Nego D'água
Se é verdade, não sei,
Mas que todo filho tem...
Tem um rei!
Isso é veracidade.
Lembro-me ainda do que me foi
Narrado pelo meu pai... Nele confiei!
Pois agora já se partiu.
Ainda entes de ir,
Descrever-me tal foto ocorrido!
“Quando jovem na vida,
Lá pelas bandas das "Minas Gerais"
Um acontecimento se deu!
Na labuta de viver, a família se unia.
Pra plantar a terra e bem colher...”
Quase sempre distante de onde viviam,
O roçado, nele iam trabalhar...
Faziam das matas ribeirinhas
Toda uma bela plantação.
Era costume... Escolhiam ali
Na marginal do "Rio das Velhas"
Caudalosas...
Às vezes serenas águas correntes,
Um canto de chão,
Alguém oferecia pra plantar!
Na arrancada semana do ofício
Enquanto lavravam a terra,
Tinham que levar
O alimento pra se ter.
Ao voltarem pro rancho
Antes mesmo do descanso
Fato estranho puderam perceber
A comida ali, não estava como antes!
Do que durante a empreitada do dia
O mantimento do rancho desaparecia...
Era quem levava... o Nego D’água
Que no perceber da boa hora fazia!
...Que um dia,
Ao voltarem pro magote
Todos puderam assistir ao longe
O fato consumar... foi a prova!
De cabelos tesos... arrepiaram ao ver
Pois não acreditaram que fora verdade
A comida do rancho que sumia ...
Era ele mesmo...
Ao perceber a vinda dos lavradores
Sereno, saia em direção
Das águas do rio!
Meu pai, descreveu, contudo...
Como um homenzinho estranho!
Parecia ter um olho só...
De cabelos crespos pelo corpo
A "neguitude" se expandia
Da cabeça aos pés.
Ah! Moleque pequeno...
Parecia sambanga!
E o mistério da comida se desfez...
Verdades ou contos...
Não sei!
Mas que todo filho tem...
Tem sim... Um rei!