DEMOCRACIA

Na década de 1950, no período eleitoral, em pequena

cidade do sul de Minas , a campanha pegava fogo. Tio

Antonio, um dos caciques políticos daquelas bandas, era

candidato à Deputado Estadual e seus adversários não

mediam esforços em atacá-lo e nem economizavam saliva em

fazer denúncias.

Naquela época, existiam vários partidos políticos : UDN, PSP, PSD, PTB , entre outros; o tio era da UDN e morria de medo de não se eleger e perder a liderança política local. Passou a contratar "peões" para funcionarem como cabos eleitorais e distribuir benesses aos necessitados e aos nem tanto. Sendo médico, fazia consulta de graça, visitava as famílias pra ver se tinham algum problema de saúde, se deslocava para a zona rural, altas horas da madrugada, para efetuar partos, e todas as coisas possíveis e imagináveis e absurdas.

Pagava pinga nos botecos, dava par de sapatões, fazia transporte de mercadorias gratuitamente com seu caminhãozinho, distribuia remédios, enfim, gastava o que tinha e o que não tinha, ou o que viria a receber se eleito.

As notícias não era lá muito boas, mas como bom mineiro, se articulava, comia pelas beiradas e no dia da eleição, senta-se na sala de votação, com a urna entre as pernas e ladeado por dois capangas armados de "treis oitão" e "papo amarelo", mostrando-se tranquilo, homem de palavra e senso democrático, dispara :

"- Este é um país democrático, o voto é livre, cada um vota em quem quiser, mas nesta urna só entra voto da UDN !"

Acabou sendo eleito...ufa!