VIVIDOS, OUVIDOS E RIDOS - causos de gaúcho - 06 - OU SE NÃO PANDERO

Este conta do raciocínio rápido e conclusões brilhantes a que o Batista chegava.
Andávamos cheios de problemas judiciais com arrendamen­to de terras. Uma barragem, construída pelo Noêmio Emílio Klüsener, em Santa Rita, rincão do Bororé, Itaqui, estava sendo ameaçada de arrombamento, na cota zero, por ordem do Tribu­nal Superior de Porto Alegre. Praticamente não tinha volta e perderíamos a lavoura de arroz, recém começando a cachar. O Noêmio nos cedia água em percentagem. Como a área alagada pertencia aos Conceição e eles nunca tinham acertado, moveram uma ação contra o mesmo. Ainda bem que o senhor Espiridião, Oficial de Justiça de Itaqui, muito vivido, foi protelando a exe­cução. A última tentativa foi um contato com o Dr. Darci Con­ceição, em Porto Alegre, que nos provou que mandara o Advo­gado respeitar lavouras em andamento, se as tivesse. Marcou uma reunião imediatamente, em Itaqui, e fizemos um acordo de transferência de percentagem, levando a bom termo a cultura. Após a colheita, foi procedido o arrombamento (uma lástima).
Uns dias antes, viajando para a granja, de saco cheio com tanta questão, falando sozinho eu disse:
— Também, se o vestibular em Santo Ângelo tiver poucos candidatos e a freqüência for facilitada, até me dá vontade de estudar Advocacia!
O eterno acompanhante Batista sapecou:
— Ou se não pandero!
Quando perguntei, após parar no acostamento com a barri­ga doendo de tanto rir, se ele estava louco ou o quê, respondeu:
— Como tu vive metido nesses troço de música, eu achei que tu devia aprendê a tocá pandero!