A loira do mercado

A loira do mercado

Dia desses... Tava no mercado e num daqueles corredores, vi

uma loiraça! com um vestidinho preto... É impressão minha ou

ela estava me encarando... olhei novamente, ela pôs a mão na cintura

e sorriu. Não tinha mais ninguém naquele setor, alem de mim e a uns

dois passos minha mulher escolhendo o macarrão... Deduzi que ela olhava pra mim.

Bom, desencanei e a loira sumiu. Minha mulher foi ao banheiro

e eu fui pra fila do caixa, pra adiantar... Já na fila escutei:

- Psiu, "Nino"

Nino, nino... minha cabeça viajou pelo tempo...meu antigo apelido!

mas, essa voz... Virei, era a tal loira.

- Não ta me conhecendo?

Cheguei mais perto,mesmo assim não reconheci... Olhando assim de perto ela tinha um rosto esquisito, os olhos puxados...Nariz...nariz, sei-lá tinha alguma coisa estranha naquele nariz. Acho que era cirurgia plástica.

- Sou eu! "euzinha"

Realmente não estava reconhecendo...

- Carlos Eduardo!

Fiquei careta! meu coração disparou, um "tiozinho" que acompanhava a conversa virou pra frente e nunca mais desvirou...

- Edu, da sexta série!

Puts! lembrei...

- É... você ta diferente! – disse tentando disfarçar.

- To gostosa! não to?

- Sei-lá?

- Ainda não experimentou... como vai saber né?

Fiquei mudo, que roubada!

- Olha os meus peitos! são novinhos, pode por a mão...

E ficou naquele,"pega não pega" ela (ou ele?) puxando minha mão... Um grito ecoou pelo mercado ...

- "Tuco!"

Outra viagem pelo tempo, só que agora pro presente... e a voz inconfundível! minha mulher. Olhei pra frente,ela do outro lado do caixa me esperando com as mãos na cintura ( mau sinal) a fila tinha sumido,só a menina do caixa e uns dois moleques atrás de mim, acompanhando a "novelinha". Virei de novo para o "Edu"

- Bom, até mais...

Paguei a conta e sai ,sem olhar pra trás...

- É só eu virar as costas, você já se enrosca com uma vagabunda! –ela disse.

- Você não vai acreditar - resmunguei.

- Você tava pegando na mão dela?

- Claro que NÃO, inacreditável!

- Então era o que?

- Você não vai acreditar!

- Não vai acreditar, não vai acreditar... Me explica então!

- Era um amigo! do tempo de escola...

- Amigo!!!!

- Pois é , ele anda assim agora.

- Há! faça o favor, você já contou melhores...

Falei que não ia acreditar...