ROUPA AMARROTADA

               Emengarda vira e mexe barulha a cabeça de seu amado. Pôr qualquer motivo ou contrariedade enciúma-se e a sua reação tem assinatura própria. 

               Se o coitado vai sair da garagem, bem vou explicando em frente o portão existe um ponto de ônibus. Coincidentemente ou não quando ele sai com ela ao lado e se tem passageiros ela entra em estágio de crise: 

           - Você está olhando para elas velho safado...

E se não tem ninguém ela arremata: 

           - Mas que ontem você olhou, olhou...           

A conclusão da estória e sempre a mesma.

          Ao voltar para casa corre ao armário do casal pega as roupas deles que acabaram de ser passadas e joga fora. Primeiro jogava pela primeira janela aberta, mas agora que lá foi inteligentemente colocada uma grade, ela a joga para o lado mais fácil.

           Depois de ânimos acalmados, as roupas voltam devagarinho peça pôr peça, todas elas amarrotados, principalmente as camisas de linho puro quando bem passada é uma belezura. As roupas ficam ali guardadas até a próxima crise, três a quatro dias no máximo.

Crise é crise e roupa no mato.             

Não é que de tanto repetir esse fato que o marido resolve comprar para o uso das roupas dele um guarda-roupa. Imaginem o que aconteceu quando ela percebeu o ocorrido e não tinha mais roupas individuais para serem jogadas foras, ela encheu sacolas com endredons e lençóis mandando-lhe junto um recado:

        - Agora é pra valer estamos separados... 

            Goiânia, 19 de julho de 2011.     - 

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 19/07/2011
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T3104154
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.