A ONÇA

Descobri que gosto de conto. Conto de causo é ainda mais arrepiante. Arrepio daqueles que dá na gente quando a onça esturra na mata. Diziam que a onça consegue pular mais de três metros de altura. Daí que a rede tinha de ser armada acima disso.

Era noite. As muriçocas não davam sossego. O ar da floresta, úmido, parecia enroscar-se nas folhas das árvores, na tentativa de conseguir ver os acontecimentos.

Só deu um grito. Era um porco do mato perseguido pela danada.

Será que o silêncio que se seguiu foi porque estavam todos aliviados ou porque o medo de "poderia ter sido eu" pesava mais que o escuro?

No dia seguinte, desarmei a rede e fui para casa.