Caçada de onças I

Saímos muito cedo. Madrugada fumarenta. O orvalho molhava nossas botas. Dia fumarento de cerração é que a onça chega mais perto. Então a chance de a encontrarmos é sempre maior. Ela sente cheiro mas sua visão fica mais difícil.

- Tenho medo não! Falava o Zacarias.

- Viemos aqui é prá pegar o bicho a unha!

Foi assim que ele morreu, foram suas últimas palavras. O bicho apareceu, sabe-se lá de onde, só deu um arranhão no seu pescoço, quase decepou-lhe a cabeça.

Eu corri, tive que deixar o pobre Zaca. Que que eu ía falar prá mulher dele... um cartucho da minha espingarda cartucheira 28 e no embornal eu só tinha de resto um cartucho bom. Os outros já tinham lenhados, por causa da umidade. Era ajoelhar e se estreitar no tronco daquela árvore, mas e o cheiro... então corria mais... os cachorros então, sumiram ganindo... assim desci a ribanceira e o bicho correndo atrás de mim. Valha-me minha Nossa Senhora! O bicho veio. já avistava nossa cabana, quando comecei a gritar: A Onça.. a onça... enquanto rezava, esbaforido e cansado, mas tirando forças do além para correr... e fui gritando, abra a janela, abram a janela... o Zé Rufino, com os olhos ainda dormindo, mal abriu a janela eu pulei para dentro... e a onça pulou atrás... entrou também... saí pela outra janela e rapidamente a fechei, deixando a onça dentro com a turma, e gritei pro Zé Rufino... "Vai tirando o couro dessa que vou buscar outra"...

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FICO IMENSAMENTE DECEPCIONADO QUANDO ME DEPARO COM NOTÍCIAS REFERENTE À AGRESSÃO CONTRA OS ANIMAIS DE NOSSA FAUNA.

O CONTO É SEMPRE ALGO FICTÍCIO, NÃO DEVERÁ NUNCA SER INSTIGADOR OU MOTIVADOR DE CAÇADAS, QUE DEVEM PERMANECER APENAS NOS CONTOS.

AJUDEM A PRESERVAR A NOSSA NATUREZA, QUE NÃO SEJAM ABATIDOS OS NOSSOS FELINOS, COM TEM OCORRIDO AINDA EM ALGUNS ESTADOS DO BRASIL, PROMOVIDOS POR PESSOAS INESCRUPOLOSAS.

SEGUE ABAIXO NOTÍCIA NO JORNAL "O ESTADO DE SÃO PAULO"

PF prende 15 por caça ilegal de onças em três Estados

21 de julho de 2010 | 11h 46

FABIANA MARCHEZI - Agência Estado

A Polícia Federal (PF) prendeu em flagrante quatro argentinos, um paraguaio e três brasileiros que tentavam caçar na região de Sinop, no Mato Grosso. Outros sete suspeitos também foram detidos. As prisões fazem parte da Operação Jaguar, que tem o objetivo de desmantelar uma organização criminosa com atuação nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná, cuja principal atividade consiste no abate clandestino de animais de grande porte, principalmente onças-pintadas, pardas e pretas, no Pantanal e em outras regiões do País.

De acordo com a PF, os agentes também cumpriram 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de Corumbá (MS). Os oito suspeitos presos em flagrante em Sinop portavam grande número de armas e munições de diversos calibres. As investigações tiveram início no ano passado após relatos do encontro de carcaças de onças em algumas fazendas na região pantaneira e do sumiço de felinos que estavam em monitoramento pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A PF, então, encontrou pessoas transportando em caminhonetes cães típicos para caça de grande felinos. Elas estavam acompanhadas do filho do "Caçador de Onça" - o mais famoso caçador de desses felinos no Brasil -, que se diz regenerado da fama e convertido ao trabalho pela preservação da espécie. As investigações apontaram que o conhecido caçador e seu filho aproveitavam a captura de onças para encoleirar os bichos para o programa Pró-Carnívoros, desenvolvido pelo Ibama, para acobertar a caça clandestina e predatória.

De acordo com a polícia, os caçadores chegam ao Pantanal por meio de aviões particulares, que pousam em fazendas da região equipados com modernas armas de caça. Nas fazendas utilizam os cães, normalmente cedidos por caçadores da região ou por fazendeiros que têm interesse em proteger o gado. Depois de tirar fotos dos animais abatidos, os caçadores destroem as carcaças. Há evidências que alguns "troféus" são levados até para o exterior, uma vez que a PF descobriu a frequente participação de um morador de Curitiba (PR) com conhecimento em taxidermia - arte de empalhar animais.

''Safári''

Ainda segundo a corporação, normalmente as caçadas são organizadas por um profissional que mora em Cascavel, também no Paraná. Pelos chamados "safáris", os clientes pagavam por animal abatido e, por um valor maior, tinham direito a pele, cabeça ou a todo o animal, que era empalhado em Curitiba. Os agentes não descartam a possibilidade do grupo participar de safáris na África, trazendo para o Brasil peles e partes de animais, inclusive marfim - cuja comercialização é proibida internacionalmente -, caçados na África.

Os suspeitos serão indiciados com base na Lei de Crimes Ambientais, como perseguir, caçar ou matar animais da fauna silvestre sem permissão, cuja pena varia entre seis meses e um ano; por porte ilegal de arma de fogo, cuja pena prevista é de até 4 anos de reclusão; e formação de quadrilha, com pena entre um e três anos.

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Falha no projeto da Usina de Jirau leva fazendeiros a decidir exterminar onças - 07/03/2011

Local: Porto Velho - RO

Fonte: Tudo Rondônia

Link: www.tudorondonia.com.br

Onças pintadas e vermelhas estão na mira de tiro de fazendeiros e sitiantes das regiões de Jaci Paraná e Mutum Paraná, respectivamente a 90 e 160 quilômetros de Porto Velho. Ao fugirem dos desmatamentos provocados pela construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Jirau, os felinos estão invadindo as propriedades rurais e causando prejuízos consideráveis aos criadores da gado, carneiro e até galinhas, pois esses bichos são alvos potenciais das onças em busca de alimentos.

“De novembro para cá já perdi 10 carneiros”, disse Almino Brasil, funcionário público da prefeitura de Porto Velho que mantém uma pequena propriedade às margens do rio Caracol, em Jaci Paraná. “Fui informado que poderia requerer indenização, mas não tenho tempo de, a cada vez que acontecer um ataque, largar meus afazeres aqui na cidade para ir ao sítio fotografar o ocorrido e correr atrás dos meus direitos. O jeito é amargar o prejuízo”.

Um fazendeiro que preferiu não se identificar disse que há um movimento entre os proprietários rurais para transformar a caçadora em caça, ou seja, eles pretendem abater os felinos a fim de diminuir seus prejuízos.

“Está claro que há uma tremenda falha no projeto ambiental dessa usina”, opina o mesmo fazendeiro. “Antes de desmatar, eles deveriam remover as onças para alguma reserva ambiental. O que eles fizeram? Simplesmente estão baixando as motosserras no habitat desses bichos e, para eles, não resta outra alternativa, a não ser buscar refúgio e alimentos nas propriedades da região. O fato é que, antes da usina, não tínhamos esse problema por aqui”.

HÁBITOS Os fazendeiros dos dois distritos de Porto Velho observaram que a onça pintada abate um animal e se alimenta até se fartar. Em seguida enterra o que sobrou e, mais tarde, volta ao local para novo banquete com a mesma presa. A onça vermelha, porém, mata quantas presas cruzarem seu caminho. “Há relatos de onça vermelha que já abateu até dez animais de uma vez numa mesma propriedade. Ela enterra os animas, se alimenta de um e os demais se perdem”, disse Almino Brasil.

Os proprietários rurais temem também por vidas humanas – principalmente no que diz respeito a crianças. Disse outro fazendeiro que não quis se identificar: “a lei não permite que a gente tenha armas na propriedade rural. Assim, tenho na minha fazenda um caseiro com esposa e quatro filhos. Essas crianças podem ser alvos da onça ao saírem para brincar no terreiro. Até hoje, graças a Deus, não há relatos de onças que atacaram humanos, mas será que teremos que ficar esperando isso acontecer para tomarmos alguma providência”, questiona.

ESTRATÉGIA As onças nas regiões da Jaci e Mutum estão causando prejuízos consideráveis e colocando a economia de pequenos produtores rurais em colapso – principalmente os que têm criações de subsistência. Tanto que já há planos para abater os felinos. Como o abate com arma de fogo poderia chamar a atenção das autoridades, uma parcela de fazendeiros pretende experimentar o envenenamento dos animais.

A idéia é simples: ao fazer um abate, a onça come e enterra o que sobrou, voltando posteriormente para concluir o serviço. Nesse meio tempo, os fazendeiros pretendem envenenar a carne com veneno de rato, o popular “chumbinho”. Assim, ao voltar para degustar o restante da presa, o felino seria envenenado até a morte.

“Acho legal a gente fazer essa reportagem e colocar esse problema a público, levando ao conhecimento principalmente das autoridades ambientais”, disse outro fazendeiro de Mutum Paraná que quis manter o nome em sigilo. “A questão está colocada. Agora é ver o que as autoridades vão fazer e, principalmente, o que o consórcio de Jirau vai fazer para solucionar o problema. Do contrário, vai ser muito difícil conter os ânimos desse pessoal que está tendo prejuízo por conta da onça. Vai acabar sobrando para os felinos”, concluiu.

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Hoje, 21.07.2013, o Jornal O Estado de São Paulo trouxe uma constatação triste...

Em 15 anos, nº de onças cai 80% em Iguaçu

Caça ilegal é a principal causa da redução dos animais; parque nacional tem 1,7 mil km2

21 de julho de 2013 | 2h 05

GIOVANA GIRARDI - O Estado de S.Paulo

O Parque Nacional do Iguaçu, considerado por biólogos um dos locais com as melhores condições de abrigar uma grande população de onças-pintadas no pouco que resta da Mata Atlântica no Brasil, sofreu uma redução de mais de 80% no número de indivíduos do final dos anos 1990 para cá. De uma média de cem onças estimadas em estudo naquele período, hoje acredita-se que só restem 18.

Divulgação

Os dados foram divulgados por uma dupla de pesquisadores que contabilizou os animais com armadilhas fotográficas e por meio de análises genéticas. O principal motivo para a redução é a caça ilegal - não só da onça como também de suas principais presas. Com 1,7 mil km2, o parque é muito recortado e, mesmo com 40 guardas, há dificuldade para fiscalizar a intensa atividade de caçadores e de palmiteiros ilegais.

"A queixada, que nos estudos há cerca de dez anos foi identificada como o principal alimento das onças, já foi extinta no parque. Veados e porcos-do-mato também estão sendo caçados", diz Marina Xavier da Silva, coordenadora do projeto Carnívoros do Iguaçu. Para piorar, há muitas fazendas ao redor. "Sem as presas naturais, as onças saem em busca do rebanho e acabam sendo mortas por fazendeiros."

Considerando o nível de ameaça, o tamanho atual da população, sua taxa de crescimento e o número de animais mortos por ano, os pesquisadores estimaram que há uma probabilidade de que em 80 anos a espécie seja extinta do parque.

"Se não conseguir eliminar as causas de declínio populacional, é o que pode acontecer", alerta Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Lado argentino. Para Peter Crawshaw Jr., um dos maiores especialistas em onças do País e responsável pelo primeiro mapeamento dos felinos do Iguaçu, há ainda uma agravante: a perda de vegetação do lado argentino do parque - ele se estende pelos dois lados da fronteira.

"Quando fiz o estudo, o corredor verde que corta os dois países era mais íntegro do que é hoje. Há um processo de colonização da Província de Missiones, que está diminuindo a mata, aumentando a quantidade de pessoas e, por consequência, da caça às onças e suas presas. Com isso, ficamos sem o backup que nós tínhamos das matas ainda em bom estado e tamanho da Argentina", explica.

Segundo ele, naquelas condições, se o número de onças do lado brasileiro diminuía, podia haver uma migração dos animais da Argentina para cá. O mesmo podia acontecer com as presas. Mas, com a colonização, há um processo de desmatamento para a implantação de pecuária e de troca da mata nativa por projetos comerciais, de pinus e eucalipto. "Tudo isso está reduzindo a área das onças e das presas na Argentina."

Morato concorda e defende que os esforços para recuperar a população têm de ser binacionais. "Para a Mata Atlântica, o status da espécie é de criticamente ameaçada de extinção. É preciso agir para evitar que essas populações fiquem cada vez mais isoladas e desapareçam."

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MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 03/06/2006
Reeditado em 21/07/2013
Código do texto: T168921
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