Fenomenal!!
CORRENDO ATRÁS DO AVIÃO!

Aliás, se houve algum fenômeno em Correntina, certamente estaria entre Geraldo Corujão, Roberto de Flozinha e Elias de Benigno. A trinca de ASES  de tantas peripécias, se revesava no podio das traquinagens.  Eram "laborentos" aos extremos. Enquanto um desafiava a força das águas, outro desafiava a competência das autoridades, enquanto nos áres, um outro,  se passava por um abusado Ícaro, que mesmo sem asas, insistia em querer voar grudado no rabo de um avião teco-teco.

Eles não se cansavam de estar em evidência nas rodas de causos, de meninos sentados num canto da rua, na porta de casa, ou em volta de uma fogueira nas noites de frio. Alí, certamente um deles era o heroi da noite e o exemplo tido como referencial. 
 
Hoje, dificilmente acreditaríamos na grande proeza de Geraldo Corujão e vai lá que o escritor aumente mais ponto no seu conto, Roberto de Flozinhatinha comoainda tem o pensamenti a frente do seu tempo, razão de parecer as vêzes tão utopico.Já Elias de Benigno  era o heroi mais realista de nossa tempo, menos drámatico e menos contestado. Quem de nosso tempo não se lembra dos lugares intansponiveis do rio? O remansão de Dona Susu, o sonrisal, a  pedra de remanso, o lajedão, o remanso de Celso, as comportas, a cachoeiral...  Elias era um dos poucos que desafiava o rio com seus saltos de flecha das ingazeiras e jatobás que na beira do rio, não só davam o ar indomavel do rio, como também alimentavam os cardumes de peixes, habitantes das águas... Naquele tempo o rio era um  girante deitado, que metia medo, suas corredeiras, suas maretas e maretões, seu leito profundo e suas pedras escondidas pelo turbilhão de águas,  que davam uma vazão extraordinário de milhes de litros por segundo... passou! quem conheceu aquele rio, hoje vendo o que resta, como um riacho doce que encanta quem não conheceu o rio até inicio dos anos 70.

Os causos que esses nossos personagens promoveram no contexto historico da cidade, (livro: Conto mais um ponto), tinham um quê de mistério e irreverência. Em 1992, quando escrevia o mencionado livro, Conto mais um ponto, tive uma oporunidade de uma longa prosa com Geraldo Corujão a respeito daquele feito que o fizera heroi de tantos meninos. Elle sorriu com aquele seu soriso maroto e aquele eterna cabeleira Presley e  desconversou dizendo:
- Agente se fala depois, vai imaginando e escrevendo, quando acabar leia pra mim.
- Não é bem assim, fala alguma coisa sobre o acontecido! Aconteceu ou não o que diziam ?

Até parece uma daquelas estórias da decada de 40 ou 50, quando se falava bastante das aparições estranbolicas de nossos personagens folcloricos. Ninguém duvidava da existência do Pé-de-Garrafa, do Nêgo-d´agua, imortal Sacy Pêrere. Partindo dessas primicias,  como não acreditar que Geraldo Corujão tivesse mesmo voado grudado no rabo de um avião ?

Pode tal proeza não ter acontecido, ao pé da letra?! mas algo aconteceu próximo a isso, para que o feito de Geraldo Corujão tivesse passado por duas ou três décadas, sendo contada de canto a canto da cidade, nas noites de lua, entre meninos tantos. Era sim Geraldo o grande heroi da molecada, que vivia correndo atrás dos aviões que pousavam na velha pista de cascalho fino, ao lado do campo de futebol, em Correntina, onde hoje fica a Escola Anisia Moreira.

Filho mais velho de Seo Otaviano  e Dona Geminiana, Geraldo escreveu seu nome no contexto esportivo, quando  de forma brilhante defendeu as cores verde e branco da Sociedade Esportiva Palmeiras e  o azul celeste e branco do Esporte Clube Cruzeiro, ambas equipes fundadas por seu grande amigo, Raimundo Martins da Costa, o popular Iôzinho. Teve uma passagem rápida pelos cenario das artes dramaticas e se popularizou na gloriosa Filarmonica Municipal de Correntina, sob a regência do mestre Nemério, como  tocador de tuba.  

Naquele distante fim de tarde,  Geraldo Corujão se tornaria o Rei do Céu, já que Elias de Benigno era o Rei do Rio e Roberto de Flozinha o cerebro intuitivo da Jovens Guarda.  Bob era copiado na roupa que vestia e influenciava  os jovens de  cabelos longos, na rebeldia de querer trilhar os caminhos misteriosos da vida, apostar no novo e deixar o amanhã acontecer como o sol,  sem  dá a preocupação de onde os levaria esse ou aquele caminho. 

Não se sabe ao certo, naquele fim de tarde, quem era o piloto do avião envolvido no episódio, naquele fiz  tarde; mas uma coisa era certa,  o piloto  daquele navarro mono motor não era  Totonho de Pedro Aleixo,  o  louco acrobata que fazia tremer toda a cidade, quando por ali passava, vindo de um canto qualquer do infinito.


- Seu cara de cú, vai assustar sua mãe! 
   
Gritava o velho Pedro Aleixo, pai de Totonho, saindo porta afora e se misturando com o povo, assanhado qui ném marimbondo no meio da rua. No fundo, o velho Pedro amava tudo aquilo que estava acontecendo, afinal, quem estava voando sobre a cidade era seu filho, piloto de avião, carinhosamente chamado por Totonho. O velho Pedro continuava a gritar para o alto.  - Seu cara de cú! desse já daí !

Essa expressão marcou a vida do comerciante  Pedro de Aleixo.
 
Um dia Totonho chegou a cidade querendo quebrar todos seus recordes de suas loucas acrobacia; deu um razante sobre na praça da matriz e segui em voo razante da ilhona até a ponte do mercado municipal. Ainda não havia o ranchão e o local era chamado de Ilhona;  depois subiu... subiu...  e voltou aos olhos de todos enfiando o avião entre as torres da igreja... e corre o povo feito manada para a praça do Mercado, onde sempre ele fazia um voo razante beliscando as águas do rio. Por pouco ele não se esbagassava diante de todos, quando quiz meter o avião embaixo da ponte e subiu derrepente, arrbentando a rede eletrica que passa ao lado.  Até hoje não se sabe mesmo o que ele pretendeu.  Foi numa dessas manobras que ele cortou o pé de mamão da casa de Dona Marcolina, mulher do Delegado Quinca. Por isso que supomos que o avião em que pontou Geraldo Corujão, não era o avião de Totonho de Pedro Aleixo. 

O povo corria de um lado para o outros, de uma rua para outra, tentando adivinhar a próxima manobra do show men!  que lá do alto via a cidade em pavorosa esteria. Ninguém tirava os olhos do céu e quando Totonha tomava a rota de pouso, uma multidão corria para pista de pouso onde era recebido como o maior heroi da cidade, o mais nobre filho da terra. Sorrisos, apertos de mão, abraços, tapinhas nas costas e os meninos assustados, com um sorriso indescritível no rosto a chama-lo de doido, doidão! 
 
Eram tempo de cantigas de roda, das historias de principe e do sapo e Cinderela... porém príncipe mesmo, por aquelas bandas, tenha sido certamente  Nezinho "o ourives". Podia não ter a cor narrada nos contos de fadas, mas o Principe Negro que encantava a mulherada da região do São Francisco. Pouco sei da origem daquele negro charmoso, de papo firme. Era um cara legal, mora!   que andava de figurinho atualizado, linho engomado um andar majestoso, voz suave e um sorriso transparente, assim era Nezinho, o ourives que não "tutubiava" diante dos pais de uma donzela e por mais durão que fosse a fera,  bastava um pedido de Nezinho e a donzela se juntava a outras que lotavam sua abobora, uma  rural william azul e branco, tipo esse do Carlos Tibério que hoje circula pela cidade. 

O Ourives se consagrou na alta sociedade de Correntina, Santa Maria da Vitória, Lapa, Coribe, Côcos, Carinhanha, Barreiras, Serra Dourada, Montalvania, Pirapora,  Montes Claros, por toda região  oestina. Nezinho tinha livre acesso em todos os lares, em todos os bailes e bares, sem que suas questões de fórum intimo, gerasse algum impedimento. O Negão tinha segredos guardados a sete chaves! Viajante pela redondeza, era inegavelmente dizer que não tivesse seus amores ocultos a cada porto; porém seu comportamento indiscreto e secreto, não deixava rastros para falatórios, que não fosse, os questionamentos de rapazes enciumados e  dizem que um dos seus apelidos era Nezinho, o Diamante Negro.
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Correntina era um recanto de mulheres bonitas, prendadas; quando menino, ficava eu fascinado, ao deparar com Elza de Seo Lormino que acabou casando com Joaquim Brotinho,  a beleza de Raquel de Moacyr, Rosinha irmã de Zé-de-Malvina, Rute de Zé Pedro,Verônica, Carmem, Miriam e Laura de Major Felix, as filhas de Petrônio e Dona Linda, Noelia de Dr. Lauro,  a ponto de se ter varias listas classificando as mais belas donzelas da cidade.  Eu mesmo criei minha lista:.
Fátima de Temístocles - Maria Rocha (Ziu)  Zoraide de Petrônia - Verônica de Seo Aurélio  - Ruth de Zé Pedro  - Edna e Elizateth Arantes - Mirian Araújo  -  Gláucia Verbena - Rosinha,  Noélia Araújo... porém em quase todas as listas. DINORHA Rocha  e RAQUEL de Seo Moacir se revesavam no primeiro e segundo lugares.
 
Muitas dessas listas foram originadas nos bailes de época, quando se elegiam a Rainha da Primavera, Rainha do Carnaval e tantos outros títulos, disputados. Felizes aquelas que Nezinho dava o braço para atravessar o salão, apresentando ao público. Seria a forte concorrente da Rainha apoiada pelos irmãos Badecos,uma familia de origem polonesa que residiam em Goiânia e desbravaram com outros herois caminhaoneiros, o serrado do Oeste baiano, com seus camihões que tranportavam além de cargas manufaturadas, carregavam os sonhos dos correntinenses, santamarienses, santanenses, lapenses, da Bahia pra o Goias, na dura e ardua travessia do Cerrado. 

Enfim, era uma Era de inocência,  a televisão só chegou na década de 80, na gestão do Prefeito Almir Bispo. O feito da televisão é inegável o avanço do progresso, mas para completar a desgraça do período de ouro do Cine Teatro Itala,  esse mesmo Prefeito demoliu o Cine Teatro de Correntina, cedendo o espaço para o Banco do Nordeste, erquido como  jazigo, sobre tantas lembranças.
 
Televisão mesmo, se contava nos dedos da mão as casas que tinha o tão cubiçado aparelho.  Na casa de Zé de Malvina, Joaquim Brotinho, Elias França, Epaminondas Vieira,  Seo Dió, Diamantino, Sinhá Santos e mais meia duzia de casas.A  tv ficava na sala principal, era objeto de ostentação, nobreza, das janelas o  publico disputava o  melhor anglo para vê o que acontecia na tv e tudo era uma novidade. Na casa de Dona Sinhá Santos quem tinha lugar cativo era Eduardo Gamela, que sempre trazia um peixinho fresco para a familia, como agrado pelo lugar cativo numa das quatro janelas da sala da casa. Até parece que Eduardo tinha a chave daquela janela. Ninguém tomava seu canto, mas as vezes o buxixo incomodava os donos da casa, que para não fechar as janelas desligava a tv preto e branco e esperava a plateia se dispersar, para depois com a janela fechada, assistir em paz a programação. 

O cinema em 16mm era outro grande atrativo na pacata cidade, mas para quem tinha uns trocados para o ingresso e nesto ponto valia a pena meu suado trabalho de garçon no Hotel de Vó Vivi. Ali eu garantia o ingresso do matine ou do cinema. Por muitos anos o Cine Teatro de Correntina ofereceu essa diversão, inicialmente pelas mãos de Dr. Lauro, Seo Helvécio que na maioria das vezes bancava a diversão. Definitivamente, de forma comercial Vadú de Mário de Caboclo assumiu a diversão mais popular da velha Correntina. Mais tarde no Galpção da Barragem, onde hoje funciona o COPEDUQUE,  Dr. Raul Arantes passou a exibir filmes, com preços simbolicos para a população.

Alguns filmes de  cawboys, humor com  Oscarito, Zé Trindade, Grande Otelo, Chaplin, Mazaropi... o cine teatro fora demolico, morreu com ele quase toda hossa história cultural, foram-se as peças teatrais, os cinemas de fim de semana e até hoje não ouvi uma justificativa do Prefeito de então, Sr. Almir Bispo, de sua atroz ação.  Foi um duro golpe para Dr. Lauro, Vadú e Seo Helvécio pioneiros no gênero nas projeção de filmes. Os filmes vinham passando de cidade em cidade do este e outros vinham de Goiânia, trazidos pelos irmãos Badecos. Esses ficavam mais tempo, aguardo o retorno a origem. Eram repetidos a exaustão e sempre tinham público para vê de novo e de novo e de novo, narrando o filme antes mesmo que a cena acontecesse. Diz Neto de Cordeiro e Louro de Manim que Vadú recriava os título dos filmes nos dias de semana para atrair público. Tarzan o Rei das Selvas, no outro dia era o Homem e o Chipanze, e depois O Homem Indomável da Selva. Ninguém reclamava, pois os cartazes era o mesmo só o preço que se reduzia pela metade, até metada de metada.  
 
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Ah, falar daquele tempo, daquela gente,  é como desnuvelar um balaio de meada, com pontas coloridas para todos os lados. Um assunto vai entrando no outro e outro no outro...


A imaginação era a maior riqueza que se podia ter naquela época e nisso os meninos eram ricos. Dá boneca de broto de milho, ao boi-de-osso; do dinheiro de carteira de cigarros, as cavalhadas barulhentas pelas ruas em seus cavalos-de-pau; quando não estavam em bandos, com varas de tabocas metidas nas bocas a soprar velhos dobrados, como se fossem a filarmônica municipal. Geralmente a frente estava o maestro Nego Alberto, que na ocasião organizou a mais afinada filarmônica de taboca da cidade, capaz de executar qualquer dobrado. Os meninos eram divididos em grupos, onde cada grupo representa um só instrumento, sendo obrigado a executar com a boca apenas o som de seu instrumento, em oitavas a cima e abaixo.
 
João Diamantino era o grande incentivador desses movimentos, recebendo os diversos grupos de filarmônicas em sua porta. Soltava foguete, servia sucos e biscoitos, dava vivas... Até a festa do Divino de Biscoitão e Wéden de Iôzinho, saia pela cidade acompanhada por uma dessas filarmônicas, tendo adiante, Miro de Adélia e Mirim Mudo, vestidos de Nossa Senhora, com as caras mais piedosas que se podia encontrar na face da terra.  Eram recebidos por Seo João e Tia Sinhá, Tenente Raul e Dona Lêda, quando esses, deixanvam a bela Cidade Maravilhosa e vinham passar uma temporada em Correntina e alí se deleitavam com a arte e a inocência dos meninos e meninas do lugar. 

Correntina era uma cidade de muitas personalidades, inclusive as exóticas, como Arnaldo Profeta,  Bentiví, o  garí, Wilson de Cinza, o mestre vaqueiro, Pedrito de Pedro Guarda, o louco peão, Zezé da bicicleta, Geraldo Corujão, entre outros, estava Elias de Benigno:  goleiro do Botafogo de Correntina; reserva do lendário  Afonso de Seo Anjo; além de ciclista era também o atleta do rio Correntina. Nas décadas de 50 a 70; quando o rio de Correntina tinha uma vazão superior a 60 mil litros cúbicos. Elias de Benigno era o próprio cartão postal  anexado ao rio, e por muitos chamado O REI DO RIO.
...

A década era de 60 e  Geraldo Corujão o personagem do momento.. O  nosso artista quando  em traje de gala, na filarmônica tocando tuba, nos faziam sonhar ser igual ele; cabeludo, de costeletas tipo Elvis Presley e tocador de Tuba! Outro instrumento de grande sucesso, para os meninos, era o trompete de vara de Seo Pedro Ferreira,  o  mais disputado pela  meninada, por ser o que mais se destacava na banda.  Geraldo sabia que era admirado, sabia que era um artista, com o tuba ou embaixo do travessão, defendendo a Sociedade Esportiva do Palmeiras e Cruzeiro. Depois então da pongar no avião, tornou-¬se ídolo de várias gerações.
 
Nessa época, correr atrás do avião, era um feito extraordinário; ficar atrás da aeronave, sendo empurrado pela força do vento empoeirado da hélice, sentindo os pedregulhos peliscar a pele...  que fenomenal!  sair correndo atrás enquanto o mesmo ganhava velocidade para enfim alçar voo...  Geraldo Corujão, não apenas correu atrás de um certo avião, como também conseguiu pongar em sua calda e voar grudado nela!. 
 
O avião corria prá levantar vôo e a garotada, que em pavorosa alegria, saíam correndo atrás dele, até onde conseguiam segui-lo; isso sem falar na correria no meio das ruas. Ao ouvir o ruído da máquina voadora, cortando os céus da cidade.

Com os olhos fixo nele, os meninos tomavam cada topada, estourando a cabeça do dedo, mas não desistindo do show. Era um misto de medo e fascinação. Um grito... um choro e lá iamos nós correndo para a praça do mercado, para pista de pouso ou para porta de Pedro Aleixo, pai do piloto maluco, onde não nos cansavamos de adimirar aquele maluco homem parafuso, sim! diziam que ele tinha parafuso por todo o corpo, só faltava ter o percoso preso por um bracelata de titânio. Existia na cabeceira da pista um grande coador, que intravada os meninos prá que aquela coisa pendurada num grande mastro... tempos depois descobrir que aquele cuador chamava- biruta, para indicar ao piloto a direção do vento. Avião na pista e a tarefa dificilima era diblas o Pai de Mariano, o seresteiro de Cristo, que vigiava sem colhidar o aparelho, para que os meninos curiosos não ficasse subindo no pequeno pedal, escada, para espiar a parafernalia de relogios no painel do avião. 

Certa tarde Geraldo estava entre os moleques que correriam atrás do avião, quando o mesmo disparasse pela pista de cascalho, para impulsionar o voo.

...


Mas qual é mesmo a origem do brazão Corujão
a que foi rotulado a familia de Seo Otaviano ? Seria herança de hábtos da juventude do patriarca ? Os cidadãos daquela época tinham o vícios, pois era mais forte que o hábito, de perambular pelas madrugadas frias do inverno e nas noites quentes o verão correntinense. Alguns chegavam a ir para cama logo que  noite surgia e levantava por volta das 23 ou 00 horas e amanheciam na rua e este habito noturno é comum as corujas, muito comum no perímetro urbano e na igreja matriz onde por muitos anos habitou uma familia de varias gerações. Tivemos a grata oportunidade de conversar a esse respeito com Dona Erminiana, esposa do Seo Otaviano; ela nos disse que na verdade, este aido começou de uma brancadeira, proveniente de um pequeno acidente  ocorrido na igreja matriz, por ocasião da festa do Divino.
 
O festeiro era o Major Felix e a filarmônica municipal, tocava em numa alvorada, dentro da igreja, quando a ave assustada pelo barulho voa de um lado para o outro e despeja no ar uma massa cinzenta... Era titica de coruja; ela defecou sobre a vasta cabeleira do jovem músico, Otaviano, provocando uma crise de risos nos componentes da filarmônica, que não conseguiram continuar executando o dobrado, senão depois de refeitos da crise e de uma "chamada dura"  do velho mestre Nemésio.
 
O fato virou motivo de chacota, entre o Major Felix e Otaviano e sempre que se encontravam o velho Major indagava Otaviano... “E a corujão Otaviano? Olha o corujão Taviano!” e assim foi indo... indo... uns e outros foram se envolvendo no contexto e acabou incorporando o CORUJÃO, no nome de Otaviano, que ficou desde então, como Otaviano Corujão e a coisa entrou para a hereditariedade familia. ouvindo e se espalhando, entre um e outro, que acabaram incorporando o nome da familia. Tornou-se apelido “Otaviano corujão” e apelido quando pega, fica para sempre, como ficou na família, passando para os filhos e assim ficou.
 
Um triste dia o velho patriarca sentiu que a visão estava ficando embasada, já não via com nitidez a luz do sol... era a catarata, que anos mais tarde lhe roubaria a visão por completo. Era o grande mal, naquele século! Num processo penoso e gradual, lhe impondo um sofrimento sem medida, o  velho mestre de obras já não podia mais exercer sua profissão de construtor. Momentos difíceis que os "corujões" souberam vencer unidos. Tai um motivo de orgulho do velho patriarca, que até o fim de sua existência, manteve a família unida e acima de todos os problemas, fossem sociais, financeiros ou saúde.

Os corujões foram e ainda são, uma família honrada; exemplo em todos os sentidos. Sempre tiveram o respeito e atenção da sociedade correntinense.  Não se levava em conta  o pavio curto da caçula Divina, que armava o barraco com toda a vizinhaça, pela manhã e a tarde, estava lá Divina aos risos com as filhas de Odília, Ozano, Josmira, as mesmas que pela manhã foram motivos de arranca rabo.  Era coisa de meninas. Se preciso, Divina saía na pedra, quando alguma das amiginha por deboche "zuava" o velho arvoredo de Santo Antônio e as novenas que até hoje acontece na casa dos Corujões.

Geraldo & Familia.

O cambão de osso era uma tradição, amarrada no arvoredo coloridos de laranjas e bananas ou outros bujigangas, para serem avançadas, quando o arvoredo caía, enfraquecido pelo fogo. Todos os anos, por anos e anos, a tradição se manteve de pé; novena no interior da casa e um arvoredo fincando no meio da rua...  cantos e preses e dpois  o café com petas, broas e refresco de Qsuco servido aos presentes... A ousadia de Marly e suas irmãs mais novas, reforçadas por Edson Biscoitão de Zé de Malvina;   que riam na cara de Divina com as mãos cheias de pêtas...  por vezes acompanhadas por Oélia e Hilda de Josmira,  infernizavam a vida de Divina,  que ficava indignada com as visitantes e como não engolia desaforosa corujinha, a pequena guerreira que não engolia desaforos... partia pra cima, expulsando as indesejaveis colegas de sua casa; o que gerava certos incovenientes, que eram abafados por Terezinha ou Jeová,  que acalmavam Divina e com jeito, convencia as amigas a irem vê o arvoredo na porta da rua.

Não eram apenas os corujões a terem esse rótulo, outras familias tinham suas alcunhas populares, como os Bingas, os Borrela, os Tobós, Os Gamelas, Os Tira-Infinca, e Galo Cego, a famlia do prefeito Elias França!  

A  tragédia da cegueira do velho patriarca abalou a família, que mais uma vez unida partiu em busca da superação. O velho Otaviano estava cego. Era fato! Sem aparente tristezas ou desespero. O velho Otaviano manteve-se na direção da família, orientando a todos quanto as novas atividades que haveriam de assumir, diante daquela tragédia. Não mais seria possível exercer os ofícios de alfaiate ou mestre de obras; tentou o jogo-do-bicho, onde muitas histórias se têm para contar, talvez em outra oportunidade.  O bicho do dia tinha o numero escrito num pedaço de papel, pelo velho Otaviano, posto num pequeno recipente e depois suspenso por um cordão até a ponta do mastro, até o final da tarde, quando encerada o periodo de apostas e relevado o "bicho do dia". Geralmente o bicho do dia era influência do sonho da noite anterior do velho Otaviano.

ENFIM, o avião estava pronto na cabeceira da pista... o turro do motor era ouvido por toda cidade e atrás do mono motor, estava um grupo de meninos... Geraldo de Porfírio, Geraldo Corujão, Amarantes de Moacyr, Juvenal de Zila e muitos outros certamente, quando o aparelho levanda do chão a parte trazeira... o vento espalha cascalho por todos os lados e os meninos começam a correr atrás do avião...  até que lá adiante o mesmo levanta voo...  em meio a poeira alguém grita...

- Olha lá, olha lá grudado no rabo do avião?
- o quê ? o quê !!!
- É Geraldo ! é Geraldo corujão !!!

Não se sabe, como ou quem, mas alguém gritou em meio a toda poeira que Geraldo estava lá, no rabo do avião, voando com ele... e o pior é que todos viram a mesma coisa...

O aviador, com o devido cuidado, procurou trazer a aeronave de volta,  certamente evitando manobras que  fizesse o menino despencar do rabo do avião,  porém por mais que evitasse, "dizem"  que na altura do Riacho, onde hoje fica a casa do Professor Evandro e Professora Sisi, o menino caíu, sobre uma imensa touceira de capim coloião,  que mais de dois metros de altura,  o que aliviou sua queta, tendo o mesmo apenas quebrado a perna.

A eistória prossegue, com Geraldo de perna quebrada, sendo admirado e visitados por dezenas de meninos, que queriam saber como era vê as coisas lá de cima e como ele havia conseguido manter-se grudado no rabo do avião... Geraldo sentir-se o verdadeiro centro das atenções e dizia o que queria dizer, como bem quisesse dizer. Todos acreditavam em tudo que ele dissesse e assim, chegou a minha década de menino a estória de que Geraldo Corujão havia voado, grudado no rapo de um avião e a cada decada que este causo sobrevivia, tinha detalhes novos acrescentados!. 

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Era o ano de 1992, num encontro casual com Geraldo, recordei o fato do vôo grudado no rabo de um avião, e falei-lhe que não havia possibilidade do fato ter acontecido; enumerando varias razões, inclusive de segurança, para que tal proeza tivesse mesmo acontecido e fiz como manter-se na cauda de um avião se não havia onde segurar?

- Você chegou mesmo a voar no rabo de um avião?
 
E Geraldo novamente sorriu um largo sorriso, que somente os heróis sabem assim sorrir e disse:
 
- As coisas nem sempre são contadas como ocorreram!. Mas a depender do rumo que tomam, tornam-se lendas ! e nunca se deve questionar uma lenda, por elas terem um papel fundamental na cultura popular de um povo e por ser de autoria popular.  As estórias pertencem ao povo e por eles devem ser contadas na forma que entenderem, sem que ninguém tenha o direito de quebrar o encanto que é a cultura popular, as lendas.  É melhor deixar como está!

pausa, respirando fundo e Geraldo finaliza...

- Veja bem Toinho, eu agora sou personagem de um livro... que bom, meus netos vão tomar conhecimento dessa história!  deixa como está, ou como você descreveu. A cada um sua própria crença!
...
 
O unico fato apurado com Tonho Corujinha, seu irmão mais novo,  que Gealdo realmente tentou trepar no rabo do avião, mas o supapo e o vento, o jogara no chão e ele quebrou a perna. Engessado, via Geraldo feliz da vida, repetir dezenas de vez essa história, como ele bem queria, afinal, não foi ele quem inventou que tinha voando no rabo de um avião, logo, não quiz também decepcionar aqueles que piamente acreditavam nessa  estória. 

A LENDA
Geraldo Corujão voou grudado no rabo de um avião.
Foto recuperada. Seria este o Seo Otaviano na mocidade? Por favor, quem tiver esta certeza confirme. 

 
Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 21/06/2009
Reeditado em 19/06/2014
Código do texto: T1660233
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