RUMÃOZINHO NA TORRE DA IGREJA - PARTE III

A programação da posse não terminou com a festa apimentada na noite de sexta-feira para sábado. (Parte II) O dia seguinte fui mais apimentado que a noite passada. As ruas movimentadas por cavalos, carros de bois, alguns automóveis e caminhões, fervilhava de gente que chegava a cidade vinda do interior do municipio, para participar dos festejos da posse do Prefeito Eustáquio.

Apesar do rótulo invisível, mais perceptível na testa das pessoas, até mesmo por laços familiares, onde o voto secreto era mesmo anunciado entre os eleitores, nas banderolas e flâmulas estapadas nas paredes internas e externas da casa,; coisa que não afetava o eleitororado do municipio, pois o rótulo era uma marca assumida apenas pela liderança da localidade. Se ganhou ou se perdeu, os méritos e as consequencias era coisa por ele e tão somente ele, sofrido.  Eleição ganha, os caminhões paús-de-arara chegavam para carregar aos montes, os eleitores para cidade, embora muitos não dispensasem seu cavalo baio ou alazão, para com ele desfilar pelas ruas da cidade e poder ir e vir sem depender de automóvel ou caminhão.

Era sábado e sábado, já por tradição, é um dia mais apoquentado na pacada cidade de Correntina; é quando os agricultores do municipio vêm a sede para não só vender suas produções agricolas, como também se atualizarem das questões religiosas; visitar as lideranças políticas, exibir seus cavalos e , beber muita cachaça. Naquele sábado porém, era um sábado especial, era o dia da transmissão do cargo do prefeito Elias Franco para o novo prefeito Eustáquio Moreira Alves.

Nada me tira da cabeça de que foi nesse de Eustáquio Moreira Alves foi iniciado o processo de emancipação do Jaborandinóplis; a mais forte localidade do municipio de Correntina, até então a mais desenvolvida, com um numero de eleitores e comércio, que justifaca sua emancipação. Lembro-me bem da figura dos irmãos  Fogaça,  lideranças locais e oposição dos Moreira Alves. Os Fogaças costumavam hospedarem-se no Hotel de Vó Vivi, quando estava na cidade e do outro lado. Os irmãos seguiam a corrente partidário do Dr. Lauro e pra onde se debantasse o doutor, Arena II, MDB ou fosse o que fosse, lá estava Jorge e seus seguidores, pronto para compor o exercicito de luta do doutor.

Dezoito anos depois daquela eleição de 1966, precisamente em 1984, o genro do Prefeito Eustáquio Moreira Alves, Sr.  Marcão, assume o lugar que estava destino para o herdeiro do Prefeito Eustáquio,  o filho mais velho conhecido por Chico, que infelizmente morrera em uma acidente, não sei confirmar se de avião ou automóvel e então Marco assume a hierarquia sucessória ao ser encaixado no secretariado do Prefeito  Bispo, que dele acaba sendo o indicado a sucessão. Pronto! estava consumada a emancipação do Jaborandinópolis, o grande sonho do Prefeito Eust´qauio e do seu filho Chico. A emancipação de Jaborandinópolis não era só  uma questão política, mas uma luta de poder, entre os Fogaças e Moreira. 

...

As difusoras de auto-falantes a Voz Municipal e a Voz da Esperança, naquele sábado, não travara os memoráveis embates políticos, caracterizados no período da campanha, quando era comum vê cidadãos sentados às portas de suas casas, ou não chão das altas calçadas, ouvindo atento os pronunciamentos dos candidatos ao pleito.

Os últimos acontecimentos aumentavam a fervura do caldeirão, atiçado pelos grupos políticos, nos bares, esquinas, em  todo lugar o assunto  consumia  horas de embates, repletos de por quês, teses  e razões especificas a cada candidato. A cidade parava para ouvir os impecáveis locutores, JG, como eu, menino, costumara chamar o poeta João Guerra, filho de Seo Zeferino e reforçando sua locução clássica, ponderada, estava lá o velho e inimitável Vieira, que não aliava nada do que tinha de falar. Sua principal característica era atacar para se defender e nessa, se o adversário mostrasse fraqueza, era mesmo massacrado, aniquilado sem dó ou piedade pelo eloquente e desbodado Vieira. Pelo  outro lado tinha   Iôzinho, Raimundo Martins da Costa, o entiado de Vivi  e os próprios candidatos majoritários, que faziam usos da palavras em seus horários  políticos, travados nos serviços de auto-falantes da cidade.

Naquele sábado a pequena rua onde morava o líder político da arena, Elias Franco estava intransitável; de Jaborandinópolis não parava de chegar carros paus de arara com convidados para a festa, desde festa da vitória, ocorrida na noite anterior e fatalmente sabotada com pimenta (parte II). A cidade estava repleta de eleitores e suas parentelas. Nas entradas da cidade, dezenas e dezenas carros de boi, cavalos, jumentos e bestas enfeitados, alguns desfilavam pela cidade, com as cores da Arena 1. Bandeirolas enfeitando as ruas por onde passaria a comitiva do prefeito eleito tinham se mantido do dia anterior e bastava seguir as fitas de banderolas, para vê que numa estremidade estava a casa do novo Prefeito Eutáquio Moreira Alves, passando pela casa de Seo Elias Franco, terminava de fente a prefeitura municipal. Porém a porta da casa do velho Major Felix Joaquim de Araújo, visinho de parede da prefeitura, tinha seu espaço anulado, sem enfeites, afinal era ele o mais auto escalão da oposição no municipio. Mesmo tendo sido o responsável por introduzir e eleito, na política o Prefeito Elias Franco. O velho Major perdia mais uma vez a igemunia do poder local.

O foguetório era uma praxe arenista, daí ela ter recebido o apelido, de seus adversários, de ARENA FOGUEITEIRA e naquele dia ela começou ainda na madrugada e empinar morteiros, quando a filarmônica disparou uma seqüência de dobrados e o locutor oficial da Arena, funcionário de carreira da prefeitura, JG fez entrar no ar o serviço de auto falantes a Voz Municipal, saudando o novo dia, com promessas de progresso.

- E com este prefixo musical, entra no ar o Serrrrviço de alto-falantes A voz do Município, saudando sua excelência o prefeito de Correntina, Eustáquiiiooooooooo Moreiraaaa Alvessss. Bom Dia Correntina, a festa continua !

De tempos em tempos lia-se notas de protesto enviadas pelas lideranças do partido e colocava-se uma gravação do prefeito, agradecendo ao povo sua eleição. A estreita e curta rua de Elias Franco parecia uma casa de novena do santo padroeiro, ou festeiro do Divino. Cheia até a tampa! não se tinha espaço para passar uma bicicleta e aquele movimento se estendia para as demais ruas. O eleitores do municipio mostrava, desde então, quem definia os rumos políticos do municipio, desde o pleito anterior e a moda pegou... Por consequência Correntina até hoje não tenha desenvolvido o que tinha por desenvolver, dada a visão caótica e a falta de preparo dos prefeitos interioranos, eleitos pelos seus representantes natos, também agricultores, simples, modestos, mas sem o conhecimento necessário para desempenho do cargo.

A Voz da Esperança nesse dia só entrou no ár por um breve período, para se defender das acusações de mandante da sabotagem no baile da vitória. Expedito Vieira de Alcantara era o autor dos textos mais picantes e ele mesmo fazia questão de entrar no ar para lê suas notas de protestos. Apelidado pelos adversários de “perneta”, cuja a resposta estava na ponta de sua pena. Expedito era portador de deficiência em uma das pernas, sempre fez uso de uma muleta para se locomover e costumava dizer que sua outra perna era um 38. Com uma forte eloqüência e o timbre de voz próprio dos ditadores, além de não ter reserva de palavras, Seo Expedito era orador inquestionável em sua eloquencia, pena que não tinha reservas de palavras e para ele, adversário era inimigo declarado, para os queais não tinha piedade e batia enquanto podia bater, até trucidar o algoz, tirá-lo de circulação. Ele sempre teve papel atuante na política municipal, passou por todos os cargos publicos, até mesmo de prefeito interino, já que foi vice de um tiranosauro que fiz questão de banir seu nome de meu discionário; mas Seo Expedito Vieira foi escrivão, delegado, vereador, Presidente do Legislativo Municipal, Vice Prefeito, tesoureiro municipal e alguns cargos foi ocupante por mais de uma vez.

Expedito Vieira se caracterizou pelo seu estilo inconfundível de “bateu, levou” por vezes nem precisava bater, bastava assoprar e lá estava ele, implacável com seus adversários a deferir golpes certeiros, com suas ações judiciais, ou discursos inflamados a reduzir ao pó seus desafetos. Quando em conversas acaloradas, tinha o hábito de arrastar uma “porrrraaa” transbordantes de R´s, a ecoar a vogal final, como extenção de seu fôlego.

Assim era o imbatível e autêntico “vieira”, outro pós ele, tentou levantar-se, mas era uma imitação barata "made in paguaias". Não vingou e nem conseguir o mínimo, que seria escrever seu nome nos anais legislativo do municipio, mesmo se fazendo valer de um bacharelado. O conhecimento é também um dom nato, Senhor bacharel.
...
Já era sábado, boquinha da noite e na mesma prefeitura onde ocorrera o baile apimentado, seria agora a transmissão do cargo de sua Excelência o Prefeito. Já passava das oito horas da noite, quando os discursos começaram a ser proferidos no salão da velha prefeitura. Era uma normalidade assustadora, para os que viveram a noite anterior, naquele mesmo local; quando enfim JG anuncia o prefeito eleito:

- Com vocês, Ele, o homem que o povo escolheu para colocar Corrrrentinaaa no rrrumo da prrrrrosperidade, do desenvolvimento... Sua excelência, prrrrrrefeito de Corrrrrrrrrentina... Eustáquiooooooo Moreira Alvesssss!

Não se ouviu mais nada; A Arena mostrava por qual razão havia sido apelidada de Arena fogueiteira ! Os fogos de artifício tomaram o céu numa chuva colorida de cores e pipoco; no chão e sobre os telhado do casarão do velho Major Joaquim Feliz. Era pirraça mesmo, porém aquela altura o velho Major descansava em sua pequena fazenda próximos as Sete Ilhas.

Inesperadamente o sino da matriz ao lado começa a badalar num estilo ritual e por demais conhecido na cidade Blém...(intervalo longo) Blém! Blém! (intervalos curtos) Blém... Blém..(intervalo longo) Blém! Blém!... Blém! Pelo badalar do sino da igreja os fieis sabiam de que se tratava; aqueles batidas anunciavam o falecimento de uma criatura pecadora na cidade, mas quem ? se "nunca na história desse país" digo cidade, alguém por mais importante que fosse, fizesse badalar o sino naquela hora da noite ?

Nem mesmo se fosse aquelas batidas de repicados alegres, que anunciavam a morte de um anjo, acontecera em meio a noite! Quando o sino da matriz repicava alegre ou triste, aquele ritual de badalo, a cidade em peso se indagava? - Quem morreu? Certamente algumas rezadeiras de almas, entre elas a inesquecíveis Coâns, tomavam o rumo da casa do morto, onde de forma convicente, choravam a dor da perda. O que de certa forma deixava a familia confortada, ao saber que todos choravam seu morto.

- Isso não é verdade; onde já se viu anunciar a morte de um pecador a esta hora da noite ?

- Por certo deve aparecer um grupo de rapazes vai adentrar a praça, carregando um caixão simbolico, em ato protesto...

- Ah! se isso acontecer, vamos quebrar todos eles no pau (esbravejo o temível Sagto Cabral), Zé, Tonho, Heleno e João Carcereiro, tomem as entradas da praça, Tezim e Gelego, vão até a igreja eu fico na esquina da casa do Major, vamos ! vamos!

- EEEE, Roberto vai se dá mal! (disse sorriso o pequeno esquife)

Sgto Cabral foi o mais temido militar destacado para o municipio. Com ele não tinha conversa mole, bastava ser oposição ou filho de alguém aliado a ela, para conhecer o cacetete do negão. Agora ele dava as ordens, porém não havia nenhum movimento vindo das ruas que davam acesso a praça, mas as batidas do sino continuavam sua lamúria fúnebre, enquanto os curiosos se dividiam entre a cerimônia e o suposto cortejo em meio a noite. Alguns ainda acreditavam ser um ato de protesto, mas a maioria dos presentes, piamente acreditavam seu um fenômeno inesplicável. Coisas do outro mundo ! a torre da direita, onde ficava o sino, voltavam cercada de gente apavorada, pois não viam quem batia no sino... uns correram para a prefeitura, dizendo aos outros:

- O sino está batendo sozinho ! não tem ninguém no mirante do sino!

A curiosidade foi instantânea e logo logo em torno da torre uma multidão se aglomerava, esquecendo da posse do prefeito, que de improvisso fechou sua falação.

- Mais uma vez, estamos sendo vítima dos sabotadores da democracia, o inconformismo dos moribundos não apagarão o brilhantismo que há de ser a administração de Eustáquio Moreira. Tenho dito.

E assim, Elias Franco, que aguardava o fim do discurso num clima de entusiasmo, passou a faixa para o novo prefeito, sem mais delongas e novamente a praça é tomada pelo foguetório e vivas, que vinham de dentro da prefeitura, e o povo, dividido, entre lá e cá.

A iluminação era precária nada facilitava a visibilidade dos que tentavam vê quem badalava o sino daquela forma. A igreja estava toda fechada, rapidamente tomaram providencias para abri-la.

- A cheve da igreja, quem tem as chaves da igreja Seo João Grosso?

-É Babujo, o sacritão Babujo!

- e... e!! Babujo ! o filho do Major?

- Isso mesmo, ele é o sacristão e zelador da igreja, não vai querer vir abrir pra nós.. Ah! Piroca irmão de Raimundo Barata, coroinha, também presta serviço de locução a igreja, ele deve ter copia da chave!

- Bem lembrando João!

- Mas é tudo gente da arena 2!

- Da arena 2 do raio que os partam! pôrrrra!!! (bradou Expedito) Mande gente na casa deles buscar a chave, a ordem é do prefeito e do Sargento Cabral!.

- Isso é coooiisaaa doo Rumãozinho! (tutubiou o bêbado, ao lado)

- Será se é ?

- Essa coisa encostou na casa de Godão de Maria Nova e olhe que deu trabalho pra saír de lá!

- Até o Rumãozinho tá com a Arena 2?

- Vê se ti cala Bolinha! ou vou pensar que você torne pela Arena 2!

- Fala isso não rapaz ! benze a Deus rapaz!

- Bolinha fica dando ouvido a esse bêbado!

- Euuu sou Arena 2 e não abro ! olha o pé ó!

Iozinho de Raimundo Sales, que morava em Goiânia, um comediante nato, veio passar umas férias na cidade e para quebrar o clima hostil entre Arena 1 e Arena 2, por ter parentes nas duas linhas partitária, chegava a casa de um e diz ser da Arena 1 e ao mesmo tempo em que afirmava com a boca, dizia aos ouvintes: Vivi vai ganhar ! Olha o pé ó! com o pé acenava de um lado para o outro, fazia, como se faz com a cabeça, um aceno de NÃO! e a coisa pegou de tal forma que quando se queria brincar um fato, dizia-se com a boca e contradizia com o pé.

Enquanto isso na torre...

- Esse povo da arena 2 tá com despeito Seo Expedito, ninguém vem abrir a igreja não!

-Arena 1 Arena 2, a puta que pariu! Pôrrrraaa! Para com isso! Afinal, alguém já foi providenciar a chave da igreja!

- Fiza zangado não seo Expedito, e que eu acho...

-Você não acha nada! Rispa agora e me chega já com a chave, pôrrrraa!

- Zanga não seo perneta! Ô ! zanga com o Rumalzinho !

- Tira esse bêbado de perto de mim ô!!!

O bêbado incomodava a todos, enquanto alguns rapazes saiam correndo para providenciar as chaves.

As opiniões se multiplicavam e se espalhavam em suposições, quanto ao que acontecia

- Vocês estão esquecendo o endiabrado neto do Major?

- Pode ser, pode ser mas aí tem um montão de suspeitos, Raimundo Barata, Nêgo Alberto, ZimZim de Zé de Malvina, são todos da Arena 2!

- Não! Barata não! pode ser coisa do filho de Neno de Bezinha! Este sim, é pestiado como o Neto do Major, são meio parentes! São como boi de canga, um vive atrelado ao outro !

- Desta vez pegamos esses moleques, damo uma sova de couro crú ! que ele nunca mais vai esquecer !

Duas velhas lanternas passa de mão em mão, cada um acha uma coisa e ninguém vê nada... O foco da lanterna não foca ninguém, no interior da torre é um só breu; até Militino, com sua lanteja e seus óculos luneta, tenta vê o que se passava no mirante da torre, onde estava o sino... Militino mal via as letras da velha biblia que ele usava durante as missas, as luzes da igreja acessas e ele ainda usava a laterna a um palmo, entre os olhos e biblia...

E o sino volta a bater pela terceira vez...

Blém... Blém, Blém... Blém!...

Eram muitos os comentários e os primeiros suspeitos apontados foram os coroinhas do Reverendo Padre André, cujos pais eram oposição a Arena 1, exceto Mudim de Temístocles, cabra bom de matemática e carola até o caroço. Junto com seu irmão Pedro, auxiliavam Pa André nas santas missas...

- Seo babujo! Seo babujo!

Insistia o mensageiro a chamar na porta de Antônio Araújo, quando o velho carpinteiro irritado abre a janela um tanto destemperado!

- Que vexame é esse? Quem tá morrendo! não sou eu quem dá "extremusão" é Nego Adalberto !

- Não tá morrendo, mas pode morrer um montão de gente! Seo Babujo. É que tá acontecendo uma coisa lá na praça e o prefeito e o delegado mandou o sinhor abrir a igreja urgente.

- Nem o prefeito, nem o delegado mandam na igreja, lá é território sagrado; casa de Deus não é palanque de política; não me amola que é hora de dormir, tenho muito o que fazer amanhã!

- Não seu Seo Babujo, não fecha a janela! tão dizendo que é o Rumãozinho que tá na torre da igreja, o sino tá batendo sozinho!

- Então eu não tava sonhando... ouvi mesmo o sino bater... mas quem você disse que ta batendo o sino?

- O Rumãozinho da arena 2 que tava na casa de Godão.. (falou o outro, com ar de assustado)

- É mais fácil ser o Rumaozinho da criação exótica do velho Chixico, (debochou Babujo...) Vão e diga que tô indo!

O velho Chixico era o "Pantaleão” de Correntina! Costuma dizer que tinha uma excêntrica criação de criaturas mitológicas em sua pequena chácara, na região da Luzia; dizia ter lá uma família Pé de Garrafa; um cavalo unicorne e duas éguas aladas; uma mula sem cabeça; um rumãozinho solteiro que chorava toda noite a ausência de uma companheira, sem falar no filhote de baleia; que quando mexia o rabo fazia ficar barrenta toda água do rio, por uns dois dias; além de se passava como um grande criador de gado, do oeste da Bahia, se fosse apurar, podia ser até do Brasil. Uma ocasião passou pela cidade um fazendeiro de Minas, comprando gado e lhe indicaram que procurasse o velho Chixico. O homem confessou a Canô ter ficado abestado, diante do poderio daquele homem, fazendeiro milionário e tão humilde. Ele fora até o velho comprar umas cabeças e o velho lhe disse que vendia gado por tempo de porteira aberta:

- Você diz quantos minutos quer de gado eu abro a porteira e mando tenger a manada o que passar você paga pelo tempo!.

- Que tempo leva duas carretas de boi, Seo Chixico ?

- dois ou três minutos, depende muito da bitola da porteira e se pagar em dólar, dou uns 15 segundos de lambuja !

- Bitola da porteira ! que é isso ?

- Tenho cinco largura de porteira, para cada um tem uma tarifa; mais larga para mais, mais estreita, paga menos, claro!

E o homem ficou imprescionado...
...

Enfim chega Antônio, ou seja, Babujo, para abrir a igreja. Era uma tarefa humanamente desagradável para o sacristão, filho avulso do Major, dar a confiança de entregar a chave da igreja a alguns membros da arena 1; se ainda fosse Seo Pedro Guerra ou João do Fino, menos mal, mas não eram eles que estavam naquele “providenciamento” para entrar na igreja e pegar o batedor do sino.

Ao abrir a porta lateral da igreja, todos se olharam como se querendo vê quem se habilita a tirar a prova dos nove! Quem tomaria a dianteira do grupo rumo a torre direita da igreja, para apurar os fatos? Troca de olhares se cruzaram...

Expedito, dado sua condição física, não se arriscaria entra na igreja, escura, apenas o vulto das gigantescas imagens, que pareciam se mover olhando na direção de quem lhe olhava...

- Ligue as luzes Seo Babujo!

- Aqui só liga o altar, as outras é na sacristia ! (e com uma lanterna adentrou rumo a sacritia, onde acenderia as luzes)

Ao acender as luzes do altar, a igreja ficou a meia-luz e pôde se vê Nosso Senhor dos Passos, curvado pelo peso de uma enorme cruz de madeira bruta, que mal seria capaz de dá um passo adiante. Seu olhar sofrido parecia nos mirar para qualquer lado que fossemos. Várias versões de Nossas Senhoras, a de Fátima, da Conceição, uma com Jesus morto ao colo, outra sobre as nuvens e a seus pés uma dezena de cabeças de anjos sorridentes, era nossa Senhora da Glória, a padroeira da cidade, no altar central.

Estava ali assustados homens experientes, acostumados a pegar na alça de um caixão de finado pecador... O velho fiscal municipal Odilon foi quem rompeu o clima, deixando uma frase para trás:

- Vocês são tudo uma cambada de frouxos, vamo lá compade Xexéu !

Era visível a cara de medo do soldado Galego, escalado para entrar com os cidadãos. Como soldado que era, empunhou a arma e fez frente com o velho Odilon e Odílio, que já iam adiante, passo a passo, segurando nos bancos... Uma velha coruja, descendente da ancestral que dera origem ao apelido dos “corujões”, voa assustada e ralha contra os invasores que lhe perturbam o sono. Odílio dá um grito, ao assustar e se esbarra no soldado, que com a arma em punho, efetua um disparo acidental... A porta ficou pequena para saída simultânea de cinco ou seis pessoas que haviam entrado na igreja.

Lá fora a gritaria intensifica.

O sino bate agora aleatoriamente, sem nenhum ritual; a cerimônia na prefeitura foi de vez esvaziada e pedia que lhe mantivesse informado.

- Mataram o Rumanzinho ? Soldadoo Gagalelego meteuu balaaa no Rumãozinho!!! Entreerre ellee de noovo! Mataaa ele de noovo! O Rumanzinho pegou soldado Galego!

- Mataram Roberto de Flozinha ?

Era o bêbado, gritando na porta lateral dos fundos da igreja. No alvoroço cada um gritava o que lhe vinha a mente, entre eles bêbado que o vento desequilibrava, não parava de dizer O soldado se desculpa e justifica a cúpula eclética Pedro Guerra, João de Atílio, Militino, Sinhô e o seu pai Dió. Não mais se destingia quem era arena 1 ou arena 2. Seo Pedro Guerra ficou soltando faísca; Militino queria a todo custo tomar a arma do soldado. Que diria Pa. André ao saber que homens armados entraram na igreja e chegaram a efetuar disparos? Ainda bem que as balas não atingiram nenhuma imagem.

Enfim chegaram a escada de acesso a torre e claramente viram que não havia ninguém no mirante.

- O Pilantra já escapou! ou deve estar escondido no coro da igreja, pois aqui só tem morcegos!

- Morcego é bicho de estimação do tinhoso (o bêbado agora estava dentro da igreja)

- Que tinhoso que nada rapaz! Quem deixou este bêbado entrar ! Circulando! Fora! Vê se o capeta tem lá “tupete” prá entrar numa igreja!

- Ora se tem! (gritou da porta Jonas de Ludugero)

- Ele esteve em pessoa ao lado de Jesus, querendo fazer Ele pecar! Pelo visto você não conhece nada de biblia soldado, nem do poder do demo!!

- Rezo um credo na fusa dele e pronto!

- Coitado do soldado! Na primeira rajada da venta fumegante, borra as botas!

- É, mas aqui não tem ninguém, nem precisa subir até lá, seja
quem for, fugiu pelo telhado, mande vigiar se alguém desse do telhado!

-A luz interna da torre está queimada! Não tem mais nada para acender. Só me falta essa, apolítica querendo pegar o Rumãozinho e insistem que ele tá nesta santa casa. Falou Babujo para Jonas.

- Por quê Pa. André não tá na cidade uma hora desta? Era um bater de dedo e fosse o que cão que fosse, saía grunido feito uma cadela seca.

Os homens desceram do coro e já estavam no último degrau. quando o sino volta a badalar... prontamente os corajosos escudeiros Arena voltam o facho de luz para o mirante da torre... Ninguém!... outra vez ninguém, mas o badalo bate vibra de um lado para outro e bate...

Blém... blém... Blém... blém...

-É o Rumãozinho! É o Rumãozinho! (grita o bebado ao sair pela porta lateral, correndo cabaleante).

A notícia da assombração ou alma-penada, fosse lá o que fosse, se esparramou feito poeira de redemoinho pela cidade. Uns dizia que “o coisa ruim” tinha saído da casa de Maria Nova e se alojara na torre da Igreja; revoltadas as beatas do Sagrado Coração de Jesus: as Dioras, Neném Guará, Sinhá, Diolira, Tutinha e Dona Ana de Temístocles que junto com os Marianos começaram uma vigília ao pé da torre para expulsar o “Tinhoso” da torre. Era ladainha atrás de ladainha, tantas ave-marias e credo que não havia diabo que pudesse resistir tanta barulheira; mas ele, supostamente, estava alí, assombrando a todos.

- Gente! Chame o compadre Moacyr que se for coisa do outro mundo ele resolve na hora. (Lembrou João de Margarida que já estava presente entre os curiosos).

- Tá maluco João, (disse Seo Angelino), a Deus o que é de Deus e a Cesar o que é de César! Não confunda as coisas! Moacyr é um bruxo!

- Nem tudo que dizem se escreve !

A noite já se estendia pela madrugada, quando surge na esquina de Seo Ze Fino, outro grupo de beatas; traziam a estátua de Nossa Senhora da Glória, que estava em peregrinação pela cidade. Saíra da casa de Safina, acompanhadas por Dona Enriqueta de Marcelino, Linda de Petrônio, Analia e Amália, Dona Sinha de Pedro Guerra, até Sinhá Santos, que nunca saía além da porta de sua casa, estava alí, cantando, o hino da padroeira Nossa Senhora da Glória, mesmo com seu eterno luto pelo finado Felipe Santos.

Não há demônio que resiste ao louvor, diziam entre sí, então cantavam e cantavam o hino da padroeira, caminhando rumo a torre da igreja, tomada por curiosos em sua volta...

Quando surgem lá dos fundos da casa de Dona Flozinha, Zim Panquinha, Valdo de Jacira e JGa, entram pelo beco de Seo Céres; voltavam para casa depois de discutir os últimos acontecimentos e tomarem todas no Bar Rochinha e do Afonso. JG não deu bolas para o furdúncio na porta da igreja e entrou em sua casa que alí ficava. Ele estava irritado com tudo aquilo. Dizia saber quem estava por trás de toda aquela presepada. Não acreditava ser esse tal de Rumãozinho. Antes de fechar a porta viu Zim Panquinha se esparramar pelo chão calçado de pedra jacaré, feito folha seca, nem deu bolas e ataiufou-se casa adentro.

- Bém... blém... blém... desorganizadamente o sino bate.

O sino tinha volta a bater, enquanto Paquinha se debatia no chão. E lá na esquina da cadeia o povo numa inconfundível muvuca ! Beatas e marianos intensificavam as preces, enquanto Zim de debatia e se panderava embaralhado de naylon pelo chão. Valdo e Vani correram para vê a muvuca popular em torno da torre da igreja, que nem perceberam o amigo no chão... Zim levantou-se e foi-se, resmungando.

- O diabo foi solto por mil anoss! Arrependei-vos de vossos pecados, irmãos, ouve minha voz que clamo, como clamou João no deserto... Arrepeidei-vos enquanto há tempo. (Gritava Arnaldo profeta, com a Biblia suspensa no ár! )

A coisa saia do contexto político, para entrar na superstição religiosa. Ninguém mais discutia política, não se havia mais partidos e todos se misturavam. Era tudo uma só arena, contra o inimigo das almas. Quem afinal batia o sino da igreja ? Houve quem jurasse estar vendo uma luz estranha no mirante da torre durante a noite.

Seo Hélio, que por várias vezes passara pelo local, assistindo a tudo lá da porta de seo Zé Fino, tirou o uniforme da filarmônica, convocada para tocar na festa de diplomação e foi rápido para casa acionar sua pequena indústria de suco no saco, espetinho carne e laranja pera descascada na hora. O movimento dava certeza de faturamento extra. Dona Hilda até que tentou dissuadi-lo da idéia, mas ele alegou que não podia perder a oportunidade. Acordou a turma e ativou seus pequenos e dedicados operários.

Se fosse mesmo coisa do Rumãozinho a coisa poderia se estender semana adentro, já que a coisa na casa de Godão e Maria Nova foi público e notório, em toda cidade, por mais de sete dias, até que a casa fosse exorcizada.

Não era essa a paciência de Dona Melânia. Afinal o Pa. André estava fora da cidade e até voltar, iriam todos suportar aquela lenga, lenga! Dissera alguém que na casa de Godão “a coisa” só acalmava quando o dono da casa servia uma pratada de galinha ao molho-pardo, sobre o telhado; então lá vinha ela cantando um credo pela praça, carregando uma bandeja de frango ao molho pardo nas mãos! Não se sabe como, mas a notícia de sua vinda já era motivo de reunião entre a cúpula dos irmãos Marianos, das irmãs congregadas do Coração de Jesus e as filhas de Maria. Seo Pedro da Paz assumiu a presidência naquele breve e rápido concílio. Decidiu-se que Seo Quinca Baé, Sinhô de Dió, Porfírio, João Grosso, e Seo Nengo de Judite; juntos, com as irmãs Diora, Lelé e Nazinha, que não se manifestavam politicamente em favor de qualquer corrente partidária; tinham agora a missão de parar Dona Melânia, com diplomacia, antes que ela chegasse ao pé da torre e alí colocasse aquele despacho, para o santo ou diabo que tocava o sino da igreja.

Era uma sacrilégio que Padre André não admitiria. Se Dona Melância, mulher de poucas palavras, desconfiasse de algum tipo de preconceito para com ela, o concilio improvisado receberia declaração de guerra e a coisa então ficaria preta; era o Rumãozinho em cima da torre e Dona Melânia em baixo . Ela era um Católica Apostólica Espírita, como muitos que se dizem católicos e vivem fazendo reuniões para invocar os mortos e deles receberem profecias e orientações. Que bom seria a vida se nossos entre-queridos tivesse tal liberdade de voltar a vida, depois de mortos, para pedir que outros façam o que ele deveria ter feito em vida, para então alcançar o perdão de seus pecados, depois de morto... mas, enfim, Dona Melânia fora compreensiva com os argumentos de Diora e Léle, que juntamente com o grupo a pararam para conversar na altura do coreto da jardim e ali mesmo ela se ajoelhou num canto, fez uma preces e colocou suas oferendas ao pé de uma das pilastras de pedra e saiu.

Naquele momento, no coreto, Nonato de Zé-de-Malvina, Álvaro de Nicinha, Cláudio de Seo Mário e Carlinho de Cinza divertiam com toda aquela confusão, cantavam e biritavam para passar o tempo, quando viram Dona Melânia colocar a bandeira com o frango ao molho e uma tigela de farofa na coluna oposta e saíu.

- Não acredito no que vejo ! O manjar caiu do céu, vejam alí!

- Que cheiro é esse meninos? !

- Abra a outra garrafa de Presidente Claudinho , o tira-gosto está servido.

Nonato deixou o violão de lado, Carlinho parou com a cantoria e foi até a bandeja, suspendendo a cobertura...

- Rapazes ! frango ao molho e farofa com passas!

- Êta Rumãozinho exigente!

- Eu eu também sou Nonato, tras aqui essa iguaria.!

- Podemos mesmo comer isso Alvaro?

- Deixa de ser besta Claudinho!

- Sacrilégio é deixar de comer este manjar do Rumãozinho!

Álvaro colocou a bandeja com o frango no meio da roda, serviu uma rodada de conhaque presidente e meteram mão e boca na oferenda do Rumãozinho.

Lá pelas quatro horas da madruga, com o clima mais ameno, alguns religiosos insistiam numa vigília, queimando vela ao pé da torre, outros foram para casa, vasculharam toda igreja e não acharam ninguém, só não subiram no telhado. O sino havia parado de badalar, parecia que o Rumãozinho tido ido embora ou preferiu dormir, se é que alma penada dorme! Outros teimosos como Nen-de-Jair e seu irmão Saul, acampados ao pé da estátua de Santo André, acreditavam que alguma verdade seria esclarecida até o raiar do sol.

...

O dia amanhece, JG levantou cedo, nem tomou café, o que certamente faria na banca de Dona Mariquinha no mercado. Ao sair a porta lembrara, que naquela madrugada, viu Zim Paquinha se esparramando no chão do beco onde morava; olhou para o chão e viu um emaranhado de linha de naylon...

- Hummm ! não é possível! Mas é possível! É verdade!

Alguns curiosos, já se misturavam na rotina da manhã, entre eles os clientes do bolo de arroz de Dona Nicinha, de vasilhas nas mãos paravam frente a estátua de Santo André para se informar dos últimos acontecimentos. João agachou-se e começou a puxar a linha... logo percebeu que a mesma adentrava o terreno vazio entre a igreja e a casa de Seo Miguel Coimbra...

- Aqui tem! O moleque aprontou de novo em cima dagente!

Percebeu João, a medida que puxava a linha de naylon... até sentir o pesar nas mãos, como se do outro lado tivesse um belo dourado, fisgado em seu anzol. Mas era o badalo do sino que estava fisgado na outra ponta da linha e o sino badalou ao puxar com força...

- Que está acontecendo compadre !

- Seu sobrinho aprontou de novo pra cima de nós ! Filinho. Descobri o romãozinho que batia o sino da igreja esta noite! Viu ? (puxa a linha e o badalo responde)

- O moleque é atrevido mesmo! Tem imaginação! Que fazer, compadre. Olha lá a confusão ao lado da torre !

Bastou uma só badalada para que tudo voltasse ao mesmo furdúncio de horas atrás.

Alguns curiosos acampados pela praça se alarmaram numa correria instantânea e num piscar de olhos lá estava Dona Mariquinha do mercado, deixando sua banca entregue ao filho João e correu de rosário nas mãos para a praça. Os clientes que chegasse iria esperar até a próxima fritura do seu tradicional bolo de milho frito; Dona Milú entregou a banca para Aldegundes e também correu para praça, junto com Seo Zé de Aurora.

- O sino voltou a tocar sozinho!

O mirante estava claro, de longe podia-se vê que não havia ninguém, mas o badalo badalava... Do outro lado da rua João Guerra e o seu compadre Felix Filho, filho mais velho do segundo casamento do Major, gritavam, mostrando nas mãos a linha de naylon, mas não eram percebidos, quanto mais eles batiam o sino, maior era a muvuca...

Os curiosos se empurram buscando o melhor ângulo para vê o sino badalando sozinho:

- Olha aqui na minha mão a livusia ! Blém... blém...

- Tão vendo! Tão vendo? Tão ouvindo?

O povo estava cego e surdo mirando o alto da torre. A cada badalo era enloquecedor a gritaria e o corre, corre.

- Aquele povo imbecil, Filinho, não vê que tudo é armação de seu sobrinho Roberto.

Ele fez isso da janela de sua casa, ou do quintal !

Gritava Louro de Assis e Saul de Jair, mostrando ao povo o que estava acontecendo.

- É JG e Filinho de Major quem estão batendo o sino, olha lá no beco de Seo Ceres!

- É não! É o Rumãozinho mesmo, olha o clarão no mirante da torre! Veja bem a direita! uma mancha escura no lugar do cineiro...

Finalmente o povo cai em sí, para tristeza de Seo Hélio; o Rumãozinho não resistiu nem uma noite na torre da igreja. A multidão injuriada chegava a lamentar não ser mesmo o Tinhoso que estivesse na torre da igreja. Uns riam outros se mostravam revoltados com a brincadeira de mau gosto de Roberto, pois não havia como não dizer que tinha sido ele.

Para uns Roberto de Flozinha era o heroi, para outros um jovem irresponsável, um perturbador da ordem pública que tinha de ser castigado pelos seus atos de vandalismo. Ele não só havia frustrado a festa de posse do Prefeito, como também tirou toda atenção da cerimônia de transmissão do cargo.

Foi fato, a festa apimentada e o baladar do sino da igreja, na posse do Prefeito Eustáqui Moreira Alves, tanto fato, que Roberto teve que tirar umas boas férias, fora da cidade, jurado que ficou de levar uma surra, quando o apanhasse nas ruas.

Quase dois anos depois, conta Roberto; teve de ir a prefeitura entregar alguns documentos do cartório e lá chegando, deparou-se com o prefeiteo Eustáquio, na entrada da Prefeitura e alguém próximo do prefeito disse:

- É esse Roberto, neto do Major !

Disse ter ficado branco e amarelo, mas não baixou a cabeça, quando o Seo Eustáquio o perguntou:

- Você é o Roberto neto do Major !

- Sim, sou eu sim Senhor !

- Você é um rapaz muito inteligente e mutio corajoso!

- Obrigado e desculpe !

- Já o desculpei a muito tempo, em nome das boas risadas que isso tudo me proporciou.

Daí por diante, Roberto pode enfim perambular tranqüilo pelas ruas, pois aquele ato do Prefeito Euclides, simbolizou um perdão.

 

Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 02/07/2009
Reeditado em 14/04/2013
Código do texto: T1679389
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