Morrendo E Aprendendo

Na sala permaneciam:

A vó e sua predileta netinha,

Velando um moribundo,

Quando a vó pediu a menina:

- Filha, vai à cozinha,

Pede a sua mãe uma vela,

Algo para acendê-la,

E rápido traga-as para mim...

Num pé e no outro,

A menina estava de volta,

Com o solicitado pedido.

A vó no seu ritual costumeiro,

Acendeu a vela,

Colocou-a em lugar firme,

Que julgou próprio para tal,

E aconchegou-se de retorno,

No seu assento primeiro...

A menina na dúvida de iniciante,

Não se titubeou em perguntar:

- Vó, por que a senhora teve,

Que acender a vela para ele?...

Com a grande experiência na idade,

A vó, mansamente, respondeu:

Filha, quando uma pessoa,

Vai deixar este mundo,

Pode do outro lado,

Encontrar a escuridão...

Quando acesa, a vela,

Poderá iluminar novo caminho...

Luz de uma nova vida!...

Num repente!

O moribundo arregalou os olhos,

Levantou o corpo um pouco a frente,

Fitou-as, admirado!

Abriu os lábios e balbuciou:

- Morrendo e aprendendo!...

Arriou-se novamente,

Deu o último suspiro e finou...