Sobreviventes...

Meu pai é um sobrevivente nesse mundo maluco em que vivemos.

Vou contar por que.

A 65 anos atrás, ainda no ventre de minha avó, se encontrava meu pai, com 6 meses de gestação, quando ao acaso da vida minha avó faleceu, e os médicos conseguiram salvar o meu pai.

Naquela época quem diria acreditar isso ser possível?

Se fosse hoje tudo bem, a medicina está bastante avançada, mais naquela época, fico admirada quando paro para pensar nisso.

Por esse motivo digo que meu pai é um sobrevivente.

Depois de sair do perigo que se encontrava em vida, quando recém nascido, teve que sobreviver a esse mundo sem família sem pai nem mãe.

Sem mãe porque ela morreu...

Sem pai porque ele se casou novamente e abandonou os seus filhos a própria sorte...

Mais enfim não posso julgar o que não conheço.

Leitores vocês conseguem imaginar o quanto ruim é viver nesse mundo sem poder contar com o apoio de pai e mãe, que coisa horrível?

É de novo a meu ver meu pai continua sendo um sobrevivente...

Depois ao longo da sua vida teve que continuar sendo um sobrevivente, ao descaso dos parentes, ao abandono do pai, sofrendo de muita solidão, carências, desilusão...

Isso durou até os seus 24 anos de idade, quando em sua vida entrou um anjo, minha mãe, que até hoje está firme e forte cuidando dele.

Acho que a única pessoa que conseguiu amar verdadeiramente meu pai nessa vida foi ela, a minha mãe.

Nem eu como filha tenho tão puro sentimento para com ele, apenas de gratidão

Se estiver certa ou errada não sei, só sei que minha consciência está tranqüila e não me sinto nem um pouco culpada e nem preocupada com isso.

Meu pai casou-se com minha mãe, e juntos deram a vida a cinco filhos, eu sou a mais velha dos cinco e muito grata pela oportunidade que eles me concederam ao direito de nascer nesse mundo.

Como o meu pai teve uma vida muito difícil isso refletiu na minha infância, até hoje carrego um trauma de desamor completo e absoluto, nunca, mais nunca mesmo me senti verdadeiramente amada por ele nem por ninguém de minha família.

Mais também fui uma sobrevivente a esse pequeno detalhe que faz toda uma diferença na vida da gente.

Não o culpo por absolutamente nada, cada um dá e é o que pode.

Somente tenho que agradecer a ele e minha mãe por terem me concedido o direito a vida, para que eu pudesse resgatar meus erros passados purificando a minha alma.

Hoje graças a Deus tenho a minha própria família.

Meus dois filhos lindos e amados, meus sangue.

Por eles eu sinto verdadeiro amor...

Por eles eu dou a minha vida...

E pela bondade divina, mesmo depois de ter vivido tantos dissabores, eu não perdi a coisa mais preciosa que considero dessa vida, A capacidade de AMAR!

Fatima Sansone
Enviado por Fatima Sansone em 21/02/2011
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