Pra não dizer que não fui feliz (Três)

Capítulo III

Acordei bem cedo, era meu dia, dia de colocar as idéias em ação! Não tinha muito com quem brincar, tinha que ser inventivo, usando das minhas faculdades de criança. Foi num domingo, quase sempre nossa casa estava cheia de visitas nos finais de semana, mas nesse dia foi uma exceção. Meu pai fechou o gado, fez a ordenha e foi cuidar d’outros afazeres.

Após o almoço ele foi repousar e eu colocar meus inventos em ação. Ao passar pela sala, olha quem vejo, encontroi o “Trabuco” dormindo. Desses cães vira-lata que a gente arruma facilmente em qualquer lugar. Mas o Trabuco era um cão especial até pelo próprio nome, era um cão muito distinto.

Pensei comigo: - “É hoje que meus planos entram em ação!” essas rodinhas terão que rodar...

O ímpeto me veio, pensei - O Trabuco me ajudando, com a força que tem, eu vejo o que sempre mais desejei... “Rodar as rodas”. Enquanto isso corri em direção ao curral, peguei uma peia daquelas que era usada para imobilizar a vaca leiteira durante a ordenha. Folgadamente o meu ajudante ainda dormitava solenemente, veja a sorte, tal como eu esperava... Pra que ele não me deixasse na mão, fiz um “laço-cego” dei um nó primeiro numa das pernas da máquina, assim evitaria que o cão evadisse do local antes de ser preso a corda. Preparei toda armadilha, depois gritei como minha mãe gritava -“Sai Trabuco” ele me olhou e não colocou muita verdade na minha fala. Busquei um chicote que ficava de costume pendurado na parede e dei-lhe sem dó, uma certeira chicotada no lombo.

Rodei bonito!

O danado do cão deu um salto quando se viu amarrado e tomando chicotadas, na força que ele fez, empurrei a máquina. Foi um barulho só, na força contraria a máquina “rufou-se” encima de um banco de madeira, com o barulho que se fez e o ganido do Trabuco, foi o ato inicial. Meu pai, do seu quarto, já gritou assustado perguntando - "O quê está acontecendo aí menino?"

Mais que rápido, desvencilhei o cão da peia e tomei rumo em socorro as minhas próprias "trazeiras", me mandei. Agora sabia que chicote e peia seriam poucos pra curar meu pai do susto, estrago deixado na tão sonhada máquina de fazer roupas e valiam mais que um "rodar de rodinhas"

Vem cá menino! – gritava meu pai.

Saí em disparada, atravessei o curral e tomei a estrada que dava em direção as casas de dois dos meus tios, uma na mesma margem a outra eu teria que atravessar a ponte. Juntei os pés no vento, dei só uma olhadela para trás, pra ver a “frochura” da distância que meu pai encontrava-se de mim. Pernas pra que te quero e ele gritando: – “Peraí menino”, vem cá... e a peia na mão! Eu olhava e corria, corria e olhava. Lá fomos nós meio ladeiras abaixo, quase no córrego a estrada bifurcava, aí tive que decidir "usar da sorte ou azar" pra onde seria mais seguro em meu favor...

Continua no Capítulo IV

Juares Moraes
Enviado por Juares Moraes em 30/04/2009
Reeditado em 30/04/2009
Código do texto: T1568135
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