OS PERIGOS DE UMA CAÇADA

Eram três amigos - Orlando, Jarbas e Nilson - quase que inseparáveis. Orlando e Jarbas eram médicos; Nilson era advogado. Os dois primeiros eram vidrados numa caçada. Nilson, não, era medroso. Entrar na mata, para ele, era apavorante.

Orlando e Jarbas todos os sábados, se motivos imperiosos não os impedissem, saiam para caçar. Tinham todos os petrechos necessários à execução do que mais gostavam de fazer, a caçada. Quando saiam levavam, sempre, um petreco, que se encarregava dos serviços mais pesados.

Era sábado. Ao raiar do dia, caminhonete adredemente preparada, apanharam um desocupado numa esquina qualquer, e pé na tábua. Depois de duas horas de viagem, chegaram a um local adequado para armarem as barracas, no alto de um morro.

Enquanto Jarbas e o ajudante ficaram descarregando a caminhonete e armando as barracas, Orlando foi até o córrego lavar as vasilhas.

A distância entre o local em que pararam e o córrego era de, mais ou menos, cem metros, em declive bastante acentuado, coberto por uma grama rala.

Orlando, absorto no seu trabalho de lavar as vasilias, em dado momento ouviu um pequeno barulho, vindo do outro lado do córrego. Suspendeu a cabeça e o pavor tomou conta do seu ser. Uma onça, que não tinha mais tamanho, do outro lado do córrego, olhava para ele e ele olhava para a onça. Olhos nos olhos. Preciso tomar uma atitude, murmurava ele. E tomou. Deixou as panelas e saiu a correr morro acima. Quando já havia subido uns cinqüenta metros, percebeu que a onça já estava bem próxima dele. Chegou a sentir na traseira o bafo quente da fera. Mas, quando se julgava perdido, a onça escorregou e Orlando ganhou terreno. A uns vinte metros da barraca, Orlando notou que a onça, mais uma vez, estava nos seus calcanhares, mas escorregou, como da outra feita. Foi quando Orlando gritou, bem alto, para que Jarbas o acudisse. Jarbas, de maneira rápida e precisa, apanhou a arma e desferiu um certeiro tiro na onça, que rolou morro abaixo, mortinha da silva.

Passado o sufoco, recomeçaram a arrumação, e, depois, partiram para a caçada.

No domingo, à tarde, voltaram para suas casas. E nesse mesmo Domingo, Orlando e Jarbas foram à casa do amigo Nilson. O objetivo era contar ao amigo a aventura por que passaram. Orlando tomou a palavra e contou, nos mínimos detalhes, o ocorrido. Terminada a narração, disse Nilson:

- Orlando, meu amigo, é esta a razão por que eu não gosto de caçar. Se tal acontecesse comigo, pode estar certo, eu teria me borrado todo.

- Meu amigo - disse-lhe Orlando - em que você pensa que a onça estava escorregando ?

levy pereira de menezes
Enviado por levy pereira de menezes em 03/11/2006
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