Pra não dizer que não fui feliz (Dois)

Capítulo II

Foi tempo suficiente pra eu conhecer muita coisa nova. Apreciar boa parte do centro da cidade, as lojas, praças, mercado central. Ficava abismado com todas as novidades, já com pressa de voltar pra casa, queria contar para os outros primos que ficaram, das últimas novidades.

Chegou o dia, bem cedo ainda escurinho meu pai já estava preparando as malas de viagem, as compras, pois tinha aproveitado para obter também algumas ferramentas de trabalho. O charreteiro chamou e prontamente estávamos a postos, lá vamos nós. Cavalo, charrete e charreteiro... Cada um tinha seu barulho peculiar. Fique atento aos detalhes do barulho que faziam os cascos do cavalo no calçamento da rua. As luzes dos néons de todas as cores brilhavam no paralelepípedo e o charreteiro que fazia o pobre animal marchar mais rápido.

De volta em casa, minha mãe tratou logo de aprender o “corte e costura”, uma amiga que já era do ofício, prontificou a ensiná-la. Eu ficava sempre por perto, olhando todos os detalhes, mas o que mais me chamou atenção foi às rodinhas que existia nos quatro pés da máquina, parecia servir para remover a mesma de lugar. Elas aguçavam meu desejo de vê-las rodando. Pensava comigo – “Um dia eu faço essa máquina deslizar chão afora.” Da máquina, eu usava mesmo só a caixa de papelão na qual ela veio embalada. Abriram o invólucro e eu estendia o mesmo ali no chão, bem próximo a uma prateleira, onde minha mãe guardava os alimentos que eram contidos em latas de vinte litros, dessas que comprava nos armazéns, cheia de nomes de balinhas, bolachas e até mesmo algumas sem identificação.

Adorava receber elogios, quando chegava uma visita, estava eu ali debruçado desenhando aqueles nomes que nem mesmo sabia ler. O que eu mais gostava de desenhar era o nome “A imperial” me chamava atenção pelo tamanho e colorido das letras. Depois aprendi o nome “Leonam” era a marca da dita máquina de costura e minha mãe dizia que o nome invertido era “Manoel” que deveria ser o nome do dono da fábrica e mal sabia eu do destino que me esperava. Sempre de olhos nas rodinhas... eram uma tentação.

Certo dia, experimentei fazer com que elas deslizassem, mas foi inútil, a minha força física era insuficiente. Fiquei imaginando outra maneira de alcançar o intento. Não desisti até encontrar a solução... e encontrei!

Continua no Capítulo III

Juares Moraes
Enviado por Juares Moraes em 30/04/2009
Reeditado em 30/04/2009
Código do texto: T1567834
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