Pelada de um goleiro, só !

Este causo fora contado, na noite de terça-feira 25/05, ontem, no lançamento da obra Contos, causos e cousas de Minas na Leitura Megastore do BH Shopping, por mim.

Aqui neste local, exatamente aqui, onde o explendor da Alfaville – do Bairro Belvedere – que com seus espigões e vitrôs coloridos disputam uma beleza ímpar pelo ar, com brilho e sofisticação, separados por largas avenidas, contrapondo à beleza plástica das construções de plantas baixas, unidas, próximas, com becos, e teimando encobrir os morros , mas com a cor da terra sempre aparente em suas construções, da Alfavela.

Por volta da década de 70, aqui, aqui mesmo, eu, o escritor e contador de causos que com vocês proseia, fui pártícipe de um uma história muito interessante.

Trabalhando numa empresa, logo um bairro acima daqui, reuníamos os colegas aos sábados para batermos um bolinha, após a jornada de trabalho que se encerrava ao meio-dia. Pelada ia, pelada vinha, enquanto cerveja gelada entrava garganta sedenta abaixo, outra cerveja saía no canto do barranco abaixo. E assim, a tarde vinha.

O mais interessante está por vir. Neste local, de onde falamos, ficava um campo de futebol de várzea. Esta área era rebaixada um metro e meio da rodovia. Podíamos chutar bola com vontade que dificilmente ela ia parar na rodovia que ligava Belo Horizonte ao rio de Janeiro. Só que, quando chovia, não podíamos jogar pois a água ficava represada e aqui virava um lamaçal.

Como o terreno era mais comprido que largo, só de uma forma fazíamos o campo. De um lado havia um pé de goiaba que ninguém se atrevia apanhar suas frutas quando amadureciam e do outro, somente o barranco. Então o campo ficava assim: de um lado o barranco e do outro, o pé de goiaba.

Nós jogávamos a nossa pelada com um goleiro,só; pois ninguém quando seu time estava defendendo para o lado do pé de goiaba, queria ficar no gol.

Qual a razão?

O pé de goiaba tinha uma baita caixa de marimbondos, daquele tipo que parecia a bandeira do Brasil – larga em cima, onde se agarrava ao galho da goiabeira e estreita por baixo - e, ninguém se atrevia defender aquele gol, pois quando a bola batia neles, saíam feitos loucos a picar aquele que estivesse debaixo dos paus. Parecia que, para assistirem ao jogo de futebol, eles não se importavam; mas para levarem boladas nas costas; ah, isso eles não queriam!

Até nos faz lembrar daquela música: “(Goiaba) madura na beira da estrada, tá bichada, ou tem marimbondos no pé”.