Ciúmes do Coronel

Ciúmes do Coronel

Havia numa determinada cidade um coronel. Ele morria de ciúmes de sua esposa. Não queria que a sua cabeça fosse coberta de chifres nem a troco de bala. Sem nenhum esforço aparente, conseguiu namorar uma jovem de quinze anos. Nunca tivera uma desilusão no amor e conseguira tudo na vida com relativa facilidade. Tinha um próspero comércio e muitos o consideravam o mais rico da cidade.

Num determinado dia, fica sabendo que um antigo namorado de sua esposa vindo da capital está na cidade e fica morrendo de ciúmes. Sua primeira reação é tentar encontrar o dito cujo, mas encontra uma certa dificuldade. Por intermédio de amigos, fica sabendo que o infeliz está no verdurão de sua sogra e se encaminha para lá. Consegue ver o infeliz e fica observando o sujeitinho. “Não passa de um pé-rapado.” – Pensa ele. Mas, para alertá-lo, afirma:

___Esse aí que era doido por Gislaine, é?

___Sim!

___Cuidado com o Galego! O murro do Galego aqui é forte!

O sujeitinho galanteador se estremece todo. Não está diante de uma pessoa normal, mas de um psicopata que se julga ser normal, mas que, se escondendo atrás do dinheiro, sua máscara, que o impede de ser internado nesses asilos e sanatórios para tratamento de loucos e drogados, hospício para melhor dizer a verdade.

Inclusive no ano seguinte, juntamente com seu primo, o sujeitinho galanteador acabam se encontrando, por incrível que pareça, no Banco do Brasil com o Coronel e a conversa foi à seguinte:

___Esse aí que era doido por Gislaine, é?

___É!

___Ele é doido, é?

___Não! Doido por mulher!

O Coronel era digno de ser internado no Hospício, mas ninguém, nem o próprio tinham coragem de se internar ou de interná-lo. Sua máscara era as suas lojas, o seu poder econômico para esconder a sua loucura, insanidade ou demência. Tinha verdadeira adoração pelo seu dinheiro. Era o seu deus, e por incrível que pareça, a cada ano que se passava, o seu patrimônio financeiro se multiplicava mais. Num determinado dia, acaba se encontrando com o sujeitinho num carnaval, ou pelo menos em alguém que se parece muito com o dito cujo. Fica novamente enciumado e sua enorme cabeça de um desequilibrado mental logo se vê atormentado pelo ciúme com seus chifres:

___ Você que era doido por Gislaine, é?

___ Sai fora, rapaz!

Acaba descobrindo que é o irmão do infeliz. O infeliz, escuta falar, que virou crente, mas nunca conseguiu esquecer o infeliz, afinal, se trata de um que foi doido pela sua Gislaine e não se conforma, nem nunca se conformará de ter a sua cabeça esquentada pelos seus chifres e seu ciúme doentio novamente. Seu medo eterno é o de que sua esposa e sua sogra o internem num asilo para dementes, drogados, loucos e psicopatas e se apossem de seu dinheiro, dando-lhe cifres e ele se acabando num sanatório para dementes. Mas, desconhece que sua esposa pensa que ele é normal e que ela é apaixonada por ele. Afinal, Jesus Cristo é a luz dos cegos e loucos! Até do sujeitinho da capital!