Reminiscências 09

Brincando no curral

Nosso curral, local onde se junta ou recolhe o gado, também lá conhecido como Mangueiro, ficava em frente à porta da sala, onde havia um enorme alpendre. Era uma beleza!

Ele era desnivelado e no canto inferior direito ficava o retiro, onde se tirava leite, que tomávamos ainda quentinho.

Também existia um enorme paiol onde meu pai guardava a safra de milho, selas de animais e diversas ferramentas.

Sempre as tardes, após cumprir com as nossas obrigações de criança, eu e minha irmã Dora íamos brincar no curral. A maioria dos animais já tinham ido para o pasto restando apenas alguns bezerros, ao quais não nos causavam preocupação.

A brincadeira consistia no seguinte: Eu pegava uma enxada e ia arrastando por todo o curral formando uma espécie de estradinha cheia de curvas e minha irmã passando a vassoura, ficando bem limpinho. Posteriormente caminhávamos sobre ela arrastando alguns brinquedos (carrinhos) feitos de latas de óleo e pedaços de madeira. Uma maravilha! O fato dos animais desmanchar tudo no dia seguinte não nos tirava a alegria daquelas tardes. Fazíamos tudo de novo, com prazer.

Numa dessas tardes, ao iniciarmos nossa brincadeira, havia ficado uma vaca amarela que insistia em nos atrapalhar. Como minha irmã estava de posse da vassoura de minha mãe, não pensou duas vezes e bateu com certa força em seu lombo, ficando com apenas um pedaço de seu cabo em suas mãos. Por azar a vassoura partira em 3 pedaços.

Uma verdadeira tragédia, considerando que meu pai havia comprado aquela vassoura uma semana antes na cidade. Pior ainda, era a primeira vassoura de piaçaba que minha mãe possuía, pois até então só se usava vassouras “fabricadas” em casa mesmo por meu pai.

Em resumo, dormimos aquela noite bastante “quentes” por conta de umas chineladas e puxões de orelha que, diga-se de passagem, não foram merecidos, afinal confessamos o “crime”.

Também as experiências anteriores indicavam que mentir ou esconder os fatos era sempre pior.

Resta-nos a certeza de que tudo valeu a pena! Ah, e como valeu!!!