A sina de Jardel

Ele sempre teve a fama de azarado. Era pra dar errado? Só convocar o Jardel. Mas é, até hoje, muito querido por todos. Sujeito irreverente, alegre, boa companhia pra um papo descontraído e uma cerveja gelada. Lembro de uma vez quando ele foi pintar a casa de uma tia . Cuidadoso que era com as coisas alheias, tratou de retirar da parede um quadro enorme com a foto de São Jorge. O quadro tinha uma redoma abaulada em vidro fino. Uma belezura de quadro. Jardel o colocou sobre um móvel antigo e forte e o cobriu com folhas de jornal para que não respingasse tinta. E ele ainda teve o cuidado extra de avisar a todos sobre o que estava sob o jornal. E começou a faina... limpa daqui, raspa dali, emassa de lá e o caprichoso pintor cantarolava alegremente com sua voz de baixo profundo, desafinado, claro, mas isso é detalhe. Jardel não é um cara alto e a escada de que se servia também não era grande coisa, mas Jardel era safo e subiu ligeiro no tal móvel forte e coberto com jornal. Cataploftplum;. Era uma vez um cavalo, um dragão e um São Jorge. E Jardel juntou essa historinha a outras historinhas não menos azaradas. Como aquela em que ele foi contratado pela Kibon para vender picolés e sorvetes na praia. Zeloso das suas obrigações, lá estava o Jardel, às seis da manhã em frente à Kibon para iniciar na lida. Como foi o primeirão a chegar teve o privilégio de poder escolher o carrinho. E ele escolheu; escolheu um carrinho novinho, bonito. Deu uns chutinhos nos pneus para ver se estavam mesmo devidamente cheios. É. Jardel sempre foi um sujeito caprichoso e cuidadoso. Carrinho escolhido e devidamente equipado com o gelo seco e os produtos, lá se foi Jardel cantando pelas ruas do Rio de Janeiro. Ganharia um bom dinheirinho extra que ajudaria a financiar seu curso de enfermagem. Com a simplicidade e simpatia que Deus lhe deu (podia ter dado mais sorte também... Deus é um brincalhão), Jardel vendia seus picolés aqui e acolá. Só que o carrinho bonitão não deu conta de segurar o frio necessário e os picolés foram se desmanchando. E Jardel, por mais que se esforçasse não conseguia vender os produtos na mesma velocidade em que se desmanchavam. Foi aí que o curso de enfermagem dele demorou um ano a mais do que o previsto. Jardel comeu os que pode e teve tempo, e teve que pagar os que não vendeu

As histórias são reais e o personagem também.. o nome, não...rs não sou maluco