O SUSTO NO CEMITÉRIO

Susto no cemitério

Em uma cidade muito pequena, bem perto de um rio muito grande, lá pelas bandas do Rio Bonito, não sei onde fica, mas fica bem perto da serra Brilhante.

Na cidade existiram duas pessoas de raríssimas habilidades: uma para beber todas as bebidas, em todas as noites, e o outro, vender pão.

Casos passados e de belezas raríssimas eram contados por estas duas peças fundamentais.

Sabe-se que em uma noite bem quente, lá pelo mês de dezembro, onde caia aquela chuvinha bem fina, que parecia ser peneirada e suas gotículas tão finas, que passariam dentro de uma agulha.

João era o nome do padeiro e Pedro, do bêbado.

João, todas as madrugadas por volta de três horas da manhã, saia de sua casa, com o balaio em forma de retângulo, para buscar pães na padaria. Todos os dias, sem faltar um só dia.

Pedro, muito trabalhador, mas todas as noites bebia muito, não faltava um só dia, mas tinha tanta responsabilidade com a família, que em sua casa, a fartura de alimentos e carinho pela esposa e filhos eram muito grandes.

João, muito amigo de todos e também tendo uma ótima família, sempre era sorridente para com todos. Para ele, ninguém era estranho. Dizia que seria o candidato a vereador nas próximas eleições.

Em uma bela noite, Pedro resolveu beber todas e não quis saber de nada. Tomou cerveja de montão, muita pinga, muito vinho e fez uma “bomba”.

Por volta das onze horas da noite, Pedro saiu do bar bastante embriagado e foi contando passos para chegar em casa, mas sua casa era do outro lado da cidade. Ele errou o caminho, indo parar em frente ao cemitério municipal. Não tendo mais ânimo e bastante frágil, encostou no portão e este se abriu, fazendo com que ele deitasse na entrada do cemitério e tirando um belo cochilo.

A chuva caia bem fina e João saiu de casa, como o de costume, e foi buscar os pães. No caminho, encontrou com cães e gatos.

A casa de João era nos fundos do cemitério e ele todas as madrugadas passava meio desconfiado de alguma coisa sair daquele lugar lúgubre. Muitos diziam que ele tinha muito medo de assombração e principalmente de fantasmas.

Quando João passava perto do cemitério, sua surpresa foi tanta que Pedro acabara de acordar meio confuso e não sabendo onde se encontrava. Então Pedro, vendo João que se aproximava, levantou-se meio cambaleando e com a roupa bastante úmida, sem chapéu e o paletó caído, começou a gritar da seguinte maneira:

- Padeiro, Padeiro, quantas horas são aí?

João, olhando para aquela figura que saia do cemitério, todo desarrumado e cambaleando, não se pensou em outra coisa: “é coisa do outro mundo, é fantasma que está saindo de dentro do cemitério e vem a meu encontro.”

De imediato, João jogou o balaio para cima. Saiu gritando, pedindo socorro, porque o fantasma queria agarrá-lo. Em breve instante, já se encontrava em casa e sabe-se que até hoje, o nosso amigo João só busca pão quando o sol está bem quente. Quanto ao nosso amigo Pedro, toda a vez que vai beber, bebe em casa, porque naquele dia, ele ficou bastante resfriado e pegou uma grande pneumonia.

Do livro " Contos Terrestres" de José Carlos de Bom Sucesso.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 05/01/2010
Reeditado em 16/05/2023
Código do texto: T2013232
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