O Furado das Éguas

Nas primeiras décadas do século XX, nos tempos dos meus bisavós, Raimundo Nonato do Prado, meu bisavô, abriu uma clareira no meio da mata virgem, na região de Vitória da Conquista. Estas clareiras eram denominadas pelos colonos de "furados" e este aberto pelo meu bisavô, ficou conhecido por "furado das éguas", pois lá se criavam muitas éguas.

Tempos depois, já nos dias dos meus avós, José Domingos (do Prado) Correia, meu avô paterno, fazendeiro do local, atraiu muitos agregados e familiares para o "furado", e pelas necessidades dos colonos ele abriu uma "venda", uma mercearia que vendia de tudo: alimentos, bebidas, ferramentas, insumos, medicamentos, fumo de rolo, querosene, etc.

O local prosperava e logo se transformou num Arraial, que continuava sendo conhecido como Furado das Éguas. Meu avô, que não gostava de ser chamado de furadense das éguas, resolveu mudar o nome do lugar para Pradoso, em virtude da maioria dos cidadãos serem da família Prado. Sendo assim, reuniu o povo na praça, em fernte à sua mercearia para passar a novidade. Então disse:

_Meus conterrâneos! Doravante o nosso rincão será conhecido como Pradoso, pois o antigo nome mais parece um "palavrão" e não podemos mais aceitar isso.

E assim passou a doutrinar aquele povo caipira, analfabeto e simplório para que se mudasse o costume de Furado das Éguas para Pradoso, o que foi uma tarefa muito difícil.

Certa feita, numa das suas viagens a Vitória da Conquista para trazer suprimentos para sua venda, meu avô encontra um conterrâneo, que estava aflito por não poder voltar para casa naquele dia, lhe pediu um favor de mandar um recado para sua família:

_"Ô MIngo! Diz pra minha muié qui ieu só vorto aminhã lá pru Furadi"

_Ô Juca! Você não sabe que o nome agora è Pradoso!! Droga!

_"Ô Mingo! Num se zanga não! Nóis sabe qui é Padrozi mai nóis fala é Furadi mess..."

Passaram-se ainda algumas décadas para que as novas gerações viessem a chamar o arraial pelo nome de Pradoso, como hoje já é conhecido, registrado e reconhecido, mas, meu avô não viveu para ver isso...

Valdívio de Oliveira Correia Junior, 28/06/2011