Assombração na serra gaúcha

Assombração na serra gaúcha

Todos estavam felizes com a viagem, há muito tempo que a família paulista, fazia suas economias para ir visitar a serra gaúcha, Sr Erasmo, Dona Dulce e seus dois filhos com as namoradas, iriam em dois carros para acomodar bem a família, as malas e as lembranças que trariam de lá.

A viagem foi tranqüila, dominada pela ansiedade de todos, o objetivo principal era ver uma geada, e se caísse um pouco de neve, seria melhor ainda, e a meteorologia estava anunciando períodos de frio, e todos estavam animados.

Chegaram à Nova Petrópolis no cair da noite, a cidade estava vazia, e a procura do hotel tornou-se um pouco mais difícil, as estradas estavam escuras, apesar de bem sinalizadas, e o nevoeiro tomava conta de tudo, Sr Erasmo, procurava alguém pelo caminho para pedir informações, de repente na estrada, viu um vulto de branco, que Sr Erasmo identificou como uma mulher piscou o farol alto e quando encostou o carro a mulher havia sumido, ele e Dona Dulce se entreolharam, os dois haviam visto a aparição, mas resolveram não fazer comentários com os filhos, poderiam achar que estavam variando...

Levaram quase uma hora pra encontrar o Hotel, mas acabaram achando e gostando do que viram, o lugar era aconchegante em um estilo colonial, o dono do estabelecimento, disse que se quisessem acordá-los-ia bem cedo para verem o visual da serra ao amanhecer, um presente pitoresco da natureza aos visitantes e moradores, todos foram dormir e descansar da longa viagem.

Um dos filhos de Sr. Erasmo, inquieto e com medo de perder a hora, decidiu ir até a sacada pra dar uma olhada se estava próximo o amanhecer, ao passar pelo corredor deserto a noite, ouviu passos e achou que sua namorada havia sentido sua falta e vindo atrás dele, se deparou com uma mulher de vestido branco longo, sorrindo e o chamando com as mãos, no final do corredor, quando iria falar com a mulher, cumprimentar pelo menos, o vulto simplesmente desapareceu diante de seus olhos... Ele esfregou os olhos, diante da aparição e tentou fixá-los, mas nada viu novamente, ficou nervoso e desconcertado, resolveu voltar ao quarto, mas não fez nenhum comentário sobre o tal vulto de branco.

A manhã chegou calma e silenciosa, uma tênue neblina, cobria a serra, e o majestoso amanhecer mostrou uma planície coberta de gelo, uma visão que a família levaria para sempre, o dono da pousada serviu um chocolate quente á todos que estavam na sacada, à temperatura estava em torno de dois graus, um frio de verdade, que deixava o frio de são Paulo um friozinho de nada.

Todos saíram para conhecer a cidade, os pontos turísticos, e ficaram encantado com tudo que viram, o romance estava no ar, conheceram Gramado, o principal destino turístico do Rio Grande do Sul, cidade beneficiada por uma série de fatores naturais. Em primeiro lugar a natureza, que alterna pinheiros com oceanos de hortênsias azuis e vermelhas, lembrando, talvez, algum recanto da floresta negra, na Alemanha.

Depois, o clima, um friozinho agradável e acolhedor, que permite a gente se vestir com aquele casaco gostoso e caminhar sem sentir os incômodos do calor excessivo.

E a família de Sr.Erasmo, amou o que viu, foram em chocolatarias, experimentaram fondues, compraram lembranças... Foram em Canelas e conheceram a cascata mais famosa da região, a véu de noiva, uma linda cascata com a altura de um prédio de 20 andares, quando voltaram á pousada no caminho pararam em um velho armazém local, aonde compraram licores, e souvenires, um velho que atendia no local estava fumando cachimbo perto de uma lareira, e ofereceu aos visitantes um pouco de chimarrão e de calor do fogo para que seguissem em frente, o velho era muito simpático e hospitaleiro, começou a contar histórias da região, histórias de um tempo em que nem ele mesmo era nascido, e os visitantes gostaram da conversa do velho, e ficaram, e as horas iam passando, quando deram por conta já havia anoitecido e um grande nevoeiro havia coberto a cidade, os visitantes decidiram se despedir e o velho disse para terem cuidado com as estradas, e com a mulher de branco.

Sr Erasmo, Dona Dulce e seu filho mais velho chegaram gelar com este assunto...

E o contador de histórias gaúcho, seguiu a prosa contando a história, dizia ele que era uma linda mulher, vestida de branco, que já havia causado muitos acidentes fatais ali na estrada, aparecendo e desaparecendo do nada em frente aos carros, alguns dizem que é uma alma penada que não sabe que já morreu, outros dizem que foi uma jovem assassinada que vaga pelo mundo sem rumo, dizem que ela anda por aquelas bandas gaúcha há muito tempo, uns dizem que o noivo a deixou na igreja, e ela saltou de noiva da cascata em Canelas e por isso a cascata recebeu o nome de véu de noiva, Os visitantes ficaram apavorados ao ouvir a história, os olhos encheram de lágrimas e os pelos do corpo se arrepiaram, o homem continuava a contar:

_Dizem que ela aparece á meia noite, mas na verdade ela não aparece, mas sim desaparece nessa hora, gosta de se aproximar dos homens solitários, principalmente nas mesas de bares noturnos, senta com eles e até os convida para que a leve pra casa, encantados com tanta beleza, todos aceitam o convite na hora, para ao lado de um muro alto e diz: É aqui que eu moro" É nesse momento que a pessoa se dá conta e percebe que ali é um cemitério, e quando vê ela já desapareceu, e o sino da igreja bate anunciando que é meia- noite.

Todos estavam estatelados com a história, dona Dulce fora criada na roça, e criou os filhos ensinando a respeitar as assombrações, mulas sem cabeça e tudo mais de história que os mais velhos falavam, a avó dela sempre dizia: ”Toda história por mais que tenha uma mentira tem um fundo de verdade” e o velho continuava com a história sobre a maldição da jovem:

_Outras vezes, ela surge nas estradas desertas, pedindo carona. Então pede ao motorista que a acompanhe até sua casa, e mais uma vez a pessoa só percebe quando já está no cemitério e ela diz com sua voz suave e encantadora” é aqui a minha casa, não quer entrar comigo pra me fazer companhia?”

A pessoa gela na hora, da cabeça aos pés, e vê-La desaparecer em sua frente e percebe que é meia noite.

Os visitantes não queriam ouvir mais nada, saíram do estabelecimento às pressas, no carro dona Dulce ia com o terço na mão orando cada hora para um santo diferente, Sr Erasmo, evitava olhar para o acostamento e o filho dele, enterrou a cabeça em um travesseiro e foi até a pousada assim, decidiram partir naquela mesma noite, depois da meia noite é claro, voltaram para são Paulo, lá o que assusta são só os redemoinhos de areia causados pelos sacis, mas a história da mulher de branco iria permanecer na cabeça de todos, na volta decidiram passar no armazém em que acharam o velho, se despedir e agradecer as informações chegaram ao local que estava fechado e havia um bilhete na porta com o endereço, resolveram ir até lá e se despedir do novo amigo gaúcho, quando pararam na frente do muro da casa, perceberam que estavam em frente ao cemitério...

Sr Erasmo deu marcha ré, e saiu correndo daquela cidade, só parava para abastecer, queria chegar logo em sua casa, e a volta foi tensa e silenciosa, quando avistaram sua residência, viram que estavam no melhor lugar do mundo, o mais seguro e que poderiam viajar á vontade que melhor que ali não tinha, quando seu Erasmo foi ajeitar o retrovisor lá na frente de sua casa, olhou pelo espelho e no banco de trás, lá estava ela...

Olhou nos olhos de Sr.Erasmo e disse:

_Quer me levar de volta até minha casa? Hahahahahahahaha.

Izabelle Valladares Mattos
Enviado por Izabelle Valladares Mattos em 23/02/2011
Código do texto: T2810692
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