Reminiscências 11

O Capitão Redondo

Capitão Redondo era o apelido de um andarilho que sempre aparecia pelas bandas da fazenda de meu pai. Era um homem bem gordo e baixo, e que por esse apelido ele não achava a menor graça, chegando a ficar agressivo com quem se atrevesse a chamá-lo assim. Na verdade, nunca ficamos sabendo o seu verdadeiro nome.

Meu irmão mais novo, Fernando, por ser também o mais gordo da família, herdou também este apelido. Esse por sua vez não dava a mínima, tanto é que o apelido não pegou.

Pois bem, de tempos em tempos, aparecia o tal Capitão na fazenda, sempre a procura de comida e descanso, nunca de trabalho. Era vagabundo por natureza.

Em uma destas “visitas” minha mãe o atendeu. Como era muito tarde para o horário de almoço e muito cedo para o jantar, ela ofereceu a ele um enorme biscoito caseiro de polvilho e uma enorme caneca de café com leite.

Acontece que o biscoito estava um tanto duro, considerando que tinha sido feito no dia anterior.

Quando o Capitão deu a primeira mordida, sem antes o molhá-lo na caneca de café, quase quebrou os poucos dentes que ainda tinha na boca.

Ele imediatamente bateu com o biscoito na mesa e falou insatisfeito: “Isso aqui se bater na testa de um boi, mata”!!

Ao ouvir aquilo, minha mãe o colocou porta afora, jurando que se ele aparecesse novamente em casa, iria apanhar dela mesma. Quem conheceu a pequena Dona Fia, sabe que do que ela era capaz.

Pois bem, o tal Capitão Redondo, “rolou” de lá rapidinho e nunca mais foi visto por aquelas bandas, pelo menos até a época em que fomos obrigados a mudar para a cidade.

Ainda hoje, quando encontro com meu irmão Fernando, lembro-me do glorioso vagabundo Capitão Redondo. Mais uma figura que marcou nossas infâncias.

Por ser uma figura muito peculiar, Capitão Redondo jamais abandonará nossas memórias!