Conheci o lobisomem

Dizia a minha mãe,que a gente é o que acredita ser.
Tive a mais bela infância que alguém pode ter.
Vivi grandes aventuras.
Coisas que o dinheiro não compra...
É hora de um causo!

'O homem lobisomem.'

Não era um homem que virava lobo não.
Aliás, era um senhor branco e meio careca
Era de pouca conversa.
Trabalhava na colheita e na maioria do tempo,
Parecia ser normal.

'Fazenda Boa Vista.'

Lugar encantado.
Povo de vida simples.
Com tempo de sobra pra contar causos...
Em noites de lua cheia
O pessoal da colônia se recolhiam cedo.
Vez em quando,ocorria ataques nos galinheiros.
Ninguém se atrevia enfrentar o tal bicho
Descreviam imagens fantasiosas.
"O lobisomem"
Então.
O homem careca que já descrevi.
Era o principal suspeito de ser a tal aberração.
Seu jeito calado.Apontava um segredo.
Se perdia no silencio.
Mesmo juntos dos outros trabalhadores da lida,viajava na solidão.
Não tinha familia,nem nada.
Nem bicho de estimação.

Pobre homem...
Sempre ferido.Arranhões por todo o rosto.
Unhas grandes e imundas.
Traços de desilusão.Ou ilusão.
Acreditem foi real.
Depois de uma noite de lua cheia
Acharam o homem caido e nu, com a boca cheia de penas.
Quase morto,ferido.
Adivinhem!
Um osso de costela crua de frango caipira entalou na barriga dele.
Quase foi dessa pra melhor.
O levaram pra cidade. Em tempo de se salvar.
Pobre homem.Foi da roça pro hospital,do hospital pro sanatório.
Pois dizia o tempo todo com a maior convicção.
Sou amaldiçoado sou o lobisomem.
E nunca mais o vimos.
E afinal.
Era mesmo um lobisomem,era homem animal.
Só não era cabeludo...







Ana Maria Cristina
Enviado por Ana Maria Cristina em 07/11/2010
Reeditado em 08/12/2010
Código do texto: T2601345
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