Arranca toco com bexiga

A minha mãe, quando mandava abater um porco, já separava a bexiga para mim.

Bem próximo A minha casa havia um espaço, do qual fizemos um campinho; ali extravasávamos nossas energias jogando bola.

Pouca-a-pouco fomos ampliando essa área. Um roçado daqui, uma capina dali e o campo foi tomando “larguesa” e “encompridando”. Espelhávamos, no que vimos, quando bem menor, do meu pai – que era capitão da Mina de Morro Velho – tendo conseguido algumas máquinas de terraplenagem e construir, juntamente com seus amigos, o Estádio dos Eucalíptos, do Estrela Futebol Clube.

Um limão vinagreira, apanhado no pé e misturado com fubá, limpava a bexiga do porco e retirava o odor. Um talo de mamona era introduzido no início da tripa e ali eu assoprava até encher por completo seu interior. Uma picada no chão demonstrava se estava boa para chutar.

_ Apiiita o árbiiitro ! Como diz o narrador Milton Naves.

Bola em jogo ! Saíamos todos correndo atrás da bexiga - divididos em dois times - e arrancando toco que porventura tivesse ficado após a capina.

No intervalo do jogo, dividíamos em grupos e íamos para a casa de Lina de Sô Cartaxo, chamá-la. As frutas amarelinhas no pé eram uma tentação para nós.

Alguns de nós íamos solicitar da senhora, água para beber. Enquanto ela enchia o cantil de zinco e a bilha de barro, outros colegas, iam para o pé de mexerica, para o pé de araça e procurar algum cacho de bananas maduras que estava mais baixo.

De volta ao campinho, reiniciávamos a pelada e jogávamos até o horário de irmos para a escola.

Depois, mais tarde, passávamos um pouco de sebo na bexiga para protegê-la – como meus irmãos mais velhos faziam com suas chuteiras. No dia seguinte, talvez, carecesse de um novo assopro para preencher o espaço de ar.