A MULHER E A MORTE

(Causo contado por Dinho Alcides Ribeiro Leite)

Há muito tempo atrás, existia uma mulher muito preguiçosa.

Se tinha sol ela reclamava, se tinha chuva, ela reclamava...

Quando ia fazer comida reclamava...

Se lavava roupa reclamava...

Os filhos e o marido, coitados, sofriam em suas mãos...

Ela vivia dizendo:

- A morte podia me levar... A morte podia me levar...

O marido pra lhe dar um susto arranjou um remédio que soltava o intestino e escreveu assim:

-CUIDADO, VENENO!

E pôs bem no telhado, dizendo que ia fazer um preparo para os ratos.

A mulher que queria morrer, pegou o vidrinho e tomou todo o conteúdo!

Passou a semana inteira... Do banheiro pra cama...Da cama pro banheiro...

O marido e os filhos sempre ouviam:

- A morte podia me levar...A morte podia me levar...

Passado alguns dias, a lenha havia acabado. Com muita preguiça e xingando, foi buscar um feixe de lenha.

Assim que terminou de amarrar o feixe, olhou pra cima e avistou uma coisa tenebrosa, com uma capa cobrindo o corpo e a cabeça!!!

A preguiçosa perguntou:

-Quem é..é..é.. a senhora?

- Eu sou a morrrrrte...Vim...Pra... Te... Levar..

Ela então, com as pernas trêmulas respondeu:

-Não senhora, eu não quero ir embora. Eu só chamei pra senhora me ajudar a pôr este feixe de lenha na cabeça!!!

Saiu num galopão, chegou em casa e contou tudo à família.

Nunca mais, ela reclamou de coisa alguma e passou a dizer:

-Como a vida é bela!!!

(Fragmento extraído do meu 1º livro "As Raízes Profundas do Horto da Liberdade" pág. 31)