Porque..................

Tudo que me lembro daquela fatidica madrugada de sabado fora ser acordada pelo toque do telefone. Alguem do outro lado da linha se identificou sendo da emergencia do hospital, pedindo que eu fosse o mais rapido possivel para o pronto socorro. Um frio me percorreu a espinha, sai do apartamento de pijama e mal sei como dirigi ate o PS. Na recepcao fui atendida por uma recepcionista que me levou ate uma saleta. Nela aguardei por segundos que pareceram uma eternidade. Entao o medico chefe da equipe de emergencia adentrou a saleta e disse que houvera um acidente e meu numero estava em sua carteira, que o estado era critico e estavam fazendo o possivel para salva-lo. As lagrimas afloraram em minha face, o medo tomou conta do meu ser. Amparada pelo medico fui conduzida a cadeira. Mas levantei meio zonza e pedi para ve-lo, a principio ele se negou. Argumentou que voce estava na unidade de tratamento intensivo e nao seria possivel,mas tocado por meu desespero ou ciente da gravidade acabou cedendo. Entao fui levada a sala de emergencia, voce estava inerte, pele palida. Haviam feito uma traquitomia, seu coracao agora era monitorado por uma maquina. A dor arrebentou me e cai ao chao pedindo a Deus de joelhos que nao o levassem, que nao ceifassem nossos sonhos. A vasta cabeleira negra agora estava em volta de corativos, a face que tanto adorava acarinhar cheia de escoriacoes. Seus gemidos como se brigasse bravamente pelo direito de viver escoavam pelos corredores. Toquei sua pele acizentada e o beijei na testa, neste instante uma enfermeira pediu que eu saisse. Em lagrimas tentei ficar mas fora em vao. Do corredor observei os medicos com seus procedimentos checando suas condicoes vitais,de repente seu coracao parou. Entao um alarme sou, muitos medicos vieram tentar reanima-lo. Os vi com desfilador tentando animar seu coracao, uma, duas, tres, quatro vezes. Mas seu corpo nao respondeu, simplismente os espasmos do choque o chacoalhavam. Queria agarrar os medicos e dizer para continuar, dizer o quanto voce era corajoso, o quanto nao desistiria assim. Mas voce partiu numa fria manha de domingo. Me vi sozinha, respondendo perguntas as quais ate hoje nao me lembro. Vi os olhares de desconhecidos me fitando piedosamente. Tudo que me disseram sobre o acidente fora que um caminhao o jogara fora da estrada. Eu queria ter tido mais oportunidades de dizer-lhe o quanto o amava. Queria ter tido a oportunidade de ter sido menos dura com voce. Pois a saudade ainda me faz sofrer, me faz chorar. E tudo que ficara fora os bons momentos que vivenciamos juntos, fora sua alegria, seu geito corajoso de desafiar e sua docura.

CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 14/10/2006
Código do texto: T264617
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