- Coronel, o dona Marricota, seu esposa, tá lá na arrvorreda, embaixo do parreira.

E o coronel, zangado, tentou corrigir o peão.

- Não é do parreira, animal, é da parreira. Parreira que dá uva, vivente.

- Nom mesmo, patron! É do parreira.

- Como assim, tchê?

- Patron, a parreira, que eu fala, nom é o árvore que dá o uva.

- O que é então?

E o alemão, com o típico sotaque germânico, sério com o momento, respondeu:

- Non do árvore, patron. Eu tá falando que o dona Marricota está embaixo é do Parreira, aquela novo peon, bunitinho, bunitinho, que tem aqui no estância.