Paz e Amor

Francisco de Assis, adepto do movimento hippie andava pelas ruas de Macapá vendendo suas miçangas, suas argolas, seus bambus, suas pulseiras, entre outras quinquilharias. Não tinha casa, não tinha bens a não ser aqueles que o seguia. Às vezes, dormia no chão da praça, nos bancos, às vezes em frente à igreja de São José, no chão da quadra de vôlei da Praça do Barão e muitas vezes nos arredores do teatro das Bacabeiras. Gostava de pegar vento na beira rio, em frente a casa do governador, mas ultimamente era visto nos arredores do lugar bonito.

Das noites dormidas por ai, normalmente ele levantava pegava a sua tabua e seguia rua afora. Parecia engraçado, mas quando o sol altiava ele tentar vender as suas obras.

Não reclamava, não editava palavras filosóficas, não era poético, não tinha religião, tão pouco procurava perturbar alguém. Normalmente, pedia no bar da praça algo para comer e quando não davam comida de outro dia, davam um pão passado, isso sob muitos protestos. Normalmente falava sozinho, andava sozinho e cantava sorrindo.

Alguns criticavam, outros lamentava e até ficavam com pena, no entanto, ele nem ligava,agradecia a quem ajudava e seguia o seu mundo rodopiando pelo centro da cidade.

Hoje, porém, o sol levantou, a brisa estava esperta fazendo dançar as arvores, quando o senhor João Paulo vendedor de sorvete em frente a Escola IETA, nas proximidades da para de ônibus notou um rapaz de mais ou menos 30(trinta anos) acostado ao muro da escola, aparentemente dormindo, com os seus pertences todos revolvidos.

Pessoas passavam de um lado para o outro e sequer se aproximavam, uns por medo, outros por não se preocuparem, pois é comum nas grandes cidades, outros simplesmente rotulavam, outros esbravejavam e outros pacíficos acostumados a tanta miséria indiferentes permaneciam em sua solidão.

Nesse vai e vem, na calada da hora agitada da manhã o senhor João se aproximou e aos poucos, entre a coragem, o medo e o receio foi então conferir, pois que já eram mais de 10: hs da manhã e o rapaz permanecia imóvel, quando ao tocá-lo, o corpo só o que fez foi cair para o outro lado totalmente imóvel.Preocupado, imediatamente o senhor João ligou para a polícia que juntamente com a ambulância no local detectaram que o jovem estava morto.

Naquele dia o anônimo ficou famoso, era tanta gente no local, que a policia teve que fazer um cordão de isolamento, celulares tocando e sendo atendidos, fotos para tudo o que era lado, o jornal e a televisão local noticiando.

Naquele horário, meninos e meninas iam saindo da escola e ao deparar com o fato falavam, riam, gesticulavam, alopravam, se empuravam, gritavam e comentando a respeito da situação, se perguntava do que ele tinha falecido. Fora as especulações o jovem morreu de overdose, morreu sem dono... morreu de abandono, morreu como nós morremos todos os dias diante das decisões no Senado.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 27/11/2009
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