EITA REZA BRABA!

Há muitos anos atrás, numa cidadezinha do interior do Brasil, havia uma mocinha muito bonita chamada Florisbela. Moça vaidosa, prendada, mas tinha um sério problema; Morria de medo de tratar dos dentes!

Na cidade havia um único dentista, Dr. Tibúrcio, exercendo a profissão há mais de quarenta anos. Às vezes confundia os dentes a serem tratados, e vez por outra um paciente reclamava indignado: “nera esse dente não, dotô! O sinhô distraiu o dente errado!”

Apesar de ter tanto medo, a vaidade em Florisbela falava mais alto, e para manter-se bela, enfrentava o terror, e uma vez por ano ela se submetia a um tratamento dentário.

Na noite anterior à consulta, Florisbela não dormia de tão nervosa. Ia ao banheiro três, quatro vezes, com uma caganeira de dar dó!

No dia seguinte, logo cedinho ela já estava pronta para o sacrifício, e ia pelo caminho rezando para que o Dr. Tibúrcio não a atendesse, que ficasse doente ou que faltasse material para o atendimento. Rezava vinte Ave Maria, trinta Pai Nosso e dez Salve Rainha!

Num desses dias Florisbela chegou cedo no consultório do Dr. Tibúrcio. Na acanhada sala de espera ainda não havia nenhum outro paciente. Florisbela viu que a sala de atendimento estava entreaberta, e ouviu vozes lá dentro. Resolveu se acomodar em uma pequena e desconfortável cadeira na sala de espera e aguardar que o paciente que deveria estar sendo atendido, saísse, e então ela entraria para o seu suplício.

Deu dez, deu quinze, deu vinte minutos e ninguém saía da sala de atendimento! Florisbela estranhou! O Dr. Tibúrcio nunca demorava tanto com um paciente! Ela começou a se remexer na cadeira e fazer algum barulho para ver se alguém sentia a sua presença e saía. Nada acontecia!

Florisbela resolveu dar uma brechada pela parte entreaberta da porta, e ver o que estava acontecendo lá dentro.

Primeiro esticou o pescoço e tentou ouvir as vozes que vinham lá de dentro. Foi quando percebeu que eram de um rádio transmitindo alguma programação.

Esticou mais ainda o pescoço e olhou para dentro da sala. Viu uma pessoa sentada na cadeira do dentista e mais ninguém! Ela resolveu entrar e perguntar pelo doutor. Para a sua surpresa, era ele quem estava sentado na cadeira e parecia dormir!

Florisbela chamou-o várias vezes, mas ele não respondia nem se mexia. Então ela decidiu tocá-lo mexendo em seu braço. Dr. Tibúrcio virou a cabeça tombando para o lado de Florisbela. Ele estava com os olhos esbugalhados e a boca aberta!

O doutor estava morto!!!

A mocinha deu um grito, e com o coração disparando, quase saindo pela goela, correu para fora do consultório, com as pernas bambas, e num misto de horror, pelo defunto, e satisfação, por não ter sido atendida, e um leve sentimento de culpa, repetia enquanto corria: “Meu Deus, não precisava ter matado o homem! Bastava uma dorzinha de barriga!!!!