O Caso do Médico do Pronto Socorro

Fala-se que certo reclamado – um médico do Pronto Socorro de Belo Horizonte - recebera do Juízo uma sentença ruim, totalmente “Procedente” e favorável à autora. A secretaria do referido doutor o trouxera à Justiça do Trabalho por não ter recebido o pagamento das verbas rescisórias de que se acreditava merecedora pelos muitos e muitos anos de serviços prestados na clínica particular daquele.

Por ausência de advogado ou desconhecimento acerca dos atos e prazos processuais, deixara o referido reclamado de interpor no momento oportuno o devido recurso ordinário para tentar reverter completa ou parcialmente no Tribunal a danosa situação daquela sentença de primeiro grau.

Dias depois, entretanto, dirigiu-se o homem ao balcão da Secretaria onde corria o seu processo. Viera com o objetivo de se informar se ainda haveria algo que pudesse fazer para dar novo rumo ao seu caso.

Ao ser informado, porém, de que o seu prazo recursal já transcorrera e que em seguida iria inevitavelmente iniciar-se a fase executória do seu processo, o médico se pôs muito nervoso e agitado.

Começou a debater e a discutir com o balconista acerca das “injustiças” e “crueldades” que são cometidas “todos os dias” contra os “bons cidadãos” pelos Poderes do Estado.

Então - depois de um longo e caloroso diálogo no qual pareceu ter ficado ainda mais transtornado - o reclamado levanta um dos dedos na direção do balconista e o ameaça efetivamente:

- Uma certeza vocês todos podem ter: rezem para que não venham a cair em dia ou horário do meu atendimento no Pronto Socorro. Rezem mesmo para que não venham a precisar de mim, pois se isto acontecer, não sei não: se for homem, eu “corto” – disse erguendo o dedo indicador da mão esquerda e imitando com a mão direita o gesto de cortar com uma faca uma cenoura ao meio – e se for mulher eu “costuro” de uma vez só.

Em seguida fez um arremedo de alinhavo com as duas mãos, virou as costas e desapareceu para sempre.

Graças a Deus, aliás!