Emboscada para o Coronel

O Coronel vinha vindo de sua cidade, na qual tinha uma loja, juntamente com os seus funcionários em uma S-10, em uma estrada que liga uma cidade a outra. Ia pegar dinheiro da filial de sua loja. Ia no carro, conversando a respeito do sujeitinho da capital, o qual havia processado e se vangloriava por isto.

Era exatamente meia-noite, quando avistou na estrada quatro sujeitos armados, semelhante a jagunços. A sua primeira reação foi o medo, pois embora armado, era só ele quem estava armado e os demais funcionários não tinham este hábito. Então, imediatamente, parou o carro e ordenou aos seus funcionários:

___ Escondam-se no mato!

Ele e mais os quatro funcionários correram para o mato. A escuridão era imensa. O mato era muito fechado com árvores enormes, talvez até cheio de cobras e outros bichos.

Ordenou aos seus funcionários que deitassem no chão e permanecessem calados. Ouviu, juntamente com os seus funcionários, os jagunços passando e dizendo:

___ Cadê aquele merda?

___ Tem dinheiro na caminhonete?

___ O infeliz levou tudo!

___ Filho de rapariga!

Tremia dos pés a cabeça e ouvia os bandidos dizendo:

___ Não vejo a hora de pegar o dito cujo para dar um fim nele!

___ O homem é conhecido na cidade, Bento. Se matarmos o infeliz, teremos problema com a justiça.

___ Que justiça, Duarte! Não vê que a justiça não foi feita pra gente como nós. Ouvi falar que esse Coronel processou um estudantezinho da capital e não deu em nada. Eu quero ver esse Coronel cheio de onda é no caixão!

O Coronel não dava um suspiro, ouvindo a conversa dos bandidos. Permaneceu dessa maneira até às três da manhã, quando não os escutou mais, mas somente às seis da manhã teve a coragem de ficar de pé. Ele e seus funcionários estavam todos arranhados de tocos de árvores e mordidos de muriçocas. Uma noite em claro como essa não é fácil. E a sua esposa, o que estaria pensando dele? Pela manhã, pôde perceber o dia amanhecer nublado e a sua caminhonete intacta. Tremia dos pés à cabeça.

___ Os bandidos não mexeram em nada, Coronel? – Perguntaram os seus funcionários.

___ Em nada, Dito! Vamos embora! – respondeu o Coronel.

O Coronel resolveu fazer a volta e voltar para a sua cidade. Chegando lá, toda a cidade ficou sabendo. A valentia do Coronel havia caído por terra. Estava desmoralizado e ficou uma semana sem abrir a sua loja, com medo dos bandidos. Foi a maior lição que Deus deu ao Coronel em defesa do estudantezinho da capital.