FAVORES

FAVORES

Há entre os seres, que se dizem humanos e por isso erram, equívocos que se alternam entre o favor e o incômodo. Todos nós, “seres humanos”, principalmente os mais jovens, por não termos a perfeição a nosso favor, nem nos ilumina a verdade absoluta e nem sequer o discernimento entre o certo e errado, nalgumas vezes, sabemos quando e como prestar este ou aquele favor ao próximo, assim mesmo o fazemos. Só para exemplificar, vamos tomar a atitude de um jovem que vive com os familiares e é muito benquisto naquele meio. Como tem boa índole e é reconhecido por essa boa acolhida, o jovem retribui esse bem querer com alguns favores. Digamos que na frente de casa tem um pátio e nele algumas árvores que soltam folhas. Numa hora de folga, quando outra atividade não lhe reclama a presença, pega uma vassoura e varre as folhas. Passa um conhecido e eles conversam em voz muito alta; o amigo deixa o motor do carro ligado enquanto conversam e há, além disso, o barulho próprio do cabo da vassoura batendo na parede da casa, etc, etc.

Acontece que atrás dessa parede é o quarto de uma pessoa idosa e semi-inválida. É depois do almoço que esse idoso(a) costuma fazer sua cesta para recuperar energias gastas durante a manhã para usá-las no restante da jornada daquele dia. Não podendo reunir condições psicológicas para dormir um leve soninho tendo em vista a bulha feita rente à parede, irrita-se. Irritar-se é coisa própria do espírito encarnado (ser humano) que não sabe ou não quer dominar o instinto animal, conservando um temperamento agressivo.

Mas, neste caso, o favor feito como um ato de colaboração, por impensado, tornou-se um incômodo e, sabendo esse jovem dos hábitos dessa pessoa idosa, fez mais mal e ela do que bem, por não ter tido o bom senso de escolher a hora certa da varredura.

Tem a anedota dos dois moleques traquinas, repreendidos pelo pai por suas travessuras. Dizia-lhes o pai que estava na hora de substituir, pelo menos uma vez por dia, suas molecagens por uma boa ação. Dia desses os dois irmãos voltaram da rua alegres e satisfeitos, mas, com os olhos roxos e hematomas nos braços. Contaram ao progenitor terem feito sua boa obra daquele dia.

– Levamos uma velhinha para o outro lado da rua.

– Bravos – disse ele aos meninos, abraçando-os. Mesmo pondo em risco sua integridade física, ajudaram a boa senhora na ultrapassagem de uma rua. Isso é louvável.

E vieram os conselhos de praxe. O de sempre terem cuidado para não serem atropelados etc, etc.

– Mas me digam uma coisa: como aconteceu terem se machucado tanto?

– É que a velha não queria ir para o outro lado e a levamos à força. Por isso a danada nos agrediu com o guardachuva.

Fomos criados puros e ignorantes, mas, na “escolinha” das reencarnações aprendemos a desenvolver o intelecto e a razão. Se ela, a razão, nos dita a diferença entre o bem e o mal, é nosso dever aplicá-la, também, nessas coisas ínfimas, quais sejam os casos similares a estes dois exemplos. Isso faz parte dos reflexos que nos são tão úteis.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 28/02/2010
Código do texto: T2111706
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