ENGOLINDO SAPO

Enedina e Arnaldo realizaram um antigo sonho. Compraram uma casa de campo bem rústica e se mudaram para lá.

Logo nos primeiros dias foram surpreendidos por uma estranha visita, um sapo.

Arnaldo colocou-o para fora e esqueceram-se dele, mas na noite seguinte novamente ele adentrou a casa e acomodou-se num canto da cozinha.

Arnaldo brincou:

- Ele veio nos visitar, dar-nos as boas vindas.

Enedina respondeu no mesmo tom:

- Será que ele aceita um cafezinho, ou será que prefere uma cerveja?

E o sapo continuou visitando os dois quase todas as noites.

Algum tempo depois, a mãe do Arnaldo veio visitá-los, passar uns dias com eles.

A sogra não gostava muito da Enedina, achava que o filho merecia coisa melhor e Enedina sabia, ou melhor, sentia isso e pagava-lhe com a mesma moeda.

As duas mantinham a custo as aparências.

Enedina sabia que seria difícil hospedá-la por uma semana, mas não imaginava quanto.

Logo na primeira noite quando ela viu o sapo quase teve um chilique:

- Aiiii! Uiiii! Naldinho! Ponha esse bicho pra fora! Cuidado, não chegue muito perto dele!

No dia seguinte o sapo resolveu amoitar-se no banheiro e a D. Joana saiu correndo e gritando enrolada na toalha:

-Naldinho! Mate esse sapo!

Enedina interveio:

-Matar por quê? Ele não faz mal a ninguém!

Arnaldo completou:

- Sabe que é proibido matar animal silvestre? Dá até cadeia!

- Quem inventou esse disparate?

- Os ecologistas!

- Que absurdo! Ele é um bicho peçonhento!

Enedina replicou:

- Há pessoas muito mais peçonhentas do que ele.

Dona Joana achou que era indireta e foi chorando para o quarto.

Arnaldo brigou com a Enedina:

- Você não precisava ofender a minha mãe .

- Ela é que não devia vir nos aborrecer aqui.

Ficaram amuados.

Naquela noite todos foram dormir aborrecidos.

Dona Joana, furiosa com o sapo, os ecologistas, a nora e até com o filho que concordava com tudo que a nora inventava.

Enedina zangada com o marido e sua respectiva mãe.

Arnaldo, dividido entre a mãe, a mulher e o sapo.

No dia seguinte Arnaldo disse a Enedina:

- Vou matar esse sapo de uma vez para acabar com essa briga.

- Não precisa. Pode deixar que eu dou um jeito nele.

- O que você vai fazer?

- Espere para ver.

Quando o sapo apareceu Enedina colocou-o em uma cestinha e levou-o até a beira de um riacho distante da casa onde o soltou certa de que ele não voltaria.

De fato não voltou para alívio de todos e o Arnaldo perguntou:

-Que foi que você fez com ele?

-Engoli!

A sogra arregalou tanto os olhos que por um momento Enedina teve medo de que ele lhe saltasse das órbitas.

E o Arnaldo limitou-se a rir.

Maith
Enviado por Maith em 13/12/2009
Código do texto: T1976596