"TREM DE DOIDO"

Em outro causo abordei o surgimento da expressão “Trem bão” e outros relacionados com “trem”. Vamos ver agora a expressão “Trem de doido ”.

No século XIX, Barbacena – MG, abrigava o maior complexo de manicômio do Brasil. O Hospital Colônia de Barbacena, em seus dezesseis pavilhões acomodava mais 5000 leitos.

Pessoas, não só as tidas como loucas, mas também desprovidas de outras sortes, ali eram acolhidas para a exclusão da sociedade.

Um trem partindo de várias praças parava próximo aos pavilhões, para o desembarque dos loucos. Este comboio era chamado de “Trem de doido”. Ali as pessoas eram levadas para dentro dos muros e viviam confinadas num verdadeiro “campo de concentração”.

As maiores atrocidades eram praticadas aos internos por serem julgados como de grande periculosidade: o uso de correntes em seus pés e a falta de limpeza e higiene dos aposentos eram comuns.

Viverem acorrentados, segundo os coordenadores do Hospital se justificava, pois ali convivia “cada louco com sua mania”.

Pessoas que por lá passaram, contam de um tal chá era servido a zero-hora. Pela manhã havia uma grande mortandade de pessoas amontoadas pelos coredores afora.

Graças a Deus que, tempos se passaram e a psiquiatria vem desenvolvendo o sentido de que esses pacientes devem ser inclusos e não excluídos da sociedade.

O magistral Guimarâes Rosa em seu livro “Primeiras estórias”, narra a história de “Sorôco, sua mãe, sua filha”. Sua mãe, sua filha eram os únicos parentes de Sorôco e acomedidos pela loucura. Ele os levou para tratamento em Barbacena. Com o desenrolar dos fatos, Sôroco começa a observar a necessidade da inclusão de seus dois parentes, já no século XX.

Guimarães rosa que além de escritor era médico, fizera atendimento em Barabacena.

Os moradores de Barbacena usando a velha máxima de que, “de médico e louco todo mundo tem um pouco” passaram a promover festivais sobre o tema. Já está em várias edições o “Festival da Loucura de Barbacena”, com atrações científicas e culturais.

Para nossa satisfação, militantes trabalham pela luta antimanicomial. Dezoito de maio é o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.